Prestação da casa vai subir mais de 90 euros até final de 2023
Banco de Portugal estima subida das Euribor até 3% no final do próximo ano. Isto vai representar um aumento de mais de 90 euros da prestação da casa para 1,4 milhões de famílias.
Quem está a pagar o crédito da casa ao banco não tem recebido boas notícias nos últimos meses. As Euribor estão a subir em flecha e isso tem representado um aumento significativo da prestação da habitação nos contratos com taxa variável. A má notícia não fica por aqui: estas taxas vão continuar a subir no próximo ano. O Banco de Portugal estima uma subida até 3%. E isso significa que a prestação média irá aumentar mais de 90 euros até final de 2023, atingindo 1,4 milhões de famílias.
Nem todos vão ser impactados da mesma forma, de acordo com o que projeta o supervisor no Relatório de Estabilidade Financeira publicado esta quarta-feira.
Para 41% dos contratos de empréstimos à habitação – que representarão cerca de 575 mil contratos — espera-se que o aumento da prestação entre junho de 2022 e dezembro de 2023 seja inferior a 50 euros. Aqui estarão incluídos contratos mais antigos e cujo valor do capital em dívida é mais reduzido, e cujos titulares vão ser por isso menos afetados com a subida das Euribor.
Mas para 18,1% dos contratos (253 mil contratos) o cenário que se avizinha é muito mais penalizador na medida em que o agravamento dos juros se traduzirá num aumento da prestação acima dos 150 euros até final do próximo ano. O supervisor não deixa de notar que a exposição dos bancos a estes empréstimos “corresponde a 43,8% do stock em junho de 2022”.
“Esta maior exposição decorre de, para as mesmas condições contratuais (taxa de juro e maturidade residual), empréstimos cujo montante em dívida seja superior terem maiores aumentos da prestação”, explica o regulador liderado por Mário Centeno.
Estas simulações têm por base um cenário em que se espera que as taxas Euribor – taxas a que os bancos emprestam entre si no mercado interbancário e que são usadas nos contratos financeiros, como do crédito à habitação – vão subir para 3% em dezembro de 2023 para os prazos a 3, 6 e 12 meses.
Em termos médios, as famílias com crédito da casa vão passar a pagar ao banco uma prestação mensal de 371 euros no final de 2023, quando pagavam menos de 279 euros há apenas cinco meses. O Banco de Portugal recorda, ainda assim, que as famílias reduziram muito o seu nível de endividamento nos últimos anos, tendo aumentado as suas poupanças (em depósitos bancários) desde o início da pandemia, fatores que poderão ajudar a aliviar o aumento dos encargos mensais com o crédito da casa.
Para os bancos, a subida das Euribor irá traduzir-se num aumento significativo da margem financeira. O Banco de Portugal estima que as famílias, em termos agregados, vão passar a pagar 520 milhões de euros todos os meses à banca pelos empréstimos à habitação, um aumento de 130 milhões de euros em relação a junho deste ano.
Taxa de esforço sobe, mas fica abaixo do trigger de renegociação
Ainda de acordo com o Banco de Portugal, a subida das Euribor irá aumentar a taxa de esforço das famílias em 4,8 pontos percentuais até final do próximo ano, quando deverá atingir os 21,5%, abaixo do patamar de 36% que determinará uma renegociação do contrato com o banco a fim de evitar o incumprimento, como estabelecem as novas regras criadas pelo Governo.
É expectável que quase 11% dos contratos venha a ter uma taxa de esforço (valor da prestação em função dos rendimentos do agregado) superior a 40% em dezembro de 2023, o dobro do que se verificava em junho (5,1%), o que, num quadro de aumento generalizado dos preços, exigirá maior atenção da parte dos bancos no sentido de ajudar a evitar uma situação de incapacidade dos seus clientes de pagarem os empréstimos.
Ainda assim, o panorama geral dá uma ideia mais tranquila sobre o que poderá ser o impacto do aumento da prestação da casa no orçamento das famílias: mais de metade dos contratos continuará a ter uma taxa de esforço atual igual ou inferior a 20%.
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