Exclusivo Fusões e aquisições caem para valores de 2009

O mercado nacional de fusões e aquisições está muito longe dos recordes alcançados em 2019 e 2020, contabilizando até ao momento um volume global de negócios 69% abaixo da média da última década.

Até ao momento foram realizados 89 operações de fusões e aquisições de empresas envolvendo companhias nacionais num montante global de 2,4 mil milhões de euros. É o valor mais baixo desde 2009, segundo dados da consultora Dealogic.

Se a dinâmica do mercado de fusões e aquisições é um bom indicador para medir o pulso à da saúde da economia de um país, Portugal está longe de estar em forma. Apesar de o número de negócios concretizados este ano não fugir muito à média dos últimos 10 anos (94 operações), o volume global de operações é três vezes inferior à média da última década e situa-se 52% abaixo dos montantes registados em 2021.

Fonte: Dealogic.

O maior negócio concretizado este ano teve lugar em abril e envolveu a compra de 47,8% do capital da empresa de energias renováveis TagEnergy pela Mirova, uma filial do Natixis Investment Managers, e pela empresa de capital de risco Omnes por 300 milhões de euros. Esta operação envolveu ainda o investimento de 150 milhões de euros no reforço do capital da empresa por parte do seu acionista maioritário, a Impala SAS Group, propriedade do empresário francês Jacques Veyrat.

Logo de seguida surge um negócio de 359 milhões de euros realizado pela Altri que envolveu a entrega de 39,64% da participação que detinha na Greenvolt aos seus acionistas, por troca do pagamento monetário de dividendos. Com este negócio, a Altri passou a deter 19,08% do capital de energias renováveis.

A fechar o pódio das maiores operações empresariais realizadas este ano em Portugal está a venda dos restaurantes Burger King pela Ibersol à Restaurant Brands Iberia, em agosto, num negócio avaliado em 260 milhões de euros.

Nos últimos 10 anos, o mercado de fusões e aquisições envolveu mais de mil operações em Portugal e um montante global de negócios de quase 80 mil milhões de euros, cerca de 36% do PIB.

Mercado a ressacar dos recordes de 2019 e 2020

À imagem do que tem acontecido por todo o mundo, o mercado nacional de fusões e aquisições de empresas está também a ressentir-se dos bons números alcançados nos últimos anos. A Dealogic revela que nos primeiros noves meses o volume global de negócios situa-se 14% abaixo do registado no ano passado.

“Depois de ter atingido um pico histórico em 2021, o mercado global de fusões e aquisições entrou em pausa este ano”, refere também a McKinsey, num relatório publicado no final de setembro.

A consultora norte-americana revela ainda que “no início de 2022, o valor dos grandes negócios (mais de 25 milhões de dólares) caiu 24% em relação ao ano anterior, com uma queda de 12% no volume de negócios.”

O mercado nacional não atingiu o pico em 2021 mas em 2020. Nesse ano foram realizadas 115 operações num valor global de 12 mil milhões de euros, onde se destaca a venda da Brisa por 4,1 mil milhões de euros (ou 2,4 mil milhões de euros excluindo a dívida) a um consórcio de nove investidores estrangeiros. Este foi mesmo o terceiro maior negócio de sempre envolvendo empresas portuguesas.

Nos últimos 10 anos, o mercado de fusões e aquisições envolveu mais e mil operações em Portugal e um montante global de negócios de quase 80 mil milhões de euros, cerca de 36% do PIB. Porém, somente os negócios realizados em 2012, 2014 e 2020, os melhores anos da última década, representaram 57% do valor total das operações e fizeram do capital brasileiro a nacionalidade com mais peso no mercado da compra e venda de empresas portuguesas neste período.

Nas cinco maiores operações de fusões e aquisições envolvendo empresas portuguesas desde 2000, três envolveram investidores brasileiros: a venda da Portugal Telecom por 7,4 mil milhões de euros (ou 5,4 mil milhões excluindo a dívida) à Altice por parte da Oi em 2014 (que também foi o maior negócio de sempre de empresas nacionais); e a venda da Cimpor, em 2012, por 4,1 mil milhões de euros (ou 2,4 mil milhões excluído a dívida) por parte de um grupo de investidores portugueses aos brasileiros da Camargo Correa.

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