12% das mulheres em Espanha sofrem de vaginismo, uma disfunção que pode dificultar a gravidez

  • Servimedia
  • 4 Agosto 2025

«A maioria dos casos não se deve apenas a uma causa física, mas está muito ligada ao estado emocional da mulher», explicou a médica e diretora médica da IVI Mallorca, Clara Colomé.

Dor durante as relações sexuais, sensação de ardor ou comichão, ou desconforto intenso durante exames ginecológicos são sintomas que muitas mulheres sofrem em silêncio, assumindo-os como normais. No entanto, eles podem estar relacionados a uma disfunção sexual chamada vaginismo, uma condição que afeta 12% das mulheres em Espanha, de acordo com dados da Sociedade Espanhola de Medicina Geral (SEMG).

O vaginismo manifesta-se como uma contração involuntária dos músculos do pavimento pélvico que rodeiam a vagina, o que pode dificultar ou impedir a penetração vaginal. Isto não significa que a mulher não possa excitar-se ou sentir prazer, mas limita as relações sexuais com penetração, o que, por sua vez, pode dificultar a conceção por via natural.

Fatores como ansiedade, experiências sexuais negativas, traumas, baixa autoestima ou desconhecimento do corpo feminino estão entre as causas mais comuns. Embora menos frequentes, também existem causas físicas, como infeções, inflamações, rigidez do hímen ou alterações hormonais.

Existem dois tipos principais: o vaginismo primário, que ocorre em mulheres que nunca conseguiram manter relações sexuais com penetração, e o vaginismo secundário, que aparece após ter mantido relações sem problemas no passado.

Muitas vezes, os sintomas dessa disfunção são minimizados pelo ambiente ou até mesmo pelas próprias mulheres que sofrem com ela, o que atrasa o diagnóstico e o acesso a um tratamento adequado. Esse desconhecimento e falta de visibilidade fazem com que muitas mulheres sintam vergonha ou culpa, o que aumenta o impacto psicológico e emocional do vaginismo. Por isso, quebrar o silêncio em torno dessa condição torna-se uma questão de saúde pública.

Os sintomas podem variar de acordo com o grau de tensão muscular e o contexto emocional. Algumas mulheres sentem um leve desconforto e outras podem sentir espasmos intensos na região pélvica, nas pernas ou até mesmo na região lombar. Além da dor física, o vaginismo pode gerar ansiedade antecipada antes do contacto íntimo, o que afeta a libido e a qualidade de vida sexual e emocional da paciente.

O tratamento do vaginismo requer uma abordagem integral, combinando cuidados ginecológicos e psicológicos. As terapias incluem fisioterapia do pavimento pélvico, terapia cognitivo-comportamental, o uso progressivo de dilatadores vaginais e, em alguns casos, intervenções psicológicas personalizadas. Além disso, a comunicação aberta com o parceiro é fundamental durante o processo terapêutico.

Apesar das dificuldades, muitas mulheres conseguem superar o vaginismo e recuperar a sua vida sexual com normalidade. Para aquelas que não conseguem completamente, as técnicas de reprodução assistida — como a inseminação artificial ou a fertilização in vitro — oferecem alternativas viáveis para conseguir uma gravidez. «Sofrer de vaginismo não é incompatível com a maternidade. Com uma abordagem adequada e personalizada, é possível realizar o desejo de ser mãe”, concluiu a Dra. Colomé.

O apoio profissional é fundamental, mas também o é a empatia do ambiente. Nesse processo, o acompanhamento adequado pode fazer uma grande diferença na evolução do tratamento.

Visibilizar o vaginismo é o primeiro passo para quebrar tabus, normalizar o acesso à ajuda profissional e melhorar a saúde sexual e reprodutiva de milhares de mulheres.

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