Lloyd’s e Marsh vão segurar cereais no Mar Negro até 50 milhões por carga
Os seguros para os navios ainda estão em negociação, mas a corretora Marsh encontrou forma para, através da Lloyd’s, proteger os cereais transportados até 50 milhões para cada carga.
Quem vai segurar os portos, os navios e as cargas depois de na semana passada ONU, Turquia, Rússia e Ucrânia terem assinado o acordo para reabrir três portos do Mar Negro na região de Odessa na semana passada, foi agora parcialmente resolvido no mercado segurador de Londres, através de uma operação montada pela corretora Marsh e pela seguradora britânica Ascot, através da Lloyd’s.
Sob o protocolo “de carga e guerra marinha”, a seguradora Ascot fornecerá cobertura de até 49 milhões de euros por danos aos cereais que cada navio transporta. Qualquer dano nos próprios navios – por exemplo, de um ataque de míssil russo ou uma mina marítima – vai ser coberto por uma apólice de seguro separada, operação que também está a ser montada, de acordo com um porta-voz da Ascot.
Este avanço confirma que armadores e seguradoras vão mesmo retomar as operações no Mar Negro. Neil Roberts, responsável pelas áreas de marinha e aviação na Lloyd’s foi citado afirmando que “algumas entidades abandonaram a região ou tiveram seu ação limitada por restrições de resseguro, mas houve apoio a esta iniciativa entre especialistas em seguros, por se tratar de uma operação claramente humanitária”, concluiu.
Antes da invasão pela Rússia russa, a Ucrânia exportava 5 a 6 milhões de toneladas de cereais por mês, enquanto atualmente apenas consegue escoar cerca de 1 a 1,5 milhão de toneladas através dos portos do rio Danúbio. Neste momento estima-se em 22 milhões de toneladas os cereais retidos na Ucrânia a aguardar exportação e o presidente ucraniano Zelensky já afirmou que o volume pode aumentar para 75 milhões de toneladas após a colheita anual de 2022.
Prémios de seguros multiplicaram por 200 desde o início da guerra
Os prémios de seguros para os navios que operam na área do Mar Negro estão agora muitas vezes mais elevados do que estavam antes do início da guerra, com algumas estimativas a sugerir que os prémios aumentaram de uma média de 0,025% do valor de cada navio, para cerca de 5%, um custo 200 vezes superior. Um navio graneleiro pode em atingir valores entre 25 e os 60 milhões de dólares e navega com uma tripulação de 20 a 30 pessoas, outro risco que as seguradoras terão se suportar. Para além dos marítimos, também se teme pelos trabalhadores dos portos de Yuzhne, Chornomorsk e Odessa, que escoaram 65% das exportações ucranianas de cereais nos últimos cinco anos.
No entanto, “o fornecimento de seguro – bem como o acordo geral de exportação – ainda corre o risco de fracassar devido à contínua agressão da Rússia na Ucrânia”, avisou Bruce Carnegie-Brown, Chairman da Lloyd’s . Segundo Carnegie -Brown as seguradoras “podem lidar com as minas plantadas no Mar Negro, mas não conseguiriam lidar com violações sérias do acordo”, concluiu.
Os transportes poderão eventualmente começar esta 2ª feira.
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