Suécia vai este domingo a votos com extrema-direita no corredor do poder
Partido nacionalista e anti-imigração dos Democratas Suecos pode ser aliado da direita tradicional no país escandinavo em processo de adesão à NATO e que assume a presidência rotativa da UE em 2023.
As urnas abriram este domingo na Suécia às 8h (7h em Lisboa) para que os suecos votem nas eleições gerais do país. Os 7,7 milhões de suecos vão escolher os 349 membros do Riksdagen, o Parlamento unicameral.
As sondagens dão uma pequena vantagem ao partido da primeira-ministra social-democrata, Magdalena Andersson, colocando os Democratas Suecos (SD), da extrema-direita, como a segunda força.
Até há poucos anos isolado na cena política do país escandinavo, o partido nacionalista e anti-imigração SD, pode agora ser aliado da direita tradicional e parte de um acordo no Parlamento para formarem governo.
Herdeiro de um grupo neonazi no final dos anos 80, o partido recolhia na altura menos de 1% das intenções de voto e só entrou no Parlamento em 2010, mas os problemas sociais que afligem hoje a sociedade sueca deram-lhe força para se situar atualmente como o terceiro ou até o segundo maior partido.
As mortes em acertos de contas entre gangues criminosos – que se tornou um grave problema social – está no topo das preocupações dos suecos, como mostram as sondagens, seguidos dos cuidados de saúde e da imigração.
Com um discurso anti-imigração aliado à defesa do estado tradicional do bem-estar, o SD conseguiu conquistar as classes trabalhadoras, os reformados e os menos qualificados.
Apesar de várias medidas tomadas pelo Governo do Partido Social Democrata contra os gangues, incluindo penas mais duras e aumento da capacidade policial, as mortes e ferimentos continuam a acumular-se. Desde 1 de janeiro, 48 pessoas foram mortas a tiro, mais três do que em todo o ano de 2021.
Neste contexto, com um discurso anti-imigração aliado à defesa do estado tradicional do bem-estar, o SD conseguiu conquistar as classes trabalhadoras, os reformados e os menos qualificados.
As eleições suecas sempre foram sobre o Estado social, a economia e o emprego, mas estes foram “apagados” — além do tema dos crimes de gangues que lutam pelo controlo do mercado das drogas e armas — pela questão da imigração e da integração, que gerou uma das principais polémicas durante a campanha.
Provável impasse pós-eleitoral
Embora subsistam incertezas quanto aos resultados, a aproximação entre a direita e a extrema-direita reduziu a dois blocos o debate sobre quem poderá vir a formar governo na Suécia.
Uma provável aliança pós-eleições junta os sociais-democratas atualmente no poder com os Verdes, o Partido de Esquerda (ex-comunista) e o Partido do Centro, com este bloco mais à esquerda a somar entre 48,6% e 52,6% dos votos, de acordo com as mais recentes sondagens.
O bloco de direita/extrema-direita englobaria o partido conservador dos Moderados (M), aliado aos Liberais (L) e Democratas Cristãos (KD), com o apoio direto ou indireto da extrema-direita dos Democratas da Suécia (SD), que juntos têm entre 47,1% e 49,6% das intenções de voto.
A primeira-ministra cessante, Madalena Andersson, no cargo há um ano após suceder a Stefan Löfven, que renunciou após sete anos, ainda é a líder partidária que suscita maior confiança dos eleitores para se manter no cargo, com 55% de opiniões positivas. Muito à frente do seu rival conservador dos Moderados, Ulf Kristersson (32%). Mas os analistas anteveem que os resultados das eleições resultem em negociações longas e difíceis para a formação de um Governo.
As eleições anteriores, em 2018, conduziram a uma longa crise política, com quatro meses para formar um governo minoritário liderado pelos sociais-democratas.
A Suécia, que está num processo de adesão à NATO e que assumirá a presidência rotativa do Conselho da União Europeia em 1 de janeiro, é governada desde 2014 pelos sociais-democratas, o principal partido do país desde a década de 1930.
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