CFP aponta riscos na previsão do Governo para o investimento e inflação
Conselho de Finanças Públicas alerta para o risco de um crescimento menor do investimento, que será um motor da economia em 2023, face à baixa taxa de execução do PRR no passado.
O Conselho de Finanças Públicas (CFP) endossa o cenário macroeconómico subjacente à Proposta de Orçamento do Estado para 2023, mas alerta para vários riscos. Um deles é que o crescimento do investimento, muito dependente da execução do PRR, fique aquém do previsto. A inflação poderá também ser mais elevada.
O parecer do CFP sobre as previsões macroeconómicas subjacentes à Proposta de Orçamento do Estado para 2023 (POE/2023) endossa as estimativas do Governo, considerando que o cenário usado “afigura-se como provável”, sendo “globalmente coerente com as restantes projeções para a economia portuguesa que incorporam a informação mais recente da evolução dos impactos na economia nacional da inflação, da política monetária na Área do Euro e do conflito na Ucrânia”.
A entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral sublinha que o cenário “é elaborado numa conjuntura de elevada incerteza, que se tem traduzido numa deterioração, para 2023, das perspetivas de crescimento da atividade económica e de evolução dos preços nos principais parceiros económicos de Portugal”. Contexto que pode comprometer as previsões do Governo no OE 2023.
“Os principais riscos subjacentes ao cenário do Ministério das Finanças pendem de forma descendente para o crescimento da atividade económica e de forma ascendente quanto à inflação para 2023”, sintetiza o CFP. O país está particularmente exposto à subida dos preços.
“Portugal sendo uma pequena economia aberta – e price taker por definição – é permeável à inflação externa. “O cenário da POE/2023, que perspetiva um abrandamento da inflação de 7,4% em 2022 para 4,0% em 2023, está assim sujeito a um risco de natureza ascendente”, sublinha.
Outro dos riscos apontados é que o investimento, que será um importante motor da evolução do PIB no próximo ano, venha a ficar abaixo do esperado, tendo em conta o histórico de execução do PRR. “A proposta de OE 2023 assenta no pressuposto que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) beneficiará da execução mais célere do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em 2023 face ao observado em 2022. Neste cenário, a FBCF é a componente do PIB em volume cujo crescimento mais acelera em 2023 e cujo crescimento em 2022 foi revisto em baixa face ao OE/2022”, nota o parecer.
“Num ambiente de incerteza, de aumento dos custos de financiamento – e por isso desfavorável ao investimento –, e face à baixa taxa de execução do PRR no passado, a perspetiva do Ministério das Finanças de antever uma aceleração da FBCF em 2023 representa um risco descendente adicional ao cenário“, aponta o CFP.
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