Bruxelas mais pessimista do que o Governo. Economia cresce apenas 0,7% em 2023

A Comissão Europeia estima PIB a crescer 6,6% em 2022, mas abrandamento severo para 0,7% em 2023. Governo prevê crescimento económico de 1,3% no próximo ano.

A Comissão Europeia reviu em alta a previsão de crescimento do PIB de Portugal para 6,6% em 2022, mas cortou a previsão para 2023 em mais de metade para 0,7%, revela o relatório macroeconómico de outono divulgado esta sexta-feira. Além disso, as previsões para o próximo ano são mais pessimistas do que as do Governo, que antecipa um crescimento de 1,3% em 2023. Para este ano, as estimativas do Executivo são de uma progressão de 6,5%.

O crescimento de Portugal este ano foi impulsionado pela forte recuperação do turismo, nota a Comissão. No entanto, “os indicadores de curto prazo mais recentes sugerem uma perspetiva de crescimento fraca para o segundo semestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, uma vez que o sentimento de investimento continua a sofrer com a incerteza global e a procura privada é limitada por custos com energia elevados”, acrescentam.

Bruxelas admite ainda que há riscos para as perspetivas de crescimento “à luz do ambiente global incerto e dos riscos específicos de cada país relacionados com a grave seca na Península Ibérica, que pode ter repercussões prolongadas no abastecimento doméstico de alimentos”.

Previsões de variação do PIB

Fonte: Comissão Europeia (variação em percentagem).

As últimas previsões de Bruxelas para Portugal datavam de julho e apontavam para um crescimento de 6,5% em 2022 e 1,9% em 2023. A evolução deste ano deu confiança para subir o valor estimado para 2022, que é mais elevado do que o estimado pelo Governo (6,5%). Mas as projeções do próximo ano ficam bastante abaixo do cenário inscrito no Orçamento do Estado para 2023 (OE2023). As previsões do Governo apontam para um crescimento de 6,5% este ano e 1,3% no próximo.

A Comissão Europeia alinha assim as suas previsões com as do Fundo Monetário Internacional, até agora a instituição mais pessimista, pois aponta para um crescimento de 6,2% este ano e de 0,7% no próximo. Já o Banco de Portugal prevê um crescimento de 6,7% para este ano, uma previsão partilhada pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP) que antecipa um abrandamento para 1,2% em 2023, numa base de políticas invariantes, ou seja, que não tem em conta as medidas que o Governo vai tomar, nomeadamente no OE.

Quanto à dívida pública, a previsão é que se cifre nos 115,9% este ano e 109,1% no próximo, o que está quase em linha com o estimado no OE2023 (115% em 2022 e 110,8% em 2023). A trajetória de redução continua em 2024 para 105,3%, projeta o Executivo comunitário.

No saldo orçamental, a Comissão aponta para um défice de 1,9% este ano, igual ao Governo, mas para o ano é mais pessimista: prevê que apenas se reduza para 1,1%, enquanto a projeção do OE é de um défice de 0,9%.

A Comissão alerta que existem riscos para as perspetivas orçamentais, que “estão ligados a passivos contingentes relacionados a linhas de crédito com garantia pública, o processo de negociação em andamento de pedidos de reequilíbrio de parcerias público-privadas (PPP) e pressões ascendentes sobre os gastos correntes”.

Bruxelas estima ainda que a taxa de desemprego em Portugal será de 5,9% tanto em 2022 como 2023, acima da previsão de 5,6% do Governo português. Para 2024, a Comissão antecipa uma descida do desemprego para 5,7%.

Já para a inflação, vê uma taxa de 8% em 2022 e 5,8% em 2023, ambas mais elevadas que a estimativa do Governo. O Executivo estimava uma taxa de 7,4% em 2022 e 4% em 2023. No entanto, esta previsão já deve estar ultrapassada, como sinalizou a presidente do Conselho das Finanças Públicas no Parlamento, esta semana.

(Notícia atualizada às 10h50)

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