Temido saiu do Governo por ser “mais parte do problema que da solução”

Ex-ministra demitiu-se após morte de uma grávida, que "exigia que houvesse uma responsabilidade pessoal”. Abandona o cargo com “marcas negras no coração” e por não ter confiança dos agentes do setor.

Marta Temido confirmou este sábado que se demitiu do cargo de ministra da Saúde devido à morte de uma grávida no processo de transferência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por falta de vagas na neonatologia, que foi “um episódio de gravidade tal que era necessário que houvesse uma responsabilização”.

“A primeira responsável pelas coisas que correm bem ou mal é a ministra. Entendi que estava criado o ambiente que exigia que houvesse uma responsabilidade pessoal — e entendi que ela devia ser minha”, adiantou a ex-governante, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém.

Temido mostrou-se “grata por cada um dos dias em que [teve] oportunidade de servir o país”, mas diz ter “consciência de que há momentos na vida política em que a forma como [se é] encarado é de fazermos parte da solução ou do problema”. “Considerei que a forma como o setor perspetivava a ministra da Saúde era como fazendo mais parte do problema do que da solução”, acrescentou.

Considerei que a forma como o setor perspetivava a ministra da Saúde era como fazendo mais parte do problema do que da solução.

Marta Temido

Ex-ministra da Saúde

Poucos minutos depois da tomada de posse de Manuel Pizarro, a ex-ministra recusou uma saída do cargo ministerial com amargos de boca por causa das críticas reiteradas dos médicos ao seu trabalho – “todos temos algumas marcas mais negras no coração”, desabafou – e adiantou que vai assumir o lugar de deputada na Assembleia da República.

É o fim da sua carreira política? “A política não é um exercício que se faça só no palco ou na exposição. É um exercício de cidadania. Não acredito em quem diz que não é político. Tenho a política dentro de mim porque isso significa escolhas públicas”, respondeu Marta Temido, em declarações transmitidas pela RTP3.

Poucos minutos após a concretização da troca de ministro, António Costa revelou que Manuel Pizarro poderá contar com um reforço de verbas no Orçamento do Estado para 2023, cuja proposta vai ser entregue em outubro na Assembleia da República. Este ano, a despesa do SNS cresceu para um valor recorde de 13,321 mil milhões de euros, com o setor a pesar 13,2% na despesa das Administrações Públicas.

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