BRANDS' ECO Portugal Exportador: “Um ecossistema de internacionalização”

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  • 18 Novembro 2022

Em entrevista ao ECO, Rafael Campos Pereira, vice-Presidente Executivo da AIMMAP, fala sobre a importância da internacionalização das empresas e o impacto do Portugal Exportador nesse caminho.

São várias as empresas nacionais que têm como ambição alargar os seus mercados de exportação. Nesse sentido, o interesse pela internacionalização tem vindo a aumentar, já que quanto maior for a internacionalização de uma empresa, maior será a probabilidade de aumentar a quantidade de produtos/serviços exportados.

A AIMMAP, Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos e Afins de Portugal, é um dos exemplos de associações que tem vindo a promover iniciativas que resultem na consolidação da posição das empresas metalúrgicas portuguesas nos mercados externos, nomeadamente através de feiras internacionais em mais de 30 países.

Para perceber a importância da internacionalização de empresas do setor e outras, Rafael Campos Pereira, vice-Presidente Executivo da AIMMAP, apresentou, em entrevista ao ECO, as mais-valias que as empresas podem retirar deste tipo de eventos, principalmente do Portugal Exportador. Pode conhecer as vantagens, mas também os desafios, na entrevista abaixo.

Que projetos a AIMMAP tem desenvolvido?

Como é sabido, anualmente a AIMMAP lidera a participação coletiva do METAL PORTUGAL em alguns dos mais relevantes certames internacionais, nomeadamente num conjunto de importantes feiras internacionais na área de subcontratação de elevado valor acrescentado. Ano após ano, a associação aprova e implementa um plano de internacionalização ambicioso, com o objetivo de apoiar as empresas do METAL PORTUGAL a crescer e consolidar as suas posições nos mercados externos.

Desde 1999 a AIMMAP já desenvolveu 18 Projetos Conjuntos de Internacionalização que envolveram mais de 400 empresas, que abordaram mercados em quatro continentes, em mais de 30 países. Desenvolveu ainda projetos focados em promover a marca METAL PORTUGAL nos mercados globais, através de um conjunto de iniciativas sobretudo do foro digital, mas não só.

O resultado desta aposta da AIMMAP na internacionalização está bem à vista de todos, com o METAL PORTUGAL a conquistar o título do setor campeão das exportações em Portugal, há vários anos consecutivos e com valores verdadeiramente impressionantes. Em dez anos as exportações do setor mais do que duplicaram, e estão agora muito perto dos 20 mil milhões de euros, valor que será seguramente atingido já em 2022.

Quais os novos mercados que são uma aposta segura nesta fase do Mundo?

Os últimos dois anos e meio foram anos muito atípicos, com uma pandemia que chegou sem aviso nem preparação, à qual se seguiu a guerra na Ucrânia. Duas situações com reflexos enormes na conjuntura económica mundial. Nunca como agora, as empresas tiveram de saber enfrentar uma tão grande diversidade de desafios e obstáculos que coexistem em simultâneo. Apesar disso, falamos de um período ao longo do qual o METAL PORTUGAL tem vindo a acumular os melhores resultados mensais de sempre, no que respeita às exportações. E isto deve-se em grande medida a um esforço exemplar e grande perseverança das empresas na prospeção de novos mercados, com um crescimento inclusivamente dos mercados extracomunitários.

Não obstante, seguramente que os principais destinos das exportações do setor, nomeadamente a Espanha, a França e a Alemanha continuarão a ter uma importância primordial para as nossas empresas.

Também o mercado dos EUA, pelo aumento das exportações verificadas nos últimos anos, parece-nos uma aposta segura, até porque apresenta um grande potencial de crescimento. Em boa verdade, a qualidade e incorporação tecnológica presentes nas empresas do METAL PORTUGAL têm potenciado uma evolução espantosa das exportações do setor para o mercado americano com um crescimento superior a 138% entre os anos de 2010 e 2021. Já nos primeiros 7 meses de 2022, na sequência de investimentos realizados por parte de muitas empresas do METAL PORTUGAL e da própria AIMMAP, verificou-se um crescimento homólogo das exportações do setor de 74,9% face a 2021, o que é particularmente notável tratando-se de um mercado com o nível de sofisticação do mercado americano.

Consideramos também que a Coreia do Sul poderá transformar-se num destino privilegiado para as nossas exportações a médio prazo, sendo para tal necessário que haja uma clara aposta estratégica de Portugal neste mercado com o desenvolvimento de um conjunto de ações capazes de auxiliar as nossas empresas a penetrar neste mercado altamente competitivo.

Como vê a importância de um evento como o Portugal Exportador?

Por um lado, as empresas têm acesso a informação e iniciativas que as auxiliem no complexo processo que é internacionalização, quer seja na abordagem de novos mercados, quer seja na consolidação das exportações. Funciona, portanto, como um instrumento de capacitação, proporcionando ainda às empresas o acesso a uma rede de contactos de excelência no que respeita aos mercados externos, seja ao nível de potenciais clientes, seja ao nível da diplomacia económica. Por outro lado, as associações e outras entidades presentes no evento, partilham a sua experiência e conhecimentos no capítulo da internacionalização, junto das empresas que visitam o certame e demais entidades visitantes e participantes.

Considera importante a criação do “Mundo” onde as associações terão oportunidade de promover os seus projetos de internacionalização?

Sem dúvida que sim. É francamente importante que as associações consigam chegar ao maior número de empresas possível, partilhando os benefícios dos investimentos em internacionalização, disseminando um conjunto de boas práticas fundamentais para processos de internacionalização bem-sucedidos.

Por exemplo, no caso concreto das missões internacionais promovidas pela AIMMAP, as empresas usufruem dos benefícios de trabalhar sob a marca METAL PORTUGAL, uma marca criada e disponibilizada pela associação, particularmente relevante para as empresas que trabalham o mercado internacional, contando assim com o apoio desta marca setorial para se destacarem enquanto produtoras de produtos de elevado valor acrescentado, com muita incorporação tecnológica e design.

Além disso, estas ações conjuntas internacionais e a experiência que delas advém e se vai acumulando produz um efeito de arrastamento e uma externalidade muito positiva para as empresas que ainda não iniciaram os seus processos de internacionalização ou que se ainda se encontram numa fase muito inicial desse processo. Não tenho dúvida que o envolvimento da AIMMAP nos projetos de internacionalização tem sido crucial para a criação de um ecossistema de excelência, qualidade e crescimento consolidado nos mercados globais.

No seu entender o Portugal Exportador pode ser o local de partilha de informação e boas práticas entre as várias associações empresariais relativamente aos projetos que desenvolvem?

Seguramente que sim. Não só pela experiência multissetorial que se acumula num evento desta natureza, mas também pela partilha de experiências vividas nos diversos mercados, sabendo de antemão que cada mercado tem as suas especificidades e que estas devem ser tidas em conta nos diversos processos de internacionalização e adaptadas ao nível de maturação de cada um desses processos.

É um evento que gera um ecossistema de internacionalização por excelência, onde surgem novas oportunidades e onde se estabelecem contactos de enorme importância nomeadamente no que respeita à rede de diplomacia económica, que em muitos processos de internacionalização acaba por ser um suporte relevante.

Além disso, e no que respeita diretamente às empresas, pode muitas vezes ser uma alavanca para algumas iniciarem os seus processos de internacionalização, ou uma ajuda concreta para chegarem a determinados mercados ou detetarem novas oportunidades.

É importante haver parcerias entre as associações?

Claramente que sim. Por exemplo, e no que respeita às feiras, no caso da AIMMAP, lidera anualmente a participação coletiva do METAL PORTUGAL em alguns dos mais relevantes certames internacionais, nomeadamente num conjunto de importantes feiras internacionais na área de subcontratação de elevado valor acrescentado, como é o caso da Hannover Messe na Alemanha, a GLOBAL INDUSTRIE – MIDEST em França, a MINDTECH, a “MetalMadrid” e a “SUBCONTRATACIÓN” em Espanha, a “ELMIA Subcontractor” na Suécia, entre outras. Esta experiência resulta num conhecimento acumulado ao longo de vários anos, e cuja partilha e o estabelecimento de parcerias pode em muito beneficiar grande parte do ecossistema associativo e empresarial.

Quais as competências mais procuradas pelas empresas?

As empresas do METAL PORTUGAL apresentam há vários anos, uma enorme pressão de crescimento. A qualidade, competência e nível de incorporação tecnológica que o setor apresenta, são hoje reconhecidas e valorizadas pelos mercados mais sofisticados. Obviamente que tal reconhecimento internacional tem implícito o esforço que o setor tem feito ao acompanhar os mais exigentes padrões, nomeadamente no que se refere aos processos de transição digital e ambiental, economia circular, e sustentabilidade social.

Neste contexto, é facilmente compreensível que as empresas do METAL PORTUGAL têm atualmente uma elevada percentagem de colaboradores qualificados e dotados de grande competência tecnológica e digital. No entanto, apesar do investimento que as empresas fazem em formação e capacitação dos seus trabalhadores, enfrentam uma gigantesca dificuldade em contratar colaboradores. Um problema de caráter já estrutural, que a AIMMAP há muito que acompanha e para o qual ajuda a procurar soluções.

Acredita que as competências digitais, uma ferramenta que será trabalhada no Portugal Exportador, podem ser importantes?

Seguramente que sim. Os processos de digitalização em toda a cadeia de valor das empresas, são um imperativo para uma economia mais competitiva. As empresas necessitam, portanto, de trabalhadores com competências digitais nas áreas administrativas e de gestão, e em todo o processo produtivo, pois só assim estarão aptas para competir nos mercados mais exigentes e sofisticados.

Acha que Portugal é um país exportador no seu setor?

Sem dúvida nenhuma. Aliás, o METAL PORTUGAL é exportador por natureza e pelos valores de exportação que apresenta e que já referi anteriormente e pela performance a que as suas exportações nos habituaram, arrisco-me a dizer que o mundo é o seu mercado natural. Com efeito, grande parte das empresas exporta direta ou indiretamente mais de 90% da sua faturação, o que é notável.

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