FMI menos pessimista. Crescimento global revisto para 2,9%

  • ECO e Lusa
  • 31 Janeiro 2023

O Fundo Monetário Internacional atualizou as perspetivas do World Economic Outlook, e está menos pessimista do que em outubro. Crescimento global tem menor abrandamento em 2023.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta as projeções para a economia global em 2023. De acordo com a atualização ao World Economic Outlook, o Produto Interno Bruto (PIB) global vai crescer 2,9% este ano, mais duas décimas do que o projetado em outubro. Vai ser, ainda assim, um abrandamento económico face aos 4,3% registados em 2022, mas voltará a acelerar em 2024.

Num artigo no blogue do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, diretor do departamento de estudos do Fundo, (pode ler aqui na íntegra), divulgado na madrugada desta terça-feira, há dois fatores a pesar na economia global: A resposta ao aumento da inflação e a guerra na Ucrânia. Apesar disso, escreve o Fundo, as perspetivas são menos sombrias e poderá haver mesmo um “turning point“, com uma recuperação económica e menos inflação.

O crescimento económico provou ser resiliente no terceiro “quarter” do último ano, com robustez do mercado de mercado, robustez do consumo privado e do investimento empresarial e uma adaptação, melhor do que o esperado à crise da energia na Europa“, escreveu Pierre-Olivier Gourinchas. Aquele responsável assinala que a inflação está a abrandar na sequência de medidas de política, apesar da inflação core — a que exclui preços de energia e de alimentação — ainda não ter atingido o seu pico em muitos países.

O Fundo aponta também para a reabertura da economia chinesa, fechada por causa da estratégia de Covid-zero. “A repentina abertura da China cria as condições para uma recuperação rápida da atividade“, Por outro lado, as condições financeiras internacionais melhoraram por causa de uma menor pressão da inflação, enquanto a desvalorização do dólar nos últimos meses, desde o seu pico em novembro, permite uma ligeira recuperação nas economias emergentes e em desenvolvimento.

A instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê, assim, que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global, estimado em 3,4% em 2022, caia para 2,9% este ano, antes de subir para 3,1% em 2024. “Não é esperado um crescimento negativo no PIB global ou no PIB global ‘per capita’, o que geralmente acontece quando há uma recessão”, assinala. Contudo, dá nota de que o crescimento global projetado para 2023 e 2024 se fixa abaixo da média anual de 3,8% no período 2000-19.

Riscos e oportunidades

A pesar na atividade económica no ano passado estiveram, aponta, a inflação, a guerra na Ucrânia e o ressurgimento da covid-19 na China, alertando que os dois primeiros fatores irão continuar em 2023. “A previsão de baixo crescimento em 2023 reflete o aumento das taxas dos bancos centrais para combater a inflação – especialmente nas economias avançadas – bem como a guerra na Ucrânia”, explica.

Já o declínio no crescimento em 2023 face a 2022 é influenciado pelas economias avançadas, já que nas emergentes e em desenvolvimento, estima-se que o crescimento tenha atingido o ponto mais baixo em 2022.

Já a recuperação esperada em 2024, em ambos os grupos de economias, reflete a recuperação gradual dos efeitos da crise provocada pela guerra na Ucrânia e a redução da inflação.

Refletindo as dinâmicas do contexto internacional, no que toca ao comércio mundial prevê que deverá cair em 2023 para 2,4%, apesar da redução dos estrangulamentos na oferta, antes de subir para 3,4% em 2024. Para a instituição de Bretton Woods, a balança dos riscos das previsões económicas continua inclinada para o lado descendente, mas os riscos adversos foram moderados desde o relatório de outubro.

Do lado positivo, aponta como plausíveis um impulso mais forte da procura reprimida em várias economias ou uma queda mais rápida da inflação. Do lado negativo, admite que problemas de saúde na China podem atrasar a recuperação, a guerra da Rússia na Ucrânia pode aumentar e as condições de financiamento global mais apertadas podem piorar o problema da dívida.

Os mercados financeiros também podem reagir repentinamente a notícias adversas sobre a inflação, enquanto uma maior fragmentação geopolítica pode prejudicar o progresso económico, acrescenta.

O FMI prevê que o PIB das economias avançadas cresça 1,2% este ano e 1,4% em 2024 e o dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento avance 4% este ano e 4,2% em 2024.

O relatório aponta para um crescimento da economia norte-americana de 1,4% em 2023 e de 1% em 2024 e que a da zona euro avance 0,7% em 2023 e 1,6% em 2024 e a China 5,2% este ano e 4,5% em 2024.

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