“Não é com a subida das taxas de juro que combatemos esta inflação”, defende Costa
O primeiro-ministro defende que o Banco Central Europeu deve ter prudência na subida das taxas de juro. Desdramatiza situação no crédito à habitação, apontando que há mecanismos a serem preparados.
O primeiro-ministro defendeu que o caminho da subida das taxas de juro não é a forma ideal de combater a inflação, que é “importada”. António Costa reitera mesmo que o Banco Central Europeu (BCE) “deve ser bastante prudente” com este mecanismo, apesar de desdramatizar os riscos para a situação das pessoas com crédito à habitação no país.
“Compreendendo a lógica da normalização, de não continuar a ter taxas anormalmente baixas, o BCE em toda a sua independência deve ser prudente no mecanismo”, defende o primeiro-ministro, em declarações transmitidas pelas televisões. Isto já que esta inflação “é essencialmente importada, com a guerra da Rússia na Ucrânia, que agravou a rutura das cadeias de abastecimento e introduziu um fator acrescido”.
Na política de normalização das taxas de juro, a meta é a estabilização no longo prazo nos 2%, mas “nos últimos anos os créditos que têm sido concedidos foram com base em testes de stress que previam teste até 3% da taxa de juro“, salienta Costa. Mesmo assim, “não é desejável que a taxa suba tanto”, admite.
O BCE tem agendada uma reunião esta semana onde vai decidir a evolução das taxas de juro e é esperado que voltem a subir, sendo que os analistas não descartam uma subida de 75 pontos base de novo.
Perante este cenário, as “famílias devem estar conscientes de que quem tem taxas variáveis, a taxa está numa tendência crescente”, alerta o primeiro-ministro, que diz ainda assim acreditar que entre o Banco de Portugal, a associação dos bancos e os mecanismos do Governo, “será possível evitar que a evolução das taxas de juro tenha consequências dramáticas”.
Costa assume que as “pessoas vão seguramente pagar mais pelo crédito”, pelo que será necessário “manter a evolução sem que haja uma situação de crise social e perda da habitação”. Mas estão a ser preparados mecanismos, nomeadamente um “diploma que favorece a negociação e elimina os custos associados” a esta, adianta.
Além disso, o Orçamento do Estado “tem uma medida específica que permite o aumento da liquidez das famílias que tenham crédito à habitação ativo e podem pedir a redução de um escalão do IRS”. A situação está também a ser acompanhada junto dos bancos, sendo que Costa sinaliza, “da parte dos bancos, uma grande vontade de encontrarem, pela via negocial com clientes”, uma forma de mitigar o impacto das taxas de juro.
“Já na Covid houve muita tensão em torno deste tema e foi possível ultrapassar fase da pandemia com negociação”, salienta o primeiro-ministro, acrescentando que é necessário “encarar sem dramatismo a situação” que o país atravessa.
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