Como podemos fomentar uma cultura de criatividade e inovação no dia a dia?

  • Juliana Mercês
  • 1 Agosto 2022

Para que as empresas consigam reinventar-se em ciclos de tempo menores, de forma a garantir maior crescimento e sustentabilidade do negócio, a inovação e a criatividade tornam-se palavras de ordem.

Antes mesmo de começar, o óbvio precisa de ser dito: as empresas podem investir nas melhores ferramentas e tecnologias, implementar as mais modernas práticas para fomentar a inovação e a criatividade, mas se a liderança, a cultura e o próprio ambiente de trabalho não forem propícios, não vai adiantar nada.

Mesmo antes da pandemia, o mundo já nos dava sinais de que temos cada vez menos certeza sobre as coisas. Ainda assim, a COVID-19 teve um elevado impacto em todas as organizações e forçou um movimento que poderia levar anos para acontecer: A adoção em massa do trabalho remoto, a ampliação do e-commerce e o uso de plataformas digitais, que provocaram mudanças comportamentais significativas cujas consequências e impactos nas relações de trabalho estamos aos poucos a descobrir – o movimento “Great Resignation” que começou nos EUA é um bom exemplo disso.

Vivemos num mundo cada vez mais complexo onde é preciso navegar com maior agilidade, flexibilidade e fluidez. Mas, apesar das diversas inseguranças, uma coisa é certa: para uma empresa se manter competitiva e relevante no mercado, precisa de repensar a sua estratégia e entender que o que funcionou até agora, e que pode ter funcionado para assegurar a gestão da crise pandémica, poderá não trazer resultados e garantir a atração e o reconhecimento dos talentos a partir de agora. É, por isso, necessário reavaliar se os seus processos de gestão de pessoas, comunicação, tecnologia, vendas, marketing e cultura alavancam ou não a produtividade e performance das pessoas.

Para que as empresas consigam reinventar-se em ciclos de tempo menores, de forma a garantir maior crescimento e sustentabilidade do negócio, a inovação e a criatividade tornam-se palavras de ordem.

Portanto, a cultura organizacional não pode ser uma barreira à inovação. Para nós, na Mercer, existem alguns princípios fundamentais para promover e estimular a capacidade criativa e inovadora no dia-a-dia da organização:

  • Recrute profissionais com base na contribuição (culture add) e não na adequação à cultura (culture fit)

A inovação emerge da diversidade. Contratações que priorizam pessoas que pensam e agem de modo semelhante perdem a oportunidade de criar ambientes de trabalho e culturas mais diversas. Diferentes experiências, competências e comportamentos enriquecem a cultura organizacional. Mas, para isso, é preciso ter clareza sobre as suas forças e vulnerabilidades e identificar os atributos que complementam e potenciam a equipa. Desta forma é possível ser mais assertivo nos processos seletivos.

  • Saia de cena, dê um passo para trás e observe o quadro à distância

Em situações que nos sentimos presos, sem conseguir encontrar uma solução, recuar e reexaminar a situação de outro ponto de vista permite-nos explorar alternativas e possibilidades que até então não eram visíveis. Quando nos forçamos a olhar para uma situação através de uma lente diferente, somos capazes de fazer outras perguntas, muitas vezes perguntas mais profundas e melhores do que as primeiras, pois permitimo-nos explorar novos aspetos, como se fosse a primeira vez. Este é um excelente exercício para desbloquear e desenvolver a criatividade.

  • Questione padrões e o típico “foi feito sempre assim”

Ao invés de aceitar o status quo, desafie-se, crie o hábito de perguntar “porquê”. Nascemos naturalmente curiosos, mas ao longo da vida perdemos lentamente essa capacidade, que as crianças têm, de ver todas as coisas como estranhas e incomuns. É a curiosidade que nos leva a explorar, observar e querer compreender as coisas mais profundamente. Organizações nas quais as pessoas assumem uma postura de “fizemos sempre assim” tendem a ter uma capacidade de inovação baixa. Para promover uma cultura inovadora, é necessário estimular e incentivar a curiosidade. Quando nos permitimos questionar sobre padrões e o status quo, é possível repensar as práticas, processos e hábitos consolidados e encontrar oportunidades de melhoria até então negligenciadas. Neste sentido, abrace a sua criança interior e experimente trocar o “fizemos sempre assim” com o “E se?” ou para “Porquê?” no seu dia-a-dia.

  • Estimule críticas construtivas

Organizações que estimulam os seus colaboradores a discordar e a fazer críticas construtivas, fomentam uma comunicação transparente, ou seja, um desejo autêntico de informar. E isso é válido para o que fazemos de bom, oportunidades a melhorar, aquilo que devemos parar de fazer e aquilo que devemos continuar a fazer. Para isso, é preciso criar um ambiente onde todos se sintam confortáveis e seguros para discordar e dar um feedback construtivo. Uma comunicação franca, honesta e sem impedimentos é vital numa cultura inovadora. De acordo com a Pixar, uma boa crítica construtiva informa o que está errado, o que está em falta, o que não está claro e o que não faz sentido. A chave é encarar o debate de ideias divergentes como essencial, pois somente assim as melhores ideias serão estimuladas, testadas e irão sobreviver.

  • Re-signifique o erro como parte fundamental do processo

Uma cultura avessa ao fracasso vê o erro como falha e faz com que as pessoas tenham medo de errar. Com isso, passam a evitar riscos e repetem aquilo que é seguro e que já funcionou em algum momento no passado. Para criar algo verdadeiramente inovador, é preciso testar e experimentar diversas vezes. Sempre que possível devemos abrir espaço para testar uma nova ideia, tentar uma abordagem diferente e arriscar. É este risco que vai possibilitar um resultado inovador. Ao promover uma cultura que olha para o erro como parte do processo de aprendizagem, as pessoas vão sentir-se mais seguras e encorajadas a explorar novas ideias e a procurar novos caminhos e possibilidades.

Criar as condições necessárias no ambiente de trabalho, incentivar e dar as ferramentas adequadas para o desenvolvimento da criatividade e inovação nas equipas, não requer necessariamente um investimento financeiro elevado, mas sim um investimento da liderança.

Não há uma ordem a ser seguida, no entanto estes princípios pretendem ser uma ajuda para superar os desafios que inibem o desenvolvimento da criatividade e da inovação na cultura de uma Organização.

Como diria o Buzz Lightyear: “Ao infinito… e além!”

  • Juliana Mercês
  • Career Associate da Mercer Portugal

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