Mercado laboral forte pode manter inflação elevada nos EUA e preocupa Fed
Os dirigentes do banco central norte-americano também se mostram preocupados com o facto de os operadores em Wall Street estarem demasiado otimistas ao esperarem um alívio na subidas dos juros.
Os dirigentes da Reserva Federal (Fed) sugeriram na sua última reunião de política monetária que a continuação de uma situação robusta no mercado de trabalho pode manter a inflação elevada, revelou a ata divulgada na passada quarta-feira.
Esta expectativa, acrescentou-se no texto, é uma razão determinante para esperarem subir a taxa de juro este ano mais do que anteciparam.
Na minuta da reunião de meados de dezembro, os dirigentes da Fed também sublinharam que uma redução das suas subidas de taxas de juro – de uma série de três quartos de ponto percentual para meio ponto – “não é uma indicação de qualquer enfraquecimento” da sua vontade de baixar a inflação para a sua meta de dois por cento.
Nem esta subida inferior às antecedentes assinala “um julgamento de que a inflação está em continuado caminho descendente”. Em vez disso, os riscos de a inflação continuar acima do esperado permanecem, apontaram os dirigentes do banco central.
Esta mensagem reflete preocupação com o facto de os operadores em Wall Street estarem a ser demasiado otimistas, ao esperarem a suspensão das subidas de taxas pela Fed e até mesmo a sua redução no final deste ano, detalhou-se nas minutas. Tal “má compreensão” iria complicar a orientação da Fed para a baixa inflação. Isto ocorreria se os investidores apostassem na subida das ações e na descida das obrigações, o que contrariaria os esforços da Fed para arrefecer a economia.
No seu conjunto, as minutas mostraram que os dirigentes da Fed permanecem determinados em manter as taxas elevadas, para combaterem a inflação, e que pouco os descansou a baixa da taxa de inflação dos 9,1% de junho para 7,1% em novembro.
Durante uma conferência de imprensa depois da reunião do último mês, o presidente da Fed, Jerome Powell, tinha reconhecido que a inflação tinha sido controlada em outubro e novembro, mas sublinhou que seria necessária “substancialmente mais evidências” de a inflação estar a baixar para a Fed fazer uma pausa na sua subida das taxas de juro. “Temos um longo caminho pela frente”, disse Powell no último mês, “para conseguir a estabilidade de preços”.
Economistas alertam que política agressiva vai afundar a economia
Em projeções divulgadas depois da sua reunião a 14 de dezembro, os dirigentes da Fed disseram que esperavam a sua taxa de juro de referência para o intervalo entre 5,00% e 5,25% e mantê-lo até ao final do ano. Este valor é um quarto de ponto percentual acima do que os mercados financeiros esperavam.
Na altura também foi avançada uma projeção de inflação para 2023 acima do que tinha sido feito em setembro, apesar dos sinais de o crescimento de preços ter arrefecido nos últimos meses. A expectativa é agora de 3,1%, acima dos 2,8% antecipados em setembro.
Vários economistas têm alertado que a agressiva política monetária da Fed vai afundar a economia para um estado de recessão este ano. Em dezembro, os dirigentes da Fed previram que a taxa de desemprego iria subir este ano dos atuais 3,7% para 4,6%, valor este que tipicamente coincide com uma recessão.
Mas até agora, o mercado laboral permaneceu resiliente. Na quarta-feira, o governo informou que o número de empregos disponíveis em novembro permaneceu próximo do seu nível elevado do mês anterior, um sinal de que as empresas continuam determinadas em contratar, apesar de 18 meses de inflação elevada e taxas de juro crescentes.
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