Costa fala em “estabilidade política” e contas certas para tentar cativar empresários alemães
Primeiro-ministro afirmou, perante várias dezenas de empresários alemães, que Portugal é um país de confiança, sendo um dos poucos com estabilidade política, defendeu.
O primeiro-ministro afirmou na terça-feira, perante várias dezenas de empresários alemães, que Portugal é um país de confiança, sendo um dos poucos com estabilidade política e que apresenta uma trajetória de consolidação orçamental mesmo na atual conjuntura internacional.
Esta posição foi assumida por António Costa no final de um jantar promovido pela Câmara do Comércio e Indústria Luso Alemã, que se destinou a assinalar a presença deste ano de Portugal como país convidado na Feira Industrial de Hanôver, uma das maiores do mundo.
Num discurso com cerca de 30 minutos, perante uma plateia de empresários, o líder do Executivo socialista reconheceu a dificuldade da atual conjuntura internacional, mas defendeu a tese de que Portugal tem uma posição geográfica ideal para estar na linha da frente da transição digital, é forte na aposta das energias renováveis, superou um antigo défice ao nível das qualificações e tem por aplicar os fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030.
“Para além da posição geográfica, para além do capital humano, para além das oportunidades de financiamento, a verdade é que temos um quadro institucional, geopolítico e financeiro que pode ser um fator adquirido de confiança. Portugal tem estabilidade política, como raros países têm”, acentuou o primeiro-ministro.
Neste contexto, António Costa advogou que Portugal será “o quarto país mais seguro do mundo – e em tempos de guerra isto não é pouco – e tem conseguido manter uma trajetória firme de consolidação das contas públicas”.
“Apesar de o Pacto de Estabilidade estar suspenso, já no ano passado conseguimos ficar abaixo do limiar dos 3% de défice e este ano ficaremos seguramente abaixo ou pelo menos muito próximo do objetivo, um défice de 1,9%”, declarou.
De acordo com o líder do executivo, em 2021, apesar dos apoios extraordinários concedidos pelo Estado para o combate à Covid-19, “Portugal conseguiu retomar a inversão do peso da dívida no Produto Interno Bruto (PIB)”.
“Com confiança podemos dizer que chegaremos com um rácio da dívida do PIB de 100% no final desta legislatura. Podemos continuar a manter os objetivos mesmo neste cenário de incerteza que nos rodeia, o que é um fator muito importante de confiança. Neste contexto, as agências de rating têm continuado a melhorar o outlook [perspetiva] sobre Portugal”, completou.
No seu discurso, António Costa advogou que Portugal tem a sétima inflação mais baixa do conjunto da Zona Euro, “essencialmente por causa de um fator e que tem a ver com a intensidade da utilização das energias renováveis
“Cerca de 60% da luz que consumimos já vem de fontes renováveis e daqui a quatro ano já será 80% de fontes renováveis, o que nos poupa a ter de discutir, como outros, se é necessário ou não dar passos atrás no processo de descarbonização da economia”, assinalou.
Neste ponto, o primeiro-ministro referiu que nos últimos dois leilões de energia solar o país obteve em dois anos sucessivos “o recorde mundial do preço mais baixo, o que nos permite estar na linha da frente dos investimentos para a produção de hidrogénio verde, que é decisivo para as indústrias intensivas no consumo de gás”. “Ora, o hidrogénio verde é um gás renovável, limpo, descarbonizado e que pode assegurar o futuro”, defendeu.
Mas António Costa foi ainda mais longe em defesa das vantagens competitivas de Portugal, dizendo que “o lastro mais pesado”, que tinha a ver com as qualificações, “é um lastro que as novas gerações não vão ter de suportar”.
“Temos hoje o capital humano, que se junta à trajetória de crescimento, à oportunidade do ponto de vista da energia, à conectividade digital, para sermos um país não só parceiro da Feira de Hanôver, mas um país que efetivamente pode ser parceiro neste reposicionamento das cadeias de valor na Europa”, sustentou.
Segundo o primeiro-ministro, esta “é uma oportunidade que Portugal tem”. “E das duas uma: Ou a agarramos, ou não agarramos. Portanto, só há uma alternativa, que é a de agarrar esta oportunidade. Sabemos bem que os tempos têm imensos desafios, uma guerra, um ciclo inflacionista forte, mas também sabemos que, independentemente da gravidade do momento, já houve outros momentos de enorme gravidade que tivemos de enfrentar”, acrescentou.
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