BRANDS' TRABALHO Depois da Great Resignation, a Great Negotiation?
Se há fenómeno que não passou despercebido nos últimos anos, no setor dos recursos humanos, foi a Great Resignation. A pandemia virou o mundo do avesso e o mercado de trabalho não foi exceção.
Depois de serem sujeitos a uma nova realidade, que inicialmente trouxe muita angústia e ansiedade, os profissionais rapidamente se habituaram aos novos modelos e regimes de trabalho e, mais do que isso, às novas circunstâncias de vida que estes vieram proporcionar.
Para muitos, a descoberta de mais tempo livre para a família e amigos, a perceção de que a deslocação para o local de emprego afinal não é assim tão necessária, ou a formação de um novo sistema de valores e prioridades no qual não cabem maus ambientes de trabalho, desavenças com as chefias ou falta de reconhecimento e compensação adequados, traduziram-se na decisão de mudar. Em alguns setores, como é o caso da Hotelaria e Restauração, os efeitos destas “demissões em massa” ainda se estão, aliás, a fazer sentir.
Ora, agora que a poeira parece estar a assentar, é inegável que o mercado de trabalho está mais dinâmico do que nunca e não há dúvida de que a balança pende, cada vez mais, a favor dos profissionais. Muitos já tomaram consciência disso mesmo e, ainda que não tenham feito parte do tal êxodo, não deixaram de parar para analisar as suas realidades e possibilidades. Com a taxa de desemprego em níveis historicamente muito baixos, as oportunidades e propostas abundam, e, ainda que não planeiam necessariamente mudar de emprego, muitos profissionais estão a tirar partido deste cenário.
Depois da Great Resignation, deparamo-nos agora com a Great Negotiation – muitos candidatos entram em processos de recrutamento para ver o que está do lado de lá, na expetativa de virem a receber melhores propostas, que possam depois alavancar junto do seu empregador atual. Isto pode passar por uma melhor oferta salarial, pelo acesso a mais benefícios ou mesmo pela possibilidade de ter maior flexibilidade e autonomia. Perante a perspetiva de virem a perder pessoas, muitas organizações acabam por ceder e repensar as condições destes colaboradores, sob pena de terem de incorrer num processo muito mais complexo, custoso e demorado de recrutamento e integração de uma nova pessoa na equipa.
Mas será que podemos mesmo pensar nisto como uma cedência? Ou estaremos antes a falar de uma inevitabilidade que só peca por tardia? Num momento em que a atração e retenção de talento é um dos grandes desafios das empresas, não é suficiente — e é mesmo arriscado — apenas reagir. É preciso antecipar e ser proativo, ouvir os colaboradores e auscultar o seu nível de satisfação e realização no trabalho. É crucial reconhecer que o perfil, motivações, prioridades e expectativas dos profissionais se alteraram profundamente, e que colocar todas as fichas no “amor à camisola” já não basta.
Ao final do dia, a questão é muito simples: as empresas não vivem sem o talento, e, como diz o ditado, “mais vale prevenir do que remediar”…
Texto por Rute Belo, National Senior Manager da área de Recrutamento e Seleção Especializado da Multipessoal
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