APS alerta para a poupança, riscos naturais e ‘protection gaps’

  • ECO Seguros
  • 29 Novembro 2022

A Associação Portuguesa de Seguradores alerta para os riscos que vão marcar 2023 e os próximos anos: poupança reforma, catástrofes naturais e protection gaps. Apresenta também possíveis soluções.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS), sob a liderança de José Galamba de Oliveira, acredita que “é urgente desenvolver uma maior consciencialização na população portuguesa sobre a necessidade e importância de se poupar para a reforma”.

O Presidente da APS, José Galamba de Oliveira confirma ser “expectável que alguma coisa aconteça em termos de incremento [de preços]”, frisando que tal dependerá da carteira de apólices das diferentes seguradoras.
No encontro da associação com os jornalistas, no contexto dos 40 Anos da APS, foram citados dados preocupantes relativos ao ‘Ageing Report 2021’, criado pela Comissão Europeia, que indica que a taxa de substituição à idade da reforma (regime público) era, em Portugal, em 2019, de 74,0%, e projeta-se que reduza para 54,5% em 2040, e até 43,0% em 2060.

Os regimes complementares promovidos por entidades patronais, identificadas como Pilar II, e a poupança individual, Pilar III, são cada vez mais vistos como a única forma de garantir a sustentabilidade e a adequação das pensões de reforma individuais.

Mas a APS destaca que estão disponíveis no mercado produtos importantes, destinados à poupança de longo prazo: produtos financeiros tradicionais que, tipicamente, combinam uma garantia de capital e/ou rendimento com uma componente de participação nos resultados, dependente do comportamento dos ativos afetos à cobertura das responsabilidades; e produtos unit-linked que, tipicamente, não oferecem garantias, mas permitem aos aforradores beneficiar integralmente das evoluções favoráveis dos mercados financeiros.

A APS reconhece que existem constrangimentos para a poupança de longo prazo, e cita o ambiente prolongado de baixas taxas de juro; os elevados requisitos de capital exigidos pelo regime prudencial – no contexto da Solvência II – ­ a produtos de longo prazo e com garantias, levando-as a concentrar a sua oferta em produtos unit-linked (produtos menos exigentes em termos de requisitos de capital); a inexistência de incentivos fiscais para a poupança de longo prazo e a falta de literacia e transparência sobre o valor das futuras pensões de reforma.

Como fomento para a poupança para a reforma, a APS sugere medidas como a implementação do Pan-European Personal Pension Product (PEPP) em Portugal; de Planos de poupança para a reforma de iniciativa empresarial; uma fiscalidade equilibrada para os produtos de reforma. A associação também assinalou que a subida recente das taxas de juros tem permitido, embora de forma tímida, o desenvolvimento de mais produtos com garantias de capital e/ou rendimento, produtos mais apelativos a um perfil de aforrador mais avesso ao risco.

A Associação destaca a importância de produtos inovadores nesta área, como é o caso de soluções que permitam a possibilidade de monetização/descumulação de Poupança acumulada em Património Imobiliário, bem como produtos mistos com coberturas de Vida, Saúde e Dependência.

Quando, no encontro, foi abordado o tema da cobertura de riscos catastróficos, a APS destacou a necessidade da criação de um sistema nacional de proteção de riscos catastróficos, que tenha subjacente uma articulação entre o Estado e as empresas de seguros, mas que seja essencialmente baseada em soluções seguradoras. Esta foi já proposta no contexto da Estratégia Nacional para uma Proteção Civil Preventiva 2030.

Perante a chegada de um novo ano em que se perspetiva que os níveis de inflação continuem historicamente elevados, o presidente da APS refere ser “expectável que alguma coisa aconteça em termos de incremento [de preços]”, sublinhando porém que tal dependerá da carteira de apólices das diferentes seguradoras.

“Os custos estão a crescer”, o que coloca “alguma pressão nas seguradoras”, disse, admitindo que o ramo automóvel será um dos mais pressionados.

Durante o encontro, o Presidente da APS salientou ainda a importância da obrigatoriedade da cobertura do condutor nos seguros automóvel, já que 60% dos acidentes causam danos ao condutor.

A APS considera ainda, no âmbito das alterações climáticas, e tendo em conta que a ‘protection gap’ (diferença entre o nível de perdas seguro e não seguro) é em Portugal superior à média global de 70%, devia haver contratação obrigatória da cobertura de fenómenos sísmicos em seguros de incêndios e multirriscos.

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