Gentiloni reconhece impacto “substancial” de pacote português para a energia
O comissário para a economia apela, contudo, a que as medidas adotadas para fazer face à crise energética "sejam tão temporárias e direcionadas quanto possível".
O comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, aponta que o pacote de medidas de resposta à crise energética avançado em Portugal foi “muito grande” e reconhece-lhe um “impacto substancial”. No entanto, apela a que as medidas sejam “temporárias e direcionadas”.
“Vimos que o pacote de medidas adotado para mitigar este impacto [da pobreza energética] ao longo deste ano (…) foi muito grande, na nossa estimativa a 2,1% do PIB”, indicou Gentiloni, em resposta às questões colocadas por uma jornalista na conferência de imprensa sobre as previsões económicas de Outono, divulgadas esta sexta-feira pela Comissão Europeia.
No relatório, é referido que o “desempenho pujante” do Governo em termos de receita deve continuar, à medida que cessam algumas medidas relacionadas com a pandemia de Covid-19, mas também terminam medidas orçamentais energéticas. “O custo destas últimas deverá ser de 0,9% do PIB em 2023, [mas] não deverão ter impacto em 2024, ano em que expiram”, relata a comissão.
“É um impacto substancial”, continuou, para depois ressalvar: “Apelamos é que as medidas sejam tão temporárias e direcionadas quanto possível. Não é fácil, mas é o nosso apelo”. Gentiloni deu o exemplo de medidas como a redução da carga fiscal sobre os combustível – que em Portugal foi executada através da descida do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos e pelo congelamento da taxa de carbono –, além dos subsídios concedidos às empresas.
O risco de seca, que está “diretamente relacionado com preços de energia e commodities”, também foi abordado pelo comissário, que vê este risco como sombra para países específicos. “Temos experiência em Portugal e Espanha do impacto disto na produção hídrica e [consequentemente] no mix de energia.
Uma menor produção hídrica implica que esta energia seja substituída por outras fontes. Uma vez que a energia hídrica é despachável, isto é, não intermitente, é mais diretamente substituível por energias fósseis, como o gás. Segundo os dados partilhados pela REN, nos nove meses até setembro, a energia hídrica continua a ficar aquém da média histórica, com o índice de produtibilidade hidroelétrica a marcar os 0,37, face a uma média histórica de 1, enquanto o consumo de gás natural para a produção de eletricidade subiu 38%, face ao mesmo período do ano anterior.
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