BRANDS' ECO “Há um antes e um depois do Portugal Air Summit”
Alexandra Reis, CEO da NAV, revelou ao ECO que há um antes e um depois na aviação desde o Portugal Air Summit. Mais startups, networking e melhor gestão estão entre as vantagens trazidas pelo evento.
Começou, hoje, a 6ª edição do Portugal Air Summit, em Ponte de Sor, da qual vão fazer parte várias entidades ligadas ao setor da aviação com vista a promover parcerias e a aumentar a conscientização para os problemas do setor, mas também para promover e pôr em prática soluções para os mesmos.
A NAV Portugal é uma das entidades que participa no Portugal Air Summit (PAS) desde a sua primeira edição e, este ano, o ECO esteve à conversa com Alexandra Reis, CEO da NAV, a fim de perceber qual o ponto de vista da responsável sobre o impacto que um evento como o PAS tem na área da aviação, bem como na economia do país.
Como é que o Portugal Air Summit consegue ajudar o setor? O que é que este evento já conseguiu promover na área? Será este um projeto promissor? Pode ver as respostas a estas e outras perguntas na entrevista abaixo.
O Portugal Air Summit está na sua 6ª edição. O que é que já mudou no setor da aviação desde a primeira edição do evento?Quando falamos em mudanças na aviação falamos essencialmente em tecnologia e procedimentos. Cada player terá tido inúmeros desenvolvimentos em seis anos, embora eu só poderei falar da NAV, que participa desde a primeira edição no Portugal Air Summit. Muitos dos encontros passados promoveram alterações nos procedimentos de navegação aérea; na adequação das infraestruturas aeroportuárias às necessidades dos clientes; no desenvolvimento de um quadro legal aplicável às aeronaves não-tripuladas; na construção de procedimentos de aproximação baseados no satélite (GNSS – Global Navigation Satellite System), sem a necessidade de instalação de infraestruturas terrestres; e na Sustentabilidade Ambiental na Aviação, que é cada vez mais uma matéria na qual estamos muito comprometidos para reduzir as emissões de CO2.
Paralelamente, assistimos a um crescimento do tráfego aéreo até ao início da pandemia – em 2020 – na casa dos 7%, com o aumento dos investimentos ao nível de recursos humanos, de equipamentos e sistemas daí resultantes para fazer face à procura de tráfego. No nosso caso, entramos neste quarto final do ano de 2022 com um cenário de 95% da recuperação do tráfego face aos valores de 2019 (que constituem a referência no setor) e, também por isso, a disponibilizar uma nova Sala de Operações no Centro de Controlo de Tráfego Aéreo de Lisboa, que acolhe a partir do dia 18 de outubro o novo sistema de Controlo de Tráfego Aéreo State-of-the-art – TOPSKY.
Considera que este evento ajuda na divulgação de necessidades e acelera as tomadas de decisão?Com um programa uma vez mais abrangente como é o deste ano, com inúmeros responsáveis económicos, políticos, gestores e especialistas nas mais diversas áreas presentes, sabemos de antemão que muitas das decisões de gestão são tomadas em virtude dos encontros tidos, do networking que lá se faz, a que não é alheio o surgimento de cada vez mais startups ligadas a este setor.
No caso da NAV, e à semelhança de anos anteriores, não é por acaso que o Portugal Air Summit é escolhido para formalizar parcerias, contratos e acordos como se verifica este ano com a assinatura de um protocolo com a Câmara Municipal de Ponte de Sor para reestruturação do espaço aéreo, no cumprimento da implementação do conceito PBN da ICAO e da Regulamentação europeia, permitindo a utilização da tecnologia satélite.
De que outras formas o Portugal Air Summit consegue ajudar o setor?No caso da NAV, que não tem uma perspetiva comercial como muitos outros participantes, o interesse é enorme pois dá a conhecer uma atividade que é desconhecida da esmagadora maioria do público em geral. O mundo da aviação sempre suscitou um interesse e um entusiasmo generalizado nas pessoas, mas tendo em conta que os nossos clientes são as companhias de aviação, e não o público em geral, este conhece pouco o que acontece durante a altura que entra num avião e chega ao seu destino.
Reunir todos os players num único espaço contribui de sobremaneira para que muitos organismos e seus representantes se conheçam, desenvolvam parcerias, partilhem boas práticas, divulguem as suas mais recentes conquistas pois, num negócio global, no fim do dia aquilo que for útil para uma entidade terá certamente repercussões positivas nas outras.
Consegue enumerar alguns pontos que já tenham sido melhorados na área da aviação devido ao Portugal Air Summit?Em cinco edições, com um vasto número de apresentações, colóquios, partilha de experiências, será difícil enunciar que áreas não tenham sido melhoradas. Desde a segurança (Safety e Security), a tecnologia em todas as suas múltiplas vertentes, passando pelos fatores humanos, já que por detrás de toda uma miríade de I&D estão pessoas, e acabando nas infraestruturas, tudo tem mudado.
Estamos incomparavelmente melhores do que estávamos em 2017. Mais fortes, mais apetrechados, com mais experiência e os números estão aí para o evidenciar pois nunca tivemos tantos aviões e tantos passageiros e, salvo episódios de natureza laboral que provocaram alguma disrupção momentânea, a aviação como um todo está a crescer de uma forma sustentada.
Qual o impacto deste projeto na economia do setor?Do ponto de vista do prestador de serviços de navegação aérea e também enquanto gestora do lado de alguns dos operadores, tenho de reconhecer seguramente que há um “antes” e um “depois” do Portugal Air Summit. Até ao seu surgimento não existia uma visão integrada e congregadora de pontos de vista sobre o setor. Quase que cada um (Regulador, ANSP, Serviços Aeroportuários, Companhias de Aviação, GPIAAF, Tutelas, Etc.) desenvolvia o seu trabalho de forma muito autónoma e, por vezes, sem dar conhecimento aos restantes daquilo que era a sua atividade.
Com o surgimento do PAS, passou a existir um maior conhecimento sobre o que os vários parceiros estão a desenvolver, promovendo reuniões bilaterais para concertação de atividades comuns e resolução de problemas que surgem no dia-a-dia. O Portugal Air Summit permitiu um “abrir de portas” e a criação de canais mais diretos, essenciais para a consciência do que é útil para uma entidade e se será positivo para outra.
Considera o Portugal Air Summit um projeto promissor?Julgo que a resposta está subjacente à realização deste evento. Num país pequeno e ultraperiférico, onde o peso da aviação na economia e no turismo está à escala das nossas condições financeiras, concretizar um evento que é único na península ibérica, que tem vindo a crescer de edição para edição sem perder fôlego durante os anos mais críticos da pandemia, permanentemente a reinventar-se e a procurar pontos de interesse, atento à evolução do setor e sem correr o risco de se tornar excessivamente técnico e elitista, o sucesso e o futuro são do meu ponto de vista um dado adquirido.
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