Coface vê risco político a piorar e efeitos da guerra a prolongarem-se 2023 em diante
Seguradora de crédito reuniu uma centena de empresários e especialistas de risco em Lisboa. Com volatilidade e incerteza no horizonte, empresas devem proteger-se contra risco de incumprimentos, avisa.
A Coface reviu em alta a estimativa sobre as implicações do conflito para a economia global em cerca de um ponto percentual até 2022. No entanto, as consequências do conflito (na Ucrânia) “tornar-se-ão mais evidentes a partir do segundo semestre do ano e materializar-se-ão ainda mais de 2023 em diante”.
Referência internacional em seguro de crédito e exportação, a empresa reuniu cerca de 100 empresários, em Lisboa, na sua habitual Conferência Risco País, um evento onde especialistas em análise económica e risco país partilharam as suas opiniões sobre a situação económica atual, “na perspetiva de criar estratégias internacionais que proporcionem às empresas novas oportunidades no estrangeiro, ao mesmo tempo que se protegem contra possíveis situações de incumprimento“.
O risco político, que tinha aumentado significativamente a nível mundial com a pandemia, “é acrescido pelo aumento dos preços dos alimentos e da energia”. O papel significativo da Rússia e da Ucrânia na produção de bens básicos, juntamente com os receios de dificuldades de abastecimento, desencadearam aumento de preços que levaram a queda dos rendimentos disponíveis das famílias e, consequentemente, do consumo, afirma a seguradora.
Bruno Fernandes, Head of Macroeconomics da Coface, salienta: “Nenhuma região escapará incólume às consequências económicas do conflito, e após os sucessivos choques de 2020, a perceção da Coface permanece a mesma: o mundo mudou e nada voltará a ser o mesmo. Para além das economias da Europa Central e Oriental, que têm importantes laços económicos com a Rússia, os países da Europa Ocidental são os mais expostos devido à sua forte dependência dos combustíveis fósseis russos. A Alemanha e a Itália são suscetíveis de ser afetadas pela sua dependência do gás russo. No resto da Europa o impacto deverá ser mais fraco, mas ainda significativo”.
Neste contexto, “a volatilidade e a incerteza serão fatores importantes nas decisões de investimento das empresas, cuja situação financeira se deteriorará significativamente se os custos de produção permanecerem elevados ou continuarem a aumentar”. Do outro lado do Atlântico, o impacto no crescimento “deve ser reduzido, dada a sua limitada exposição comercial e financeira à Rússia e à Ucrânia”, acrescenta a Coface.
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