PSD acusa Pedro Nuno Santos de não saber o que se passa na TAP
"A TAP mentiu ardilosamente na sua declaração e comunicação à CMVM”, disse ainda Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD.
O PSD acusou esta segunda-feira o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, de não saber o que se passa na gestão da TAP e classificou como “revoltante” o caso que envolve a secretária de Estado do Tesouro.
“O ministro Pedro Nuno Santos não sabe o que se passa na TAP, não sabe como é gerida a TAP, não sabe como é gasto o dinheiro dos portugueses: os mais de três mil milhões de euros que foram colocados na TAP. E isto é muito grave”, defendeu o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz, em declarações à agência Lusa.
Pinto Luz considerou “no mínimo revoltante” a polémica que envolve a nova secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, que segundo o Correio da Manhã noticiou na edição de sábado recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.
O dirigente social-democrata classificou como “falso” o comunicado da TAP de fevereiro à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários). “Porque já ouvimos das declarações da senhora secretária de Estado que a indemnização foi de comum acordo e, portanto, a TAP mentiu ardilosamente na sua declaração e comunicação à CMVM”, afirmou, numa referência a um comunicado de fevereiro deste ano enviado pela companhia aérea à CMVM que dizia que Alexandra Reis teria renunciado ao cargo.
Para Miguel Pinto Luz, os esclarecimentos entretanto pedidos pelos ministros das Finanças e das Infraestruturas e Habitação à administração da TAP sobre o caso mostram que “os senhores ministros já não falam com a senhora secretária de Estado”. “Não era preciso pedir qualquer esclarecimento à TAP, bastava falar com a senhora secretária de Estado que esteve lá e presenciou o referido acordo”, defendeu.
Afirmando que a prioridade do ministro das Finanças, Fernando Medina, é “arrecadar cada vez mais dinheiro dos portugueses”, Pinto Luz atirou: “Se um cobra imoralmente, o outro gasta irresponsavelmente [Pedro Nuno Santos], enquanto o primeiro-ministro, e não podemos esquecer o senhor primeiro-ministro, despreocupadamente sorri e assobia constantemente para o lado e sacode a água do capote”.
Para o dirigente social-democrata, “é grave” o Governo ter “uma secretária de Estado no Tesouro que é tida como a executora da redução da massa salarial da TAP em 25%, despediu trabalhadores, reduziu salários, e na hora da sua saída é altamente premiada pelos serviços prestados a Pedro Nuno Santos e ao PS”.
“É com enorme estupefação que o PSD vê toda esta situação a desenrolar-se, o dinheiro dos portugueses a ser esbanjado e o PS constantemente a confundir maioria absoluta com poder absoluto”, criticou. Alexandra Reis, atual secretária de Estado do Tesouro, disse esta segunda que nunca aceitou, e que devolveria “de imediato” caso lhe tivesse sido paga, qualquer quantia que acreditasse não estar no “estrito cumprimento da lei” na sua saída da TAP.
“[Alexandra Reis] Fez parte da administração da TAP privada, depois fez parte da administração da TAP pública, depois foi premiada com a presidência da NAV e agora é secretária de Estado do Tesouro que vai tutelar a privatização da TAP, portanto, foi premiada pelos serviços prestados a Pedro Nuno Santos”, insistiu.
Questionado sobre se o PSD vai acompanhar a ida ao parlamento de governantes sobre o caso, já pedida por alguns partidos, Pinto Luz respondeu que “a seu tempo” o partido tomará a sua posição mas salientou que o PS tem obstaculizado algumas audições.
“Ainda assim, o PSD continuará na linha da frente do combate a este desnorte e a este desgoverno que colocam cada vez mais o país numa rota de empobrecimento e isso só pode ser imputado ao primeiro-ministro, António Costa”, rematou. Alexandra Reis, atual secretária de Estado do Tesouro, disse hoje que nunca aceitou, e que devolveria “de imediato” caso lhe tivesse sido paga, qualquer quantia que acreditasse não estar no “estrito cumprimento da lei” na sua saída da TAP.
Numa declaração escrita enviada à Lusa, Alexandra Reis disse que o acordo de cessação de funções “como administradora das empresas do universo TAP” e a revogação do seu “contrato de trabalho com a TAP S.A., ambas solicitadas pela TAP, bem como a sua comunicação pública, foi acordado entre as equipas jurídicas de ambas as partes, mandatadas para garantirem a adoção das melhores práticas e o estrito cumprimento de todos os preceitos legais”.
Alexandra Reis, que tomou posse como secretária de Estado do Tesouro na última remodelação do Governo, ingressou na TAP em setembro de 2017 e três anos depois foi nomeada administradora da companhia aérea. A agora governante renunciou ao cargo em fevereiro e, em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV).
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