Economia portuguesa menos competitiva desde saída da troika
Portugal desce seis lugares no ranking de competitividade do instituto suíço IMD. Política fiscal e práticas de gestão empresarial são os piores indicadores e atiram país para o 42.º lugar.
Desde 2014 que a economia portuguesa não era tão pouco competitiva. Portugal caiu para o 42.º lugar do ranking de competitividade do instituto suíço IMD. A política fiscal e as práticas de gestão empresarial justificam a queda de seis posições na tabela e colocam o país com o pior desempenho desde a saída da troika.
A interrupção do percurso de subidas de 2020 e de 2021 “deriva de tendências negativas nas medidas relacionadas com a economia nacional e o investimento internacional”, assinala José Caballero, economista sénior do centro mundial para a competitividade (WCC, na sigla original).
“Na eficiência do Governo e das empresas, o país experimenta um declínio em algumas das medidas relevantes, tais como a sua classificação de crédito, a eficácia da sua burocracia e os indicadores de atração e retenção de talentos, onde apresenta declínios relativamente acentuados. Do mesmo modo, na infraestrutura tecnológica, o país sofre uma queda abrupta”, detalha o mesmo especialista.
Portugal perdeu posições nos quatro indicadores-chave do estudo: desempenho económico (desce da 43.ª para a 46.ª posição), eficiência governativa (38.ª para 43.ª), eficiência empresarial (38.ª para 42.ª) e infraestruturas (27.ª para 30.ª).
Fraquezas e forças
Entre os indicadores-chave, a economia portuguesa destaca-se, pela negativa, na política fiscal e nas práticas de gestão empresarial. Nestes fatores, o país fica na posição 56 entre 63 economias avaliadas. Na economia doméstica e nas finanças públicas, a economia nacional ocupa os lugares 52 e 50, respetivamente.
O maior agravamento da competitividade deu-se no crescimento da força de trabalho, perda de população, receitas do turismo, estabilidade cambial e exportações concentradas por produto.
Na eficiência do governo e das empresas, o país experimenta um declínio em algumas das medidas relevantes, tais como a sua classificação de crédito, a eficácia da sua burocracia e os indicadores de atração e retenção de talentos, onde apresenta declínios relativamente acentuados. Do mesmo modo, na infraestrutura tecnológica, o país sofre uma queda abrupta.
O melhor desempenho de Portugal regista-se no contexto social (20.º lugar), contexto de saúde e ambiente (23.º lugar), educação (26.º lugar) e infraestruturas científicas (28.º lugar). As principais melhorias ocorreram no crescimento do investimento e do Produto Interno Bruto, défice, exportações de serviços, e mobilidade interna dos estudantes.
Os cinco fatores mais atrativos na economia portuguesa são a força de trabalho qualificada, a resistência das infraestruturas, o custo de competitividade, as atitudes abertas e positivas e a previsibilidade e estabilidade política.
Receitas para melhorar
O estudo do IMD também receita várias medidas para a economia portuguesa voltar a ser mais competitiva, como a garantia de crescimento sustentável do PIB e a promoção de estratégias nacionais que visem reforçar a transição digital e energética, a literacia financeira, o empreendedorismo e as competências, de forma a melhorar a qualidade da gestão e a competitividade das empresas.
Ao mesmo tempo, os autores alertam para a importância de um nível sustentável de dívida pública “dado o esperado aumento das taxas de juro” e a necessidade de adotar reformas na Justiça, Saúde, Educação e Segurança Social. Os economistas defendem ainda um acordo interpartidário sobre estratégias para fazer face a questões demográficas urgentes como o envelhecimento, a baixa taxa de natalidade e a migração.
A nível global, a Dinamarca lidera pela primeira vez o ranking, seguida da Suíça, Singapura, Suécia e Hong Kong. O estudo deste ano excluiu a Rússia e a Ucrânia por limitações na recolha de dados.
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