Taxa de juro dos Certificados de Aforro cai para menos de 2% pela primeira vez em quase três anos
A remuneração base dos Certificados de Aforro volta a baixar pelo quinto mês consecutivo. Em agosto, as novas subscrições vão pagar 1,987%. É o valor mais baixo desde setembro de 2022.
A taxa de juro base dos Certificados de Aforro vai descer pelo quinto mês seguido, fixando-se em 1,9871% para as novas subscrições em agosto, segundo cálculos do ECO. Trata-se da primeira vez que a taxa fica abaixo dos 2% da Série F (que começou a ser comercializada em junho de 2023) e a primeira vez que regista um valor abaixo desta linha desde setembro de 2022.
Esta descida representa a continuação de uma tendência que começou em abril, quebrando com o período dourado que os aforradores viveram desde março de 2023, quando os Certificados de Aforro apresentavam sistematicamente a taxa base máxima permitida por lei — que era de 3,5% na Série E e depois 2,5% na Série F, a série atualmente em comercialização.
A deterioração da remuneração destes títulos de dívida do Estado desenhados para o retalho reflete diretamente a queda da taxa Euribor a três meses, que serve de indexante para o cálculo da taxa base dos Certificados de Aforro, que ao longo do mês de julho apresentou em 65% dos dias taxas abaixo dos 2%.
powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.
Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.
A taxa de juro dos Certificados de Aforro da Série F é determinada mensalmente no antepenúltimo dia útil do mês, para vigorar durante o mês seguinte, através da média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores. O resultado é arredondado à terceira casa decimal e não pode ser superior a 2,5% nem inferior a 0%.
À taxa base soma-se o prémio de permanência, que varia consoante o período de aplicação: 0,25% do segundo ao quinto ano; 0,50% do sexto ao nono ano; 1% no décimo e décimo primeiro ano; 1,50% no décimo segundo e décimo terceiro ano; e 1,75% no décimo quarto e décimo quinto ano.
Apesar da deterioração da remuneração, os Certificados de Aforro continuam a atrair aforradores, embora a um ritmo mais moderado. Em junho, captaram 319 milhões de euros em subscrições líquidas de resgates, o valor mais baixo do ano.
A descida da taxa base dos Certificados de Aforro espelha a trajetória descendente da Euribor a três meses. Esta taxa de referência tem protagonizado uma queda acelerada, passando de valores próximos dos 3,9% em abril do ano passado para os atuais níveis abaixo dos 2%.
Ao longo do mês de julho, em quase dois terços dos dias a Euribor a três meses apresentou taxas abaixo do limiar dos 2%, atingindo o valor mais elevado a 15 de julho (2,046%) e o valor mínimo de 1,937% a 3 de julho – curiosamente valores que não interferiram no cálculo da taxa base dos Certificados de Aforro. Esta descida reflete a política monetária do Banco Central Europeu (BCE), marcada pelos cortes sucessivos das taxas diretoras ao longo do último ano, que teve na semana passada o anúncio de uma pausa deste ciclo.
Apesar da deterioração da remuneração, os Certificados de Aforro continuam a atrair aforradores, embora a um ritmo mais moderado. Em junho, captaram 319 milhões de euros em subscrições líquidas de resgates, o valor mais baixo do ano e o terceiro mês consecutivo de abrandamento. Mesmo assim, o montante total aplicado atingiu um novo recorde de 37,82 mil milhões de euros no final de junho.
A resiliência da procura explica-se, em parte, pela vantagem competitiva que os Certificados de Aforro mantêm face aos depósitos bancários. Os últimos dados do Banco de Portugal referentes a maio, mostram que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo se situa nos 1,49%, ficando abaixo da remuneração oferecida pelos Certificados de Aforro, mesmo com a descida da taxa de juro para os níveis atuais.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Taxa de juro dos Certificados de Aforro cai para menos de 2% pela primeira vez em quase três anos
{{ noCommentsLabel }}