Mercado de arte contemporânea com queda de 27% nas vendas
O valor total das cinco obras contemporâneas mais valiosas vendidas em leilão desceu 19%, passando de 228 milhões de dólares em 2023 para 181 milhões em 2024.
O mercado internacional de arte contemporânea sofreu uma quebra acentuada nas vendas em 2024, com redução de 27% nos valores totais em leilão e de 19% nas cinco obras mais valiosas, segundo um relatório divulgado esta segunda-feira.
O Relatório de Arte Contemporânea 2025 (HAT 100) foi realizado com base num estudo da seguradora internacional Hiscox, especializada em arte e grandes patrimónios, em parceria com a ArtTactic, plataforma de análise de mercado, responsável pela recolha e tratamento dos dados.
De acordo com as conclusões do estudo, a quebra global de 27% no valor das vendas em leilão em 2024, face ao ano anterior, reflete uma tendência generalizada de abrandamento do mercado. O estudo indica que também o valor total das cinco obras contemporâneas mais valiosas vendidas em leilão desceu 19%, passando de 228 milhões de dólares (cerca de 194 milhões de euros) em 2023 para 181 milhões (cerca de 154 milhões de euros) em 2024.
A obra de arte mais valiosa do ano foi “Ria, Naked Portrait”, de Lucian Freud, vendida por 13 milhões de dólares (cerca de 11 milhões de euros) em Londres, seguida por “I Want to See the Bright Lights Tonight”, de Yoshitomo Nara, arrematada por 10,3 milhões de dólares (quase nove milhões de euros) em Hong Kong.
Em terceiro lugar surge François-Xavier Lalanne, com a peça “Troupeau d’Eléphants dans les Arbres”, que alcançou 10 milhões de dólares, em Nova Iorque, à frente de Jeff Koons, cuja escultura “Balloon Monkey (Blue)” foi vendida em Londres por 8,2 milhões de dólares (cerca de sete milhões de euros).
A fechar o top 5 de 2024, segundo o relatório, está o artista Kerry James Marshall, com “Vignette #6”, de 2005, vendida por 6,5 milhões de dólares (5,5 milhões de euros), também em Nova Iorque, confirmando a importância das praças leiloeiras mais relevantes.
O relatório da Hiscox lembra os resultados de 2023, quando Cy Twombly liderou a lista com “Untitled (Bacchus 1st Version II)”, vendido por 17 milhões de dólares (14,4 milhões de euros), seguido por duas obras de David Hockney e uma de Yoshitomo Nara com “Early Blossom, Woldgate” e “The Gate”, vendidos por 16,5 e 12,4 milhões de dólares, respetivamente.
No que diz respeito aos artistas com maior volume de vendas acumulado, o estudo aponta igualmente uma queda de 27% nas receitas dos cinco nomes do topo do ranking HAT 100, passando de 66,2 milhões de dólares (56 milhões de euros) em 2023 para 48 milhões de dólares (quase 41 milhões de euros) em 2024.
Apesar da quebra, a artista japonesa Yayoi Kusama mantém a liderança pelo segundo ano consecutivo, com vendas no valor de 58,7 milhões de dólares (56 milhões de euros), embora em queda face aos 80,9 milhões registados no ano anterior (quase 69 milhões de euros).
Em ascensão está o artista francês François-Xavier Lalanne, que subiu da 34.ª posição em 2023 para o 2.º lugar, totalizando 52,8 milhões de dólares em vendas (quase 45 milhões de euros), um crescimento exponencial, sublinha o estudo, face aos apenas seis milhões de dólares (cinco milhões de euros) registados em 2023.
George Condo também melhorou a sua posição no ranking e ocupa agora o terceiro lugar, com um total de 27,7 milhões (cerca de 23 milhões de euros), ultrapassando Yoshitomo Nara, que desce para a 4.ª posição, com 26,2 milhões de dólares (22 milhões de euros) em vendas.
A fechar o top 5 surge Richard Prince, com 15,3 milhões de dólares (12,7 milhões de euros), subindo várias posições face ao ano anterior, quando ocupava o 13.º lugar. O relatório destaca ainda o domínio persistente dos artistas norte-americanos e europeus, que representam respetivamente 43% e 36% do total da lista HAT 100, reforçando o peso destes mercados no panorama internacional.
As restantes regiões, como Ásia e Austrália (14%), África (4%), América Latina (2%) e Médio Oriente e Norte de África (1%), mantêm representações mais reduzidas no conjunto das 100 posições analisadas pelo estudo. O relatório sublinha o crescente interesse por obras com valores mais moderados, em vez das grandes vendas milionárias que habitualmente dominavam o setor, o que poderá sinalizar uma mudança estrutural no perfil de compra.
O estudo baseia-se numa análise às vendas de mais de 36.800 lotes de obras de arte pertencentes a mais de 5.000 artistas contemporâneos cujas obras foram leiloadas entre 2018 e 2024 em quatro grandes cidades — Nova Iorque, Londres, Hong Kong e Paris.
Foram consideradas apenas obras de arte originais – excluindo gravuras – criadas depois do ano 2000 e vendidas em três das principais casas de leilões internacionais: Christie’s, Sotheby’s e Phillips.
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