Espanha regista recorde de gastos com seguros de saúde privados

Os espanhóis gastaram um montante recorde em seguros de saúde privados no ano passado, de acordo com dados divulgados na passada quarta-feira, numa altura em que existe um crescente descontentamento com o sistema de saúde público do país, outrora considerado bastante eficiente.

Os gastos, em 2022, atingiram um total de 11,36 mil milhões de dólares, um aumento de 7% em relação a 2021, segundo a Associação Espanhola de Seguradoras. A entidade assinalou que cerca de 12 milhões de espanhóis – um quarto da população – estão agora cobertos por alguma política de saúde privada.

A agência noticiosa Associated Press (AP) destacou que o número é particularmente notável “porque todos os espanhóis trabalhadores contribuem para os seguros de saúde públicos”.

Os dados das sondagens do instituto de investigação pública do Centro de Estudos Ibéricos (CEI), relativos ao final do ano passado, demonstram que apenas 11% dos espanhóis pensam que o sistema de saúde pública “funciona geralmente bem”.

Os tempos de espera para consultas médicas duplicaram em toda a Espanha desde o início da pandemia. A AP destaca que quase 40% esperaram mais de três meses para ver um especialista.

Em Madrid, os médicos demonstraram o seu descontentamento em diversas greves organizadas nos últimos meses devido aos salários e condições de trabalho. Os sindicatos dos médicos realçam que Madrid gasta o menor montante per capita em cuidados de saúde primários de todas as regiões espanholas, apesar de apresentar o rendimento per capita mais elevado. As organizações declararam que, por cada 2 euros gastos em cuidados de saúde em Madrid, um acaba no setor privado.

A OMS advertiu, no ano passado, que todas as nações europeias “enfrentam, atualmente, graves desafios relacionados com a saúde e a mão-de-obra no setor da saúde”.