Dois anos com mais lucros e cotação a subir

Andy Brown sai ao fim de dois anos de gestão, no final do mandato e antes do fim do prazo do plano estratégico. Começou a acelerar a transição energética, tem mais lucros e a cotação a subir.

A Galp informou o mercado que o seu CEO, Andy Brown, deixará a empresa no final do ano. E, afinal, quais são os resultados financeiros do gestor que veio substituir Carlos Gomes da Silva a meio do mandato? Mais investimento em renováveis, mais lucros – num contexto internacional benéfico para as petrolíferas – e a cotação a subir.

O legado de Brown à frente da Galp será lembrado por ter conseguido deixar a petrolífera numa situação mais sólida financeiramente. Prova disso são os resultados alcançados no último trimestre (apresentados a 25 de julho), onde se destaca o crescimento homólogo de 89% do resultado líquido ajustado para 265 milhões de euros, e acima dos 256 milhões de euros estimados pelos analistas que seguem as ações da petrolífera. Mas refira-se que o gestor beneficiou de um contexto favorável para todas as petrolíferas, nomeadamente com a margem de refinação a disparar durante este ano. Em 2021, a Galp registou um lucro de 457 milhões de euros, um regresso aos resultados positivos depois dos prejuízos de 42 milhões de euros em 2020.

Para o mercado, esta saída não é uma total surpresa. Carlos Jesus, analista da Caixa Banco de Investimento, que acompanha as ações da Galp, recorda que Brown terminava o mandato este ano e que, desde cedo passou a ideia de que este seria o período que desejaria manter-se como líder da Galp. No entanto, Carlos Jesus diz que “se ele ficasse também não haveria qualquer surpresa”. O plano estratégico da Galp, recorde-se, tem um horizonte até 2025.

Calendário do investidor

Fonte: Site da Galp.

Brown assumiu a liderança da Galp em fevereiro do ano passado, após a demissão de Carlos Gomes da Silva. E desde então que tem assumido uma política estratégica muito assente na colocação da Galp no caminho das energias renováveis. Carlos Jesus sublinha que Brown “veio ajudar a mudar o rumo da empresa, que estava mais focada na exploração e na produção de hidrocarbonetos, colocando-a no caminho das energias renováveis”. “Se esse foi o desejo de quem o colocou à frente da empresa, foram dados os primeiros passos nessa direção”, diz o analista.

É disso exemplo o investimento de 140 milhões de euros na compra de 25% da Titan em julho, com a Galp a passar a deter a totalidade do capital desta empresa de energia solar fotovoltaica; e o anúncio de uma joint-venture com a sueca Northvolt, em meados de dezembro de 2021, para desenvolver uma refinaria de lítio em Portugal com uma capacidade de produção superior a 35 mil toneladas de lítio refinado de elevada qualidade, que deverá começar a operar em 2026.

Foi também durante a liderança de Brown que a Galp entrou em força no mercado da produção de hidrogénio através da GreenH2Atlantic, um consórcio formado por 13 entidades que será financiado por um fundo de 30 milhões de euros da União Europeia para produzir um eletrolisador de 100 megawatts.

A Galp conta com 23 analistas a seguir as suas ações. Atualmente, 15 têm uma recomendação de “compra” ou de “forte compra” para os títulos da petrolífera. Apenas três recomendam a venda dos títulos. De acordo com dados compilados pela Reuters, o preço-alvo médio das ações é de 14,21 euros, cerca de 42% acima da cotação atual.

Evolução das ações da Galp

Este ano, as ações da Galp acumulam ganhos (incluindo os dividendos) de 17,4%, que compara com uma desvalorização de 5,9% do PSI 20. As ações encontram-se a negociar a 2,1 vezes o seu valor contabilístico e com uma taxa de dividendo implícita de 5,2%.

Para a próxima equipa executiva estará em cima da mesa um desafio prioritário: Que seja capaz de continuar a política de descarbonização da empresa que tem sido seguida, tanto na alavancagem dos investimentos já realizados como na concretização de novos projetos. Este desafio será particularmente importante, dado que os melhores projetos solares e eólicos são cada vez mais escassos e, por conseguinte, as margens destes investimentos serão cada vez menores.

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