Financiamento “verde” na Europa duplicou em 2021 mas é ainda insuficiente para potenciar neutralidade carbónica
Apesar de quase ter duplicado em 2021, o financiamento "verde" continua longe do valor necessário para concretizar a neutralidade carbónica na Europa, estima relatório do think thank New Financial.
Governos, bancos e empresas europeias angariaram, no ano passado, 331 mil milhões de euros em financiamento “verde”, quase o dobro do valor registado em 2020, mas ainda longe do montante necessário para acelerar a neutralidade carbónica até meados do século, conclui o relatório do think thank New Financial, informando que as verbas angariadas na Europa representam cerca de 12% de toda a atividade do mercado de capitais.
“É preocupante porque é um número bastante grande, e é um valor que precisa de ser repetido todos os anos entre os próximos 20 a 30 anos”, diz William Wright, diretor-gerente do think tank à Bloomberg.
Apesar de estar longe do necessário, o bloco europeu continua à frente das outras regiões analisadas – o Reino Unido está cerca de quatro anos atrás da Europa em matéria de financiamento “verde” – representando, em 2021, cerca de 12% da atividade no mercado de capitais, de acordo com a entidade. A grande maioria – mais de 95% – da atividade de finanças verdes na Europa está associada aos green bonds. “Os títulos verdes são de longe o maior componente individual das finanças verdes, arrecadando 425 mil milhões de euros nos últimos cinco anos e quase 200 mil milhões de euros só no ano passado”, indica o relatório.
Ainda assim, atividade de finanças verdes “terá que dobrar ou até triplicar para garantir que a economia europeia está no caminho certo para atingir a neutralidade carbónica”, conclui o documento, uma vez que, de acordo com as estimativas da Comissão Europeia, para atingir a neutralidade climática até 2050, o bloco europeu terá que gastar até 1 bilião de euros por ano.
O documento da entidade com sede em Londres, indica que existe “uma desconexão” entre a quantidade de capital levantado por empresas “boas” – cuja a atividade contribui ativamente para minorar os dados das alterações climáticas, nomeadamente, as empresas de energia renovável – e as empresas prejudiciais, ou “más”, que comprometem a transição verde, como as atividades ligadas aos combustíveis fósseis. “Nos últimos cinco anos, as empresas “más” arrecadaram 18 vezes mais dinheiro no mercado de capitais do que as empresas “boas”, embora essa proporção tenha caído no ano passado pela primeira vez abaixo de 10 para um”, informa o documento.
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