“Seguros de responsabilidade civil estão a crescer 16% ao ano em Portugal”, diz Carlos Palos, da Berkley

O responsável ibérico pela seguradora americana especializada W.R. Berkley, acredita que em 6 anos multiplica por 3 os seguros de responsabilidade civil emitidos. Com Ambiente, Ciber e D&O na frente.

Carlos Palos, CEO da Berkley para Portugal e Espanha: “nas reuniões que tivemos com corretores todos têm planos de crescimento que é um reflexo da boa saúde do setor”.

O engenheiro naval Carlos Palos está a completar seis meses à frente dos destinos ibéricos da W.R. Berkley da seguradora americana especializada em seguros de responsabilidade civil (RC) que tem mais de 60 escritórios em todo o mundo. Entrou em Portugal em 2019 e logo procurou os maiores corretores portugueses. Com 20 anos de experiência no setor segurador, Carlos Palos explicou, em entrevista a ECOseguros, como vai evoluir o ramo e como a Berkley Portugal quer ser uma das principais players em RC.

A Berkley entrou em Portugal em 2019 sendo um player desconhecido no mercado português, logo depois aconteceu a pandemia, como tem sido a receção?

Já visitei os principais corretores em Portugal e fiquei com uma ideia fantástica. Todos apreciaram a presença da Berkley como companhia especializada no mercado português. A ideia de ser uma companhia americana que traz como bandeira a inovação foi bem recebida e que acrescentamos competitividade ao mercado e sempre é bom. Por isso teremos um espaço de responsabilidade civil junto dos corretores e o negócio em Portugal pode tornar-se uma peça do desenvolvimento da Berkley na Europa.

Como vê a situação económica em Espanha e Portugal?

Estamos em situações difíceis e com algumas semelhanças. Ambos os países vão acabar 2022 com crescimentos superiores à média europeia e com uma inflação que se vai controlando. Em 2023 haverá crescimentos do PIB em torno de 0,5% e inflação de 4 ou 4,5%. Continua a ser uma inflação alta e o foco dos governos vai estar no controlo dos preços e obter benefícios dos fundos europeus para desenvolvimento dos dois países.

As linhas de negócio de Berkley, têm componentes de responsabilidade civil obrigatória e voluntária. Em Portugal temos mais de 100 seguros obrigatórios de responsabilidade civil, mas quanto aos facultativos, ou as empresas ainda não os compreendem ou não usam tanto?

O setor dos seguros sempre se comportou de forma anti-cíclica e na crise anterior vimos como o setor goza de boa saúde e superou as crises melhor que outros setores. Nas reuniões que tivemos com corretores todos têm planos de crescimento que é um reflexo da boa saúde do setor. No nosso caso somos uma companhia de nicho de responsabilidade civil e que protege os patrimónios dos profissionais e dos empresários. Assim, num momento de incerteza económica os nossos clientes podem ter tendência a proteger a sua responsabilidade civil, porque podem dar-se circunstâncias ou sinistros que põem em causa da viabilidade dos seus negócios. Na nossa opinião o ramo da responsabilidade civil vai seguir a crescer, vemos que em Espanha a RC está a crescer 12% ao ano em prémios e em Portugal uns 16%.

Quanto ao protecion gap, há diferença entre a segurável e o atualmente seguro?

No mercado de seguros todo o mundo fala de especialização, mas uma companhia como a Berkley, já leva 16 anos no ramo da responsabilidade civil com produtos taylormade, face a produtos que são mais generalistas. Quando oferecemos seguros feitos à medida pretendemos que os nossos produtos assegurem as necessidades reais dos nossos clientes.

Otimista quanto a crescimento dos seguros não obrigatórios?

Sim na proteção de administradores e na responsabilidade ambiental, que já tem um peso de 30% na nossa carteira em Portugal, e estamos a ver crescimento de novos negócios, há uma maior consciencialização da sociedade em geral.

O risco em responsabilidade civil quanto a alterações climáticas ou cibersegurança são acontecimentos recentes, não é um risco ainda muito incerto? As resseguradoras acompanham?

É uma especialização muito difícil, tanto na subscrição como na gestão de sinistros. Estou satisfeito por ter encontrado equipas altamente especializadas por que o nosso negócio é compreender os riscos dos clientes e também estar presentes quando há sinistros. O nosso foco vai continuar na especialização e muito centrada nas pessoas e estar muito perto dos mercados, dos clientes, dos corretores. Damos formação e incorporamos capacidades e talento, quando não temos, que permita essa especialização e aceder a riscos em que ainda não estamos, sempre com esse foco de nicho e especialização.

Responsabilidade ambiental tem muitos aspetos e muitas vezes aparecem situações novas, como é possível convencer os clientes das ameaças?

Vamos tendo notícias de danos aos meios ambientais que responsabilizam empresas e profissionais que podem ser vinculados a essas situações. Mas pode ser visto como um custo. Podemos transmitir aos corretores que não é preciso estar numa indústria tradicionalmente ligada a danos ao meio ambiente para ter riscos. Basta ter um depósito de gasóleo e uma fuga provocar danos ao ambiente. A empresa é responsável por esse dano. No fundo, é preciso partilhar experiências que temos no dia-a-dia para que os corretores compreendam que os seus clientes devem estar corretamente seguros quanto a responsabilidade ambiental.

A experiência mundial é útil? Há depósitos de gasóleo em todo o lado.

Absolutamente. Essa é uma das vantagens de uma companhia como Berkley que tem 60 companhias em todo o mundo e muito especializadas, algumas que trabalham em um só ramo. É uma vantagem aprender com colegas com especialidade ambiental, ciber e outros ramos.

Um seguro é caro, e quando há menos dinheiro torna-se um obstáculo?

Certos setores continuam a ver os seguros como um custo. Para nós não é, é proteger o património do segurado. As apólices são cada vez mais amplas, cobrindo múltiplas situações e os sinistros pagam-se. Já estamos muito longe de tempos de preços altos e dificuldades em pagar sinistros.

Quais as ambições para Portugal e Espanha? Já agora, são assuntos diferentes ou Iberia é uma só?

Entrámos em Portugal há 3 anos, estamos satisfeitos, vamos investir e de momento trabalha-se com o backoffice em Espanha. No futuro poderá converter-se em 2 companhias. Queremos multiplicar por dois o negócio até 2027 e, concretamente, em Portugal queremos multiplicar por 3. Mas não é só questão de crescimento rápido, é de especialização e encontrar a fórmula de dar soluções ao mercado, com uma companhia especializada e ágil. A proposta da Berkley é apreciada pela proximidade ao mercado, pela especialização, pela agilidade, pela capacidade de resposta. Há decisões que podemos tomar em Espanha, a descentralização europeia da companhia permite essa autonomia. Por último dispomos de uma base de operações com ferramentas tecnológicas que nos permite fomentar o auto-serviço.

As queixas dos corretores estão em poucas seguradoras para certos riscos e falta rapidez de resposta…

Estamos muito perto do dia-a-dia com o Frederico Gil, business development manager em Portugal, e o modelo está a funcionar perfeitamente. Somos rápidos e flexíveis e vamos aumentar os recursos envolvidos por que essa é a chave.

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