Mais 1270 mediadores abandonaram os seguros em 2022

  • ECO Seguros
  • 5 Fevereiro 2023

Desistem mediadores de seguros individuais e continuam a aumentar as empresas. É o mercado a ficar mais profissional. Fusões e aquisições já começaram a acelerar.

O número de mediadores ativos em Portugal no final de 2022 baixou 10,4% em relação a um ano antes. São agora 10.687 e destes 67 são corretores, número que se tem mantido, 3.762 são sociedades (mais 14 que em 2021) e 6.925 são agentes individuais, menos 1.270 (-18%). A tendência negativa segue como na grande quebra dos anos 2020 para 2021, quando a necessidade a partir de realizar cursos de conformação fez baixar o número de agentes individuais em 33%. Estes dados são extraídos da Relatório Estatísticas Anuais da Mediação do ano de 2022, já publicado pela ASF, entidade supervisora dos seguros e Fundos de Pensões.

A profissionalização dos mediadores de seguros é evidente. Hoje 3.947 profissionais (57% do total de individuais) fazem desta a sua principal atividade, em 2010 eram 9.031 (38%), mas a alteração principal é a diminuição de todas as outras profissões que e ocupações que também fazem seguros.

A renovação de idades não tem acontecido como esperado, mas o crescimento de sociedades também pode indiciar a aposta na atividade desde logo de uma forma mais organizada. Os homens predominam e têm mais de 45 anos, as mulheres estão mais situadas no intervalo entre os 36 e 44. Têm vindo a subir os mediadores com formação superior mas o ensino médio predomina entre as habilitações.

A tendência de decréscimo do número de agentes individuais, com a crescente proporção dos que fazem dos seguros a sua principal atividade, bem como o aumento de empresas reforça o sentido da profissionalização. As explicações do movimento estão em:

  • Envelhecimento dos profissionais. David Pereira, presidente da APROSE, associação dos mediadores em Portugal, disse anterioremente a ECOseguros que pensa que este movimento de redução dos mediadores em Portugal ainda não vai parar: “vai estabilizar – adicionando individuais e empresas – nos 8 ou 9 mil operadores no total”, prevê, à medida que os antigos angariadores vão abandonando a atividade;
  • Necessidades de Formação. José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores referiu como fator de redução de agentes a necessidade, desde a publicação da nova lei de distribuição de seguros, de um processo de conformação e a obrigatoriedade de um conjunto de horas de formação anual”. David Pereira afirma mesmo que “não são cursos relacionados com um novo produto de seguro, é mesmo formação fundamental”.
  • Digitalização do relacionamento com seguradores e clientes. Em si é um problema para alguns mediadores mais antigos ou menos desembaraçados em novos tecnologias, numa altura em que as seguradoras colocam cada vez mais ação digital do lado da mediação tal como emissão de documentos, efetuar simulações, gerir sinistros ou gerir cobranças.
  • Dificuldade de transmissão de negócio familiar: outro fator apontado para a diminuição do número de mediadores ativos está na continuidade do negócio para novas gerações que nem sempre valorizam esta carreira.
  • Necessidade de dispor de um seguro de responsabilidade civil. É um dos custos que a nova lei trouxe e a forma mais simples e económica de o conseguir é tornando-se membro da APROSE. Nem todas as seguradoras estão disponíveis para aceitar um risco de RC que pode atingir 2 milhões de euros.

Finalmente, também está a concentração empresarial a contribuir para a diminuição de mediadores no mercado. As grandes corretoras ou medidoras estão a comprar carteiras de seguros de individuais ou a comprar empresas de mediação que depois incorporam ou não nas suas organizações. Este fenómeno tem sido cada vez mais observado no último ano e é esperado que acelere ao longo de 2023.

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