Hotelaria e alojamento local sem capacidade para responder à procura na Jornada da Juventude
Já há hotéis esgotados para a semana da Jornada Mundial da Jventude, em agosto. Alojamento local está com ocupação de 30%, mas acredita chegar aos 100% mais perto da data.
A cinco meses da Jornada Mundial da Juventude, que acontece na primeira semana de agosto em Lisboa, já há hotéis completamente esgotados para essa altura. No alojamento local, a taxa de ocupação atual está nos 30%, mas o setor acredita que mais perto da data “vai acabar por esgotar”. É um sinal positivo para o turismo, contudo ambos os segmentos antecipam um “enorme desafio” em responder à procura.
Os hotéis já se estão a preparar para o evento desde março de 2022, quando houve o “primeiro contacto” com a organização, diz ao ECO Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). “Já está tudo muito avançado e os hotéis muito cheios”, diz.
A responsável não consegue adiantar números relativamente às taxas de ocupação, mas nota que a AHP tem informação de que “já há alguns hotéis que estão completamente esgotados para esse período de tempo”. “Muitos estão tomados a 100%, uns integralmente por causa do evento [Jornada] e outros por causa da procura normal” na época de verão, detalha.
Mas, apesar de toda a preparação que já começou a ser feita há quase um ano, o desafio será grande. “Será uma coisa gigantesca” e uma “logística muito complexa”, diz Cristina Siza Vieira. Tanto o concelho de Lisboa como toda a área metropolitana vão ficar “muito perto do máximo de ocupação”.
De acordo com os dados cedidos ao ECO pela AHP, o concelho de Lisboa tem uma capacidade máxima de 257 hotéis, hotéis-apartamentos e pousadas, o equivalente a 24.614 quartos e 47.269 camas. Já a Área Metropolitana conta com 378 unidades, 34.432 quartos e 67.423 camas.
A organização da Jornada espera cerca de um milhão de participantes. “Obviamente, a oferta fica muito aquém da procura. Há uma preocupação com a parte logística”, diz a responsável da AHP.
É “provável” um aumento de preços no alojamento local, “mas nada excecional”
Da parte do alojamento local, que representa uma grande fatia do alojamento turístico nacional, a taxa de ocupação está atualmente nos 30%, mas as previsões apontam para perto dos 100%. “Ainda há muita oferta disponível. Olhando para essa semana, boa parte da oferta ainda está disponível. Estamos nos 30% de ocupação, mas é natural que quando estivermos mais próximos da data acabará por esgotar“, diz ao ECO Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP).
De acordo com dados do Registo Nacional de Turismo (RNT), há cerca de 80 mil camas no concelho de Lisboa, mas essa é a “capacidade teórica”, diz Eduardo Miranda. “É importante não esquecer que as várias fontes apontam que em Lisboa, principalmente, o número de alojamentos locais realmente ativos está 40% abaixo do que está no RNT”, nota.
O presidente da ALEP sublinha que “as últimas indicações davam conta de 10 mil a 12 mil alojamentos locais ativos, o que significa que, na realidade, o número de camas disponíveis é muito inferior”. Nesse sentido, Eduardo Miranda nota que a Jornada será um “enorme desafio”.
“Se há capacidade para receber um milhão de pessoas em alojamento turístico? Não há. Nem no concelho de Lisboa, nem na Área Metropolitana. Juntando isso à primeira semana de agosto, onde já há ocupações de 80% na hotelaria e no alojamento local, é provável que exista algum desafio e se chegue a uma altura em que será difícil. Mas isso será mais perto do evento e vai afetar mais os turistas”, diz.
Assim, existem ainda “milhares de alojamentos disponíveis em Lisboa e arredores, nos mais variados preços”, nota, contrariando as notícias que foram publicadas, que davam conta de aumentos de 600% nos preços do alojamento local. “Há sempre alguém que acha que vai conseguir tirar grande vantagem do evento, mas não se podem pegar em dois ou três casos”, explica.
Eduardo Miranda nota que uma pesquisa rápida pelas principais plataformas de alojamento mostram “milhares de alojamentos que vão dos 60 ou 80 euros aos 200 e tal euros, dos mais simples ao luxo, mas a preços normais para essa altura do verão”. O presidente da AHP acredita, assim, ser “provável” que haja um aumento de preços para essa altura, “mas nada excecional nem fora do que é normal numa época alta de verão”.
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