Empresas da construção dão “salto olímpico” para França
De portas a janelas, do piso aos revestimentos, fabricantes portuguesas rumam à Batimat para “aproveitar investimentos" na construção, renovação urbana e obras públicas antes das Olimpíadas de Paris.
Portas de interior, portas técnicas, aros, roupeiros, painéis e peças para mobiliário. Direcionadas a setores como a hotelaria, habitação, saúde, escritórios ou espaços comerciais, as soluções desenhadas e produzidas pela Vicaima em Vale de Cambra fazem parte da oferta industrial portuguesa que vai estar em destaque durante três dias na Batimat, em França, considerada a principal feira internacional da área de construção.
A edição de 2022 arranca esta segunda-feira na capital francesa, onde está uma comitiva de oito empresas nacionais no âmbito do projeto BOW – Business on the Way. O presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, fala num “período particularmente relevante para a economia francesa, já que se perspetiva um crescimento bastante significativo dos investimentos nas áreas da construção civil, renovação urbana e obras públicas, muitos deles relacionados com os projetos dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024”.
Perspetiva-se um crescimento bastante significativo dos investimentos nas áreas da construção civil, renovação urbana e obras públicas, muitos deles relacionados com os projetos dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024.
Revestimentos, estruturas, pavimentos, madeira, maquinaria, ferramentas, ferragens, serralharia, caixilharia, casas de banho, piscinas, tratamentos de efluentes, iluminação, decoração e mobiliário, informática e serviços. Estes são alguns dos segmentos em destaque no certame bienal organizada pela Reed Expositions, que ocupa uma área de exposição aproximada de 100 mil metros quadrados, conta com mais de dois mil expositores e espera acolher mais de 300 mil visitantes provenientes de 180 países.
Para a exportadora controlada pela família Costa Leite, que tem filiais no Reino Unido e Espanha, a Batimat “representa um espetro alargado de oportunidades, que não se cingem aos Jogos Olímpicos nem ao mercado francês”, incluindo o interesse noutras “geografias estratégicas” para a empresa. Em declarações ao ECO, o administrador, Pedro Silva, sublinha que, com a atual procura de produtos com design e performance potenciadas, a empresa que este ano vai faturar 128 milhões de euros no negócio das portas considera “estratégica a promoção da oferta de soluções neste certame”.
A ACL – A Cimenteira do Louro é outra repetente em Paris. Com os seus pavimentos, bordaduras de piscina e revestimentos em betão fabricados em Vila Nova de Famalicão presentes nas grandes cadeias de distribuição francesas – está presente em 40 mercados, mas França é o mais relevante –, a empresa fundada em 1975 destaca-se pela produção de pavimentos e revestimentos à base de betão, seja para o setor da construção (obras públicas e privadas), seja para o da distribuição de bricolage.
Dinis Silva, filho do fundador, Manuel Leitão, e atual presidente executivo, antecipa ao ECO que o destaque na capital francesa será o lançamento do Slimcrete, um revestimento em betão flexível “ultra inovador” com três milímetros de espessura. “Fabricado com as mais recentes tecnologias produtivas e recorrendo à utilização de refinadas matérias-primas”, o líder da empresa minhota, que no ano passado faturou 22 milhões de euros, vai ainda mostrá-lo aos clientes nesta feira como “amigo do ambiente”.
A partir de Águeda (distrito de Aveiro) viaja a RCN, levando na bagagem as suas soluções de caixilhos de estética minimalista: portas de correr e pivotantes, janelas de guilhotina, janelas de batente e fachadas. O objetivo passa por “reforçar a notoriedade no mercado francês”, que é o segundo maior da Europa na área da construção, e aproveitar igualmente o “caráter multinacional da Batimat [para] criar oportunidades para novos negócios” também noutros países, como é os francófonos.
Estamos sempre atentos às oportunidades nos vários mercados onde estamos presentes, e as Olimpíadas serão seguramente uma oportunidade.
“Estamos sempre atentos às oportunidades nos vários mercados onde estamos presentes, e as Olimpíadas serão seguramente uma oportunidade”, sublinha ao ECO o sócio Ruben Estima, que partilha com Carlos Rodrigues este negócio que em 2021 teve receitas de seis milhões de euros. A exportação representa perto de 70%, para um total superior a 25 destinos, mas em que destaca França, Bélgica, Holanda, Emirados Árabes Unidos, Israel, Índia e Marrocos.
Mais pequena, com vendas anuais a rondar os três milhões de euros, mas com igual ambição, a GloboVac parte para Paris para aproveitar o embalo dos Jogos Olímpicos e atrair novos clientes no mercado francês, que vale quase 10% das exportações. Vasco Sousa, gerente da empresa de Souselas (Coimbra), conta ao ECO que ainda tem “poucos clientes” em França no fornecimento de artigos para a construção civil. No portefólio pontificam produtos de aspiração central e o piso radiante elétrico, e está “neste momento a avançar para o mercado da ventilação, uma área em expansão” neste setor.
A nossa perspetiva é divulgar a empresa no mercado francês, não só por causa das Olimpíadas, mas fundamentalmente para atrairmos novos clientes. França vale neste momento 8% a 9% do total exportado.
No ano passado, o BOW – Business on the Way promoveu a participação de mais de uma centena de empresas portuguesas em 17 ações, entre feiras internacionais e missões empresariais (virtuais, físicas e inversas) em 22 mercados distintos. Este projeto é desenvolvido pela área internacional da AEP, sediada em Leça da Palmeira (Matosinhos), no âmbito do Portugal 2020 e do Eixo II do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização.
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