Economistas acreditam em recuperação do PIB no segundo trimestre, mas meta anual está em risco

PIB contraiu 0,5% em cadeia no início do ano. Economistas preveem uma recuperação no segundo trimestre, entre 0,2% e 0,7%. Porém, insuficiente para dar força ao objetivo de 2,4% na totalidade de 2025.

A economia portuguesa deverá ter recuperado no segundo trimestre, após um arranque abaixo do esperado no início do ano. É pelo menos esta a convicção dos economistas que apontam para um crescimento homólogo do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1,4% e 1,8% e em cadeia entre 0,2% e 0,7% entre abril e junho. Contudo, a fazer fé nestas previsões a meta anual de 2,4% do Governo poderá estar em risco.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta quarta-feira a estimativa rápida do desempenho da economia no segundo trimestre, depois de uma contração em cadeia de 0,5% nos primeiros três meses do ano, a que correspondeu uma taxa homóloga de 1,6%.

A puxar pelo crescimento no segundo trimestre deverão estar o consumo, o investimento e as exportações, de acordo com as notas dos economistas. “A procura interna terá acelerado no segundo trimestre, quando comparada a atividade com o trimestre anterior, beneficiando de comportamentos favoráveis da parte do consumo privado e da formação bruta de capital fixo”, refere a equipa do Millennium bcp, que aponta para um crescimento homólogo do PIB de 1,7% e de 0,5% em cadeia.

Os economistas do bcp realçam ainda que a procura externa deverá apresentar-se menos penalizadora no segundo trimestre, registando-se uma aceleração das exportações face ao trimestre anterior. Esta não é contudo a estimativa mais otimista. Esse lugar pertence ao Católica-Lisbon Forecasting Lab (NECEP), que prevê uma expansão de 1,9% face ao mesmo período do ano passado e de 0,6% em cadeia.

Por sua vez, o CIP/ISEG aponta para uma taxa homóloga de 1,8% e em cadeia de 0,6%. Segundo o barómetro de julho, em termos das componentes da procura, “perspetiva-se uma recuperação da procura externa líquida e uma aceleração do contributo da procura interna para a variação em cadeia do PIB”.

“O consumo privado, sustentado no bom desempenho do setor do comércio a retalho e dos serviços, deverá crescer em cadeia, beneficiando de um mercado de trabalho estável e resiliente”, indica.

O Fórum para a Competitividade – que prevê um aumento homólogo do PIB entre 1,4% e 1,7% e em cadeia entre 0,2% e 0,5% – destaca, contudo, que o consumo privado terá voltado a crescer no segundo trimestre, mas não tanto como os 0,8% registados no trimestre homólogo de 2024, de que terá resultado uma nova desaceleração homóloga.

Os economistas do Fórum assinalam ainda o efeito do “apagão de 28 de Abril, que terá tido um impacto significativo no próprio dia, mas que terá sido substancialmente compensado nos dias e semanas seguintes, devendo traduzir-se numa perda modesta, entre 0,1% e 0,2% do PIB trimestral”.

Já o Banco de Portugal prevê um crescimento em cadeia de 0,4%, associado à recuperação do investimento e das exportações. “Em particular, as exportações de bens deverão beneficiar de uma retoma da fabricação automóvel”, explica o regulador bancário no último boletim económico, acrescentando que se espera uma “evolução contida do consumo atendendo ao impacto dos menores reembolsos do IRS e à redução da confiança dos consumidores”.

Perante o desempenho registado no primeiro trimestre, de acordo com cálculos do ECO (com base nos dados do INE a preços de mercado e ajustados de sazonalidade), a economia terá de crescer cerca de 3% entre abril e dezembro para alcançar a meta anual de 2,4% projetada pelo Ministério das Finanças, no Relatório de Progressos do Plano Orçamento de Médio Prazo enviado a Bruxelas, e pela Aliança Democrática (AD) no seu programa eleitoral.

Significa isto que, em média, o PIB terá de avançar perto de 1% em cadeia em cada um dos trimestres que se seguem. O que, a concretizarem-se as estimativas dos economistas, não deverá ter ocorrido entre abril e junho.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, defendeu esta terça-feira que “a economia portuguesa, pese embora a incerteza e choques geopolíticos e económicos dos últimos anos, tem demonstrado dinamismo significativo”.

Continuamos confiantes que possa crescer 2%, apesar de o primeiro trimestre ter tido um número algo dececionante, mas com fatores pontuais nesse trimestre. Continuamos confiantes de que a economia já esta a acelerar e vai continuar acelerar até final do ano”, disse durante uma intervenção na iniciativa Encontro Fora da Caixa, organizada pela Caixa Geral de Depósitos.

(Notícia atualizada às 18h24 com as declarações do ministro das Finanças)

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