BRANDS' TRABALHO O papel das seguradoras no estímulo à poupança

  • BRANDS' TRABALHO
  • 14 Dezembro 2022

Perante o debate da sustentabilidade do sistema de pensões em Portugal, qual será a resposta das seguradoras e fundos de pensões?

É necessário pensar a longo prazo, o atual e conturbado cenário económico assim o exige. A elevada inflação, as subidas agressivas das taxas de juro por parte dos bancos centrais e um ajustamento das remunerações dos trabalhadores abaixo do aumento real de preços está a resultar numa rápida quebra do poder de compra das famílias, obrigando-as a reavaliarem as suas prioridades e finanças pessoais. É neste quadro que os portugueses olham com preocupação para as notícias sobre a sustentabilidade do sistema de pensões, onde as condicionantes demográficas já reconhecidas são cada vez mais evidentes numa população envelhecida e onde as autoridades admitem a necessidade de realizar alterações ao atual modelo de cálculo das pensões.

A solução pode ser dada pelas instituições financeiras, no qual as seguradoras e fundos de pensões ocupam a pole position. Os portugueses revelam ainda desconhecimento dos benefícios da poupança via produtos de capitalização, sendo que a maioria aplica as suas poupanças em depósitos a prazo onde a remuneração nominal é próxima de zero nos dias de hoje. A capacidade de rentabilizar este capital retido em depósitos com remunerações baixas pode resultar num alívio das famílias no momento da reforma.

Cabe ao mercado segurador altamente regulado, profissional e com conhecimento especializado informar sobre as soluções de poupança que dispõe. Entre as quais se incluí seguros e fundos de poupança reforma, além de fundos de investimento como alternativas diversificadas e personalizadas face aos tradicionais depósitos. Cada produto encerra em si um leque de vantagens e desvantagens, a maior das quais o facto da rentabilidade histórica não ser garantia de rentabilidade futura, pelo que a escolha onde aplicar o dinheiro deve ser ponderada e esclarecida.

Estes produtos disponibilizados pelas seguradoras podem revelar-se uma excelente opção para rentabilizar as poupanças que não constituam uma reserva de emergência para as famílias, permitindo no imediato não só a redução da atual perda de valor real dos depósitos bem como em alguns casos usufruir adicionalmente de benefícios fiscais em sede de IRS por aplicarem o seu dinheiro nestes produtos. A longo prazo, os portugueses poderão contar com um valor complementar à sua pensão de reforma futura, cujo cenário é incerto e onde não se pode excluir a existência de novas atualizações no que à idade da reforma e fator de sustentabilidade diz respeito, considerando o atual fluxo de novos pensionistas e de novos trabalhadores no ativo.

Estas preocupações têm sido partilhadas pelas autoridades nacionais e europeias, onde destaca-se o desenvolvimento de novas soluções integradas dos produtos PEPP (Pan-European Personal Pension) impulsionado pela Autoridade Europeia de Seguros e Fundos de Pensões (EIOPA), com o intuito de proporcionar um plano complementar aos sistemas de pensões existentes em cada um dos estados-membros da UE.

Estimular a poupança junto dos portugueses revela-se essencial e quanto mais cedo o alerta for dado melhor, sendo crucial o papel de todos os agentes. As autoridades no que concerne à comunicação, promoção e incentivo, não pondo em causa as finanças públicas, deviam equacionar a revisão e aumento do valor das deduções em IRS dos valores aplicados em PPRs, com vista reforçar a poupança realizada. As empresas com o propósito de melhorar as condições salariais e atrair mais e melhores candidatos para as vagas por preencher nas suas equipas. As famílias na procura de alternativas a fim de evitar remunerar as instituições bancárias por guardarem em depósitos a prazo as poupanças acumuladas. E sobretudo as seguradoras e fundos de pensões que, no mercado atual dispõem de equipas especializadas, competência e provas dadas, pertencendo a eles por último o desafio de se reinventar e apresentarem soluções inovadoras, atrativas e de encontro às necessidades das famílias.

Artigo escrito por Pedro Alexandre, Senior Audit EY, Assurance Financial Services.

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