Fenprof aberta a acordo de legislatura com faseamentos
Sindicatos não desistem de recuperar o tempo integral de serviço dos professores. Fenprof reconhece "a situação em que o país vive" e diz estar aberta a negociar acordo de legislatura.
O secretário-geral da Fenprof disse que perdeu “a fé” nas negociações com o Ministério da Educação, mas reitera que está disponível para continuar “a discutir e negociar prioridades e faseamentos”. Mário Nogueira reconhece “a situação em que o país vive” e diz-se aberto a negociar acordo de legislatura.
“Já perdi a fé sobre estas questões da negociação com o Ministério há uns tempos. Quando entro para lá não vou crente em coisa nenhuma, quando sair de lá logo direi”, disse o secretário-geral da Fenprof, a estrutura mais representativa do setor da Educação, à entrada da quarta ronda negocial com o Ministério da Educação.
Mário Nogueira adianta que para esta reunião na ordem de trabalhos está a discussão dos “concursos e a formação de professores”, mas vai fazer questão de colocar “em cima da mesa” outras questões, nomadamente relacionadas com os quadros de zona pedagógica (QZP) e a contagem integral do tempo de serviço dos professores. “O Ministério sabe que permitir que aquilo que é dos professores, o tempo de serviço que foi cumprido for contado ainda que seja de forma progressiva e faseada, é outra linha vermelha”, elencou.
“Reconhecemos a situação em que o país vive”, diz o secretário-geral da Fenprof, admitindo que não se possa “resolver de um momento para o outro os problemas todos”. “Por isso, estamos disponíveis para ter um protocolo de legislatura com prioridades e faseamentos. Já o dissemos até, que em relação ao tempo de serviço admitimos, como aconteceu na Madeira e Açores, que possa ir além [ou seja], que se possa passar um ano ou dois legislatura”, admitiu.
Esta quinta-feira, o PSD anunciou que marcou um debate sobre educação para 22 de fevereiro, e vai recomendar ao Governo que inicie um processo negocial com os professores “para que seja recuperado o tempo de serviço em falta”.
Entre as oito recomendações (sem força de lei) que os sociais-democratas fazem ao Governo, pede-se que o executivo inicie “um processo negocial com as organizações representantes dos docentes para que seja recuperado o tempo de serviço em falta” e crie condições “para eliminar as vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, um garrote que não existe noutros escalões”, disse o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, citado pela Lusa.
Já coordenador nacional do Sindicato de Todos os Professores (Stop) diz-se “otimista por natureza”, mas admite que as expectativas são baixas, face à informação prévia enviada por email aos sindicatos. “O Ministério continua a insistir neste erro de não negociar”, afirmou André Pestana, à entrada da reunião.
O Stop elencou três cedências que “podiam acalmar a luta” dos professores, nomeadamente haver “equidade” entre os professores do Continente e os da Madeira e dos Açores, que já recuperaram a totalidade do tempo de serviço congelado; um aumento do número de profissionais não docentes nas escolas, dado que estes estão “subcarregados” e um aumento salarial de, pelo menos, 120 euros para todo o pessoal docente e não docente, de modo a compensar a escalada da inflação.
Questionado pelos jornalistas sobre o impacto financeiro que este aumento salarial poderia ter para os cofres do Estado, André Pestana não avançou com um valor concreto. “Tenho ideia que é uma ínfima parte do que já foi injetado para buracos de banqueiros, uma ínfima parte do que está a ser injetado para as PPP ruinosas e claramente uma ínfima parte do que o Estado arrecadou em receita fiscal extra devido à inflação“, sublinhou.
Já sobre as declarações do Presidente da República, — que avisou que a “simpatia” que os professores têm obtido junto da opinião pública “pode virar-se contra eles” –, o líder do Stop voltou a citar Desmond Tutu, referindo que “neutralidade perante uma injustiça, é escolher o lado do opressor”. Por isso, esperamos que o Presidente da República mude de atitude”, afirmou.
As negociações entre Governo e sindicatos dos professores arrancaram em setembro, sendo que na última reunião o ministro da Educação apresentou um conjunto de medidas, que rondam os 100 milhões de euros e onde se incluem a reconfiguração dos quadros de zona pedagógica de dez para 63, a integração de mais de dez mil docentes nos quadros ainda este ano e o aumento das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira. Esta é a primeira ronda negocial que junta os 12 sindicatos numa mesa única.
(Notícia atualizada às 14h26 com as declarações do líder parlamentar do PSD)
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