BRANDS' TRABALHO As regras do jogo mudaram e é preciso alterar a tática
Ricardo Carneiro, Diretor de Recrutamento e Seleção Especializado na Multipessoal, fala da transformação que está em marcha, com novas prioridades para as organizações. "Já não há ponto de retorno".
Volvidos dois anos de mudanças, reinvenções e ajustes, falar simplesmente em adaptação é, hoje, uma visão bastante acanhada e obsoleta daquela que é a realidade atual do mercado de trabalho. Assumamos os factos: transitamos para um momento de transformação, de reestruturação mais sustentada e mais profunda. Novos modelos de trabalho, novos hábitos e rotinas e, acima de tudo, novas preocupações e prioridades manifestam-se agora como algo permanente e, inevitavelmente, algo que as organizações não podem ignorar. Já não há ponto de retorno.
A inversão das dinâmicas de poder é, possivelmente, um dos elementos-chave nesta nova era: num mercado marcadamente candidate-driven, a balança pende para o lado dos profissionais, e os desafios ao nível da atração e retenção de talento emergem como a grande preocupação por parte dos empregadores.
Ainda que muitas empresas manifestem a vontade de voltar ao “normal” e recuperar os modelos e estruturas pré-pandémicos, a questão há muito que deixou de ser tão simples. Lembram-se da lógica hierárquica estilo command and control? Também ficou lá para trás. Os novos tempos transformaram-na em algo como listen and take action.
Nunca a afirmação “os negócios são feitos de pessoas” teve tanta importância. Hoje, é imperativo que sirva de mantra às lideranças e que esteja na base de qualquer estratégia empresarial, independentemente do setor de atividade ou da dimensão da organização. Dos departamentos de recursos humanos à gestão de topo, é preciso desenvolver a consciência de que as pessoas não são um tema circunstancial, mas sim um tema para o presente e para o futuro.
"Quando falamos em transformação, falamos, antes de mais, da cultura e dos valores das organizações; falamos de trocar verbos como “controlar” ou “chefiar” por ações como “acompanhar”, “formar” e “mentorear””
Em termos práticos, é fundamental compreender que o trabalho de recrutamento não se esgota no onboarding de um colaborador e deve ser entendido como um processo contínuo e a longo prazo, transversal às várias áreas e estruturas que compõem a empresa.
As lideranças devem interiorizar que o esforço está na atração permanente para criar relações duradouras que potenciem lealdade, satisfação e um compromisso sustentável. Quando falamos em transformação, falamos, antes de mais, da cultura e dos valores das organizações; falamos de trocar verbos como “controlar” ou “chefiar” por ações como “acompanhar”, “formar” e “mentorear”. Da mesma forma, não podemos esquecer que o talento tem, hoje, uma nova voz – muito mais clara, esclarecida, consciente e assertiva. Ignorar esta voz é, porventura, tão contraproducente como ignorar a voz dos clientes ou parceiros de negócio.
Ora, as empresas têm aqui, simultaneamente, um desafio e uma oportunidade: podem optar pela abordagem aparentemente mais fácil e voltar a impor os modelos e metodologias tradicionais de trabalho, ou aproveitar para desafiar esse status quo e tirar partido das aprendizagens conquistadas nos últimos anos para repensar e otimizar a relação que têm com as suas pessoas. Por esta altura, penso que é fácil antever qual das opções terá melhor retorno…
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