Congressistas democratas pedem a Biden para “repensar estratégia para a Ucrânia”
Numa carta enviada à Casa Branca na segunda-feira, o grupo de congressistas apela a Biden para que conjugue o apoio que o país está a dar à Ucrânia com um "empurrão diplomático proativo".
Um grupo de 30 democratas do Congresso dos EUA escreveu uma carta dirigida ao Presidente norte-americano, na qual apelam a Joe Biden que mude drasticamente a sua estratégia sobre a guerra na Ucrânia e procure negociar diretamente com a Rússia. É a primeira vez que membros proeminentes do Partido Democrata pressionam Biden a mudar a sua abordagem face ao conflito no leste da Europa.
A carta, enviada pelo grupo à Casa Branca na segunda-feira e publicada no The Washington Post, pode colocar mais pressão sobre Biden enquanto procura manter o apoio interno em relação ao papel dos EUA na ajuda a Kiev, visto que os republicanos têm ameaçado cortar o financiamento à Ucrânia se retomarem a maioria no Congresso na sequência das eleições intercalares de 8 de novembro.
No documento, os 30 democratas, liderados por Pramila Jayapal, apelam ao Presidente norte-americano para conjugar o apoio económico e militar que o país está a dar à Ucrânia com um “empurrão diplomático proativo, redobrando esforços para procurar um cenário realista para um cessar-fogo”.
Até agora, a posição da administração Biden tem sido inflexível, ao afirmar que cabe à Ucrânia decidir se e quando negociar com a Rússia, argumentando que os ucranianos, enquanto povo livre, devem decidir o seu destino.
Após a publicação da carta, muitos congressistas recuaram, o que levou Jayapal a fazer uma declaração mais tarde, ainda na segunda-feira, “clarificando” a posição dos democratas delineada no documento. Nessa declaração posterior, sublinhou que apoiavam a Ucrânia e o compromisso de Biden de assegurar que Kiev estivesse representada em quaisquer discussões sobre o seu futuro.
“Deixem-me ser clara: estamos unidos como Democratas no nosso compromisso inequívoco de apoiar a Ucrânia na sua luta pela sua democracia e liberdade face à invasão ilegal e ultrajante da Rússia“, disse Jayapal, ressalvando que “a diplomacia é um instrumento importante que pode salvar vidas – mas é apenas um instrumento”.
Alguns analistas russos consideram que Moscovo apenas negociará com os EUA. Nesse sentido, o grupo de congressistas defende que essa abertura ao diálogo deve ser aproveitada dada a devastação que o conflito está a ter, até porque “a alternativa à diplomacia é a guerra prolongada, com as suas certezas e riscos catastróficos desconhecidos”.
Além disso, o grupo notou que o próprio Presidente Joe Biden disse que eventualmente terá de haver um acordo negociado, embora nunca tenha dito quando. “Nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia. É o seu território. Não lhes vou dizer o que devem e não devem fazer”, disse o chefe de Estado dos EUA, em junho. “Mas parece-me que, a dada altura, vai ter de haver aqui um acordo negociado. E o que isso implica, não sei”, acrescentou.
Os democratas que subscreveram a carta assinalaram ainda que as consequências da guerra são cada vez mais sentidas muito para além da Ucrânia, incluindo os custos elevados dos alimentos e do gás nos Estados Unidos e os picos nos preços do trigo, fertilizantes e combustível que criaram carências alimentares a nível global, para não mencionar o perigo de um ataque nuclear por parte de Moscovo.
Em resposta à carta, o porta-voz da Casa Branca disse que a administração norte-americana “aprecia as suas preocupações muito ponderadas”, mas reiterou que os ucranianos devem estar no centro de quaisquer aberturas diplomáticas. “Não vamos ter conversas com a liderança russa sem que os ucranianos estejam representados”, afirmou John Kirby aos jornalistas, acrescentando que o Presidente ucraniano “consegue determinar – porque é o seu país – como é o sucesso e quando negociar”.
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