Votação na especialidade do texto de substituição sobre a eutanásia novamente adiada
PS considera que diploma precisa de “análise minuciosa para ter condições” de ser votado na generalidade. Votação final irá ocorrer no primeiro plenário após fim do processo orçamental.
A votação na especialidade do texto de substituição sobre a morte medicamente assistida foi novamente adiada esta quarta-feira, a pedido do PS, por considerarem que o diploma precisa de uma “análise minuciosa para ter condições” de ser votado na generalidade.
Em reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Liberdades e Garantias, a deputada do PS Joana Sá Pereira solicitou que a votação do texto fosse novamente adiada, “por razões óbvias”.
À Lusa, fonte da direção da bancada parlamentar do PS sublinhou que o pedido de adiamento se prende com o facto de este ser um assunto em que “não pode haver a mais pequena dúvida”, tendo em conta os dois vetos do Presidente da República nas últimas versões do diploma.
Nesse sentido, o PS entende que o texto de substituição sobre a morte medicamente assistida “necessita de uma análise minuciosa para ter condições para ser votado”.
“Essa análise minuciosa não se consegue fazer de hoje para amanhã [quinta-feira]”, referiu a fonte do PS, garantindo que o diploma será submetido à votação final global no primeiro plenário após o fim do processo orçamental.
É a segunda vez que a votação deste diploma é adiada na especialidade, após, na semana passada, o Chega também ter apresentado um pedido potestativo de adiamento.
Com este adiamento, o diploma só poderá agora ser votado na especialidade depois de 25 de novembro, data da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2023, tendo em conta que, a partir da votação na generalidade da proposta orçamental, que decorre esta quinta-feira, o trabalho das comissões ficará suspenso.
No final da reunião, o presidente da primeira comissão, o deputado do PSD Fernando Negrão, dirigiu-se a Isabel Moreira – filha de Adriano Moreira, que morreu aos 100 anos no domingo, e autora do texto de substituição sobre a morte medicamente assistida –, para afirmar que admirou muito a sua coragem por ter participado na reunião de esta quarta-feira.
“Admiro a sua coragem em ter vindo aqui para o pé de nós, depois da perda dolorosa e forte, tenho a certeza, e sabemos todos, que sofreu”, disse.
Fernando Negrão garantiu a Isabel Moreira que tem, em cada membro da comissão, “um amigo”.
“Quando sentir que a sua coragem possa vacilar, e sentir que podemos ser úteis de alguma forma, por favor socorra-se de nós. Nós queremos continuar a vê-la aqui, a trabalhar consigo, a rir consigo, queremos continuar a estar consigo”, disse.
O texto de substituição elaborado com base nos projetos de lei do PS, Iniciativa Liberal, BE e PAN foi fechado no passado dia 13 de outubro no grupo de trabalho sobre a morte medicamente assistida fechou
O texto estabelece agora um prazo mínimo de dois meses desde o início do procedimento para a sua concretização, sendo também obrigatória a disponibilização de acompanhamento psicológico.
Na anterior legislatura, a despenalização, em certas condições, da morte medicamente assistida, alterando o Código Penal, reuniu maioria alargada no parlamento, mas foi alvo de dois vetos do Presidente da República: uma primeira vez após o chumbo do Tribunal Constitucional, na sequência de um pedido de fiscalização de Marcelo Rebelo de Sousa.
Numa segunda vez, em 26 de novembro, o Presidente rejeitou o diploma através de um veto político realçando que ao longo do novo texto eram utilizadas expressões diferentes na definição do tipo de doenças exigidas e defendendo que o legislador tinha de optar entre a “doença só grave”, a “doença grave e incurável” e a “doença incurável e fatal”.
Desta vez, em comparação ao último decreto, o texto de substituição deixa cair a exigência de “doença fatal”.
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