Costa diz-se “perplexo” com críticas ao novo gasoduto

"Tínhamos de reinventar este gasoduto se queríamos que viesse a existir”, defendeu o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro, António Costa, diz-se “perplexo” com as críticas que tem recebido, por parte da oposição, ao recentemente anunciado novo projeto para o gasoduto que deverá ligar a Península Ibérica a França.

“Tínhamos de reinventar este gasoduto se queríamos que viesse a existir”, defendeu o primeiro-ministro. Uma das críticas que refutou foi que as interconexões elétricas haviam sido abandonadas. “Não foram”, disse. Aliás, essas não levantaram discórdia, já estavam acordadas entre Espanha e França há um ano, segundo Costa.

O vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, exige explicações do primeiro-ministro. O eurodeputado afirma que há falta de esclarecimento sobre alternativas, prazos e custos. “A troco de quê Portugal cedeu num interesse tão vital como o das interligações elétricas?”, questionou Rangel este fim de semana. “Portugal ficou pior porque caíram os compromissos firmes, calendarizados e financiados desde 2014 para a construção de duas interligações elétricas nos Pirenéus”, avalia, considerando que a assinatura deste novo acordo, para Portugal, foi “passar de cavalo para burro”. O grupo parlamentar do PSD requereu um debate de urgência sobre o tema acordo de interligações elétricas de energia, e requer a presença do primeiro-ministro português.

António Costa respondeu às críticas: “Infelizmente, Paulo Rangel já nos habituou a ser uma pessoa que não olha a meios para dizer não importa o quê para atacar o adversário. Ele não sabe nada sobre energia, ele ignora totalmente o que tenha a ver com este acordo”.

Quanto à posição de oposição do PSD, Costa diz-se menos surpreendido. “O PSD há 15 anos estava contra as energias renováveis, há cinco anos contra o hidrogénio verde, portanto é natural que seja contra este novo corredor verde”, atirou.

Mas a oposição insistem em não deixar morrer o tema. Esta segunda-feira o líder do Chega considera que este acordo tripartido “representa um ato de ilusionismo político como poucos” e “apresenta enormes fragilidades” com custos para os portugueses, nomeadamente, porque ao “recomeçar o acordo do do zero parte do financiamento vai ser imputado aos portugueses”, defendeu André Ventura. O responsável considera que o grande beneficiário deste acordo, por “valorizar os terminais de gás espanhóis de Barcelona e Valença, fazendo com que o terminal de Sines perca importância estratégica”. Um argumento já esgrimido por Paulo Rangel, no fim de semana. Ventura disse ainda que se junta ao PSD no pedido de debate de urgência, “se possível antes da discussão orçamental” e deu entrada esta segunda-feira com uma resolução na Assembleia da República para que o Parlamento rejeito o acordo celebrado por Portugal.

Já a Comissão Europeia saudou o acordo entre Portugal, Espanha e França para reforçar interconexões na Península Ibérica disse estar a aguardar detalhes para se manifestar sobre eventual financiamento europeu. “Saudamos este acordo político entre a França e Espanha e Portugal sobre o projeto BarMar e, por princípio, estamos disponíveis para apoiar projetos que cumpram os objetivos do [pacote energético] REPowerEU”, reagiu o porta-voz da Comissão Europeia para a área da Energia.

Porém, “não podemos financiar quaisquer projetos de combustíveis fósseis” pois “não são elegíveis para a lista de projetos de interesse comum, mas os projetos de hidrogénio são elegíveis para tal lista”, ressalvou Tim McPhie. Os três países apostam no facto de o novo gasoduto marítimo também ser apto para hidrogénio ‘verde’ e outros gases renováveis para conseguir voltar a obter a classificação de projeto de interesse comum.

(Notícia atualizada às 13h02 com posição de Bruxelas e do Chega)

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