Temido sem novas respostas à crise no SNS
A ministra da Saúde foi chamada de urgência ao Parlamento, mas não tinha nada para dizer além de defender o plano de contingência apresentado aos sindicatos e já recusado.
A ministra da Saúde foi chamada ao Parlamento, com caráter de urgência, para dar respostas sobre a crise nas urgências no Serviço Nacional de Saúde, mas acabou por limitar-se a repetir a proposta que tinha apresentado aos sindicatos do setor e que foi chumbada, uma comissão de acompanhamento e a revisão da tabela de remuneração das horas extraordinárias. “Aquilo que propomos e que propusemos às estruturas sindicais visa responder às questões que nos foram suscitadas e acreditamos que responde mesmo às questões que nos foram colocadas“, disse Marta Temido.
Sob pressão, criticada à esquerda e à direita, Marta Temido admitiu que os problemas do SNS são “estruturais”, recordou a aprovação da nova lei de bases em 2019 e justificou os problemas mais recentes com a pandemia e, depois, num remoque ao PCP e ao BE, com a queda do Governo. “Algumas fruto de circunstâncias a que todos somos alheios, outras fruto de circunstâncias que alguns provocaram”, disse Temido, e agora é necessário implementar “soluções pontuais e de contingência” para os problemas imediatos”.
A proposta de Temido, recorde-se, já mereceu uma reação muito negativa dos sindicatos do setor, classificando-a de “totalmente inaceitável”. E neste debate de urgência, a oposição foi particularmente dura com o desempenho da ministra. André Ventura, o líder do Chega que pediu este debate de urgência, elencou os exemplos de urgências que fecharam e disse que o país não precisa de “de mais comissões”. (…) “Precisamos de ação. Seja capaz de o fazer ou ponha o lugar à disposição”. E apontou também duas contradições ao Governo: Acabou com as Parcerias Público-Privadas e recorre aos privados para as horas extraordinárias e aprovou a Agenda do Trabalho Digno, mas aumenta o recurso a médicos tarefeiros e a empresas de trabalho temporário, por ter permitido que a “sovietização da saúde fizesse parte das condições da geringonça”. Mas as críticas ao primeiro-ministro não terminaram aqui. “António Costa que escolheu a senhora Ministra faz hoje 1341 dias (…) na altura foi recrutar uma técnica independente que tinha conhecimento em saúde, hoje é uma militante assumida do PS, se calhar deslumbrada com a sua popularidade, a concorrer à liderança do partido”. E numa crítica direta a Temido, avisa que “popularidade não é a mesma coisa de competência”.
Criticada também pelo BE e PCP, os antigos parceiros da geringonça que aprovaram sucessivos orçamentos desde 2015 — Pedro Filipe Soares, do Bloco, afirmou que o caos nas urgências é um “problema estrutural” já conhecido pelo Governo e perguntou a Temido: “Porque é que deixou acontecer?” –, enquanto o PSD criticou a resposta tardia ao que se estava a passar no SNS, só mesmo o deputado do PS esteve ao lado da ministra.
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