Quer reter e atrair talento? Aposte em diversas componentes do salário

  • Ana Sofia Portela
  • 10 Outubro 2022

Atrair e manter o talento na organização é, e continuará a ser, mais uma dinâmica altamente exigente que as organizações enfrentam. A componente salarial continuará a ser apenas uma pequena parte.

A atração, assim como a retenção do talento, são temas que, não sendo de hoje, estão hoje mais do que nunca na “ordem do dia”. O mercado de trabalho tornou-se global com a ajuda da tecnologia e com a evolução dos modelos de trabalho acelerada pela pandemia, tornando os modelos de trabalho bastante mais flexíveis e dinâmicos.

O turismo, os programas de Erasmus, a informação ou a cultura, tiveram um papel determinante na globalização do trabalho, e na perceção do que será trabalhar fora de Portugal ou receber pessoas de outros países para trabalharem nas nossas equipas. Esta globalização tem maior expressão nas novas gerações, por isso para atrair e reter talento é necessário conseguir responder às suas exigências, que são motivadas por aspetos muito variados como um maior alinhamento com a sociedade, com o Planeta, com os valores da família, sociais, e conjugá-los com as componentes de retribuição. Podemos dizer que, para o talento jovem, o plano profissional passa a ser uma extensão do propósito de vida.

Assim, torna-se fundamental alinhar procedimentos com base neste novo paradigma, e não há melhor forma de o fazer do que ouvindo os colaboradores. Este ano, o Índice da Excelência 2022, o maior estudo gratuito em Portugal sobre o capital humano das organizações desenvolvido pela Neves de Almeida HR Consulting, volta a dar uma preciosa oportunidade às empresas portuguesas de auscultarem as suas pessoas e, dessa forma, reajustarem as suas estratégias de liderança. Em 2021, o mesmo estudo destacava a transparência (sobretudo ao nível da informação e das relações), a meritocracia (onde podemos falar de prémios anuais ou de reconhecimento), e a equidade (sentimento de justiça face aos benefícios de cada um no mesmo grupo de trabalho), como determinantes para a motivação e retenção dos colaboradores. Acreditamos que em 2022 estes valores vão continuar a estar presentes.

A experiência tem-nos demonstrado que, para além da componente salarial, há outros aspetos igualmente relevantes. A flexibilidade no modelo de trabalho; os benefícios atrativos, desde já benefícios variáveis, seguro de saúde, mas também alguns benefícios flexíveis onde cada colaborador pode escolher o que faz mais sentido para si; as práticas de well-being, como a preocupações com os períodos de descanso, posturas corporais, dinâmicas de gestão de stress, experiências em ambientes de natureza; e as oportunidades de desenvolvimento de carreira e formação, são essenciais para que os colaboradores se sintam envolvidos na organização, e queiram ficar, e seja possível continuar a atrair novo talento.

No caso particular das empresas de tecnologia, sendo um setor onde há uma forte competição pelo talento, a nossa experiência diz-nos entre os principais fatores de retenção são os benefícios financeiros (ao mesmo nível que a flexibilidade do modelo de trabalho); a possibilidade de evolução de carreira e aprendizagem; a reputação da empresa; a existência de programas de wellness; e uma cultura organizacional onde a diversidade seja um valor central. É importante sublinhar, por isso, que as práticas de remuneração e benefícios são indissociáveis de uma cultura empresarial que seja consistente com as práticas de gestão, com valores como a igualdade e a diversidade, onde se promova uma relação de transparência e segurança com a chefia e a equipa direta, e com base numa relação emocional e de identificação com o grupo de trabalho.

Atrair e manter o talento na organização é, e continuará a ser, mais uma dinâmica altamente exigente que as organizações enfrentam. Aproximando-nos do final do ano e olhando já para 2023, creio que a componente salarial continuará a ser apenas uma pequena parte desta equação, onde deveremos encontrar muito mais aspetos que se relacionem com as componentes de bem-estar, afetivas e de propósito entre a empresa e cada um dos seus colaboradores.

  • Ana Sofia Portela
  • Head of talent assessment da Neves de Almeida HR Consulting

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