Como navegar num mundo de trabalho sem fronteiras? Três princípios essenciais

O trabalho já não é definido por empregos, o local de trabalho já não é um lugar específico, e muitos trabalhadores já não são empregados tradicionais.

Um mundo sem fronteiras. É assim que a Deloitte olha o mercado do trabalho. E isto não é o futuro, é o agora. O trabalho já não é definido por empregos, o local de trabalho já não é um lugar específico, e muitos trabalhadores já não são empregados tradicionais. Criar (e, sobretudo, cocriar) novos modelos de trabalho sustentáveis, acompanhados por elevados resultados, é bem visto e muito desejável. No entanto, apenas 23% das organizações acreditam que os seus líderes têm a capacidade de navegar nesta aldeia global.

“No início da pandemia da Covid-19, todos pensávamos que acabaria em seis meses, era isso que tínhamos de aguentar. Mas, rapidamente percebemos que não se tratava de um trajeto curto, mas sim de um trajeto longo – e que íamos ter de repensar fundamentalmente o significado do trabalho, onde o trabalho é feito e como lideramos o trabalho num ambiente diferente”, afirma Terry Shaw, presidente e CEO da AdventHealth, citado no recente estudo “2023 Global Human Capital Trends”, da Deloitte.

As fronteiras que o mercado de trabalho conhecia até aí começaram a diluir-se, criando novos horizonte. Novas empresas, novos profissionais. “As organizações estão a atravessar uma nova paisagem à medida que perdem as fronteiras tradicionais que mantêm as coisas embaladas e ordenadas. Ganham permissão para experimentar, pilotar e inovar para definir novos fundamentos. Da mesma forma, para os trabalhadores, as regras de envolvimento com as organizações estão a mudar, abrindo portas a uma maior e mais significativa colaboração e cocriação com a organização”, defende a consultora.

Mas, como navegar neste novo mundo sem fronteiras? Como tirar partido da oportunidade e traçar um caminho diferente, abraçando a cocriação, a inovação e a adaptação? E, sobretudo, como fazer tudo isso dando prioridade às pessoas?

É necessária uma nova capacidade de liderança, a todos os níveis da organização, para mobilizar trabalhadores e equipas a alcançarem novos e melhores resultados. No entanto, apenas 23% das organizações inquiridas afirmam que os seus líderes têm a capacidade de navegar na aldeia global. Além disso, menos de 15% das organizações consideram que os seus líderes estão totalmente prontos para liderar de forma inclusiva ou considerar riscos sociais e ambientais mais amplos ao tomarem decisões sobre a força de trabalho. Existem ainda preocupações sobre a conceção e execução do próprio trabalho: apenas 16% das empresas referem que os seus líderes estão totalmente prontos para utilizar a tecnologia de modo a melhorar os resultados do trabalho e o desempenho da equipa, e apenas 18% diz que o seu líder está apto para desenvolver o modelo de trabalho certo para a sua organização.

Perante as oportunidades e os desafios, estes são inputs recolhidos pela Deloitte no estudo sobre as tendências globais em matéria de capital humano em 2023.

1. Enquadre o desafio… Pense como um investigador

Para liderar neste mundo sem fronteiras, as organizações e os profissionais devem ativar, mais do que nunca, a sua curiosidade, questionando e olhando para cada decisão como uma experiência que irá gerar novos conhecimentos. Mais de metade dos inquiridos (59%) espera concentrar-se na re-imaginação nos próximos dois a quatro, um valor que duplica a percentagem apurada da antes da pandemia. Além disso, operar com humildade e empatia é fundamental, segundo a consultora.

“Demos permissão às nossas equipas para experimentar coisas novas, falhar, aprender com elas, e seguir em frente. Temos como resultado uma série de novos empreendimentos e estratégias”, refere Olesea Azevedo, chief people officer da AdventHealth.

2. Trace um novo caminho… Cocrie a relação

Organizações e trabalhadores terão de aprender a navegar juntos, criando novas regras, novos modelos, novos processos e, sobretudo, uma nova relação. “As organizações devem abandonar por completo as antigas ilusões de controlo e reconhecer o papel que desempenham nos ecossistemas vivos e em evolução, à medida que os trabalhadores assumem maior influência e responsabilidade pelos resultados organizacionais e sociais, liderando de mãos dadas com a organização”, sugere a consultora.

As organizações devem abandonar por completo as antigas ilusões de controlo e reconhecer o papel que desempenham nos ecossistemas vivos e em evolução, à medida que os trabalhadores assumem maior influência e responsabilidade pelos resultados organizacionais e sociais, liderando de mãos dadas com a organização.

O inquérito da Deloitte concluir que as organizações com maior envolvimento dos trabalhadores na conceção e implementação da mudança organizacional tiveram mais probabilidades de experimentar resultados positivos. As empresas que disseram cocriar com os seus trabalhadores declararam ter 1,8x mais probabilidade de ter uma força de trabalho altamente empenhada, 2x mais probabilidade de ser inovadora, e 1,6x mais probabilidade do que os seus pares de antecipar e responder eficazmente à mudança.

3. Desenhe para impactar… Dê prioridade aos resultados humanos

As organizações devem criar impacto, não só para os seus negócios, trabalhadores ou acionistas, mas também para a sociedade em geral. Mais de metade das empresas inquiridas aspiram a criar maiores ligações com a sociedade. Essa ligação, seja com temas como o clima, a igualdade ou os direitos humanos, tornou-se fundamental para a organização prosperar neste novo mundo do trabalho.

Mais de 80% das organizações afirmam que a diversidade e inclusão, a sustentabilidade e a confiança são as suas principais áreas de foco. É a era do propósito.

O inquérito “Deloitte 2023 Global Human Capital Trends” contou com a participação de 10.000 gestores empresariais e líderes de RH de todas as indústrias, num total de 105 países. Leia o relatório completo aqui.

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