Seguradoras com ação de biliões por aviões retidos na Rússia

  • ECO Seguros
  • 6 Março 2023

Lloyd's, AIG e Chubb enfrentam processos de sociedades de leasing devido às 400 aeronaves retidas ou roubadas pela Rússia. Serão as maiores indemnizações da história da aviação.

A Lloyd’s de Londres vai enfrentar uma gigantesca batalha legal no caso das centenas de aviões que estavam em solo russo no momento da invasão da Ucrânia, informou esta segunda feira o canal de notícias MSN.

Airbus A 319 da Aeroflot. Os 400 aviões Airbus e Boeing retidos na Rússia estão a ceder peças às frotas das companhias russas.

Dezenas de requerentes, incluindo a família real do Dubai, lançaram ações milionárias contra a seguradora britânica e subscritores de riscos da aviação, incluindo as seguradoras AIG e Chubb, naquela que será o maior sinistro de aviação de sempre na história dos seguros.

O caso foi despoletado por 400 jatos ocidentais no valor de 8 mil milhões de libras terem sido apreendidos pelo governo russo após a invasão da Ucrânia em fevereiro passado. Esta ação do Kremlin foi encarada como uma retaliação contra as sanções do Reino Unido e da União Europeia.

O presidente Vladimir Putin expôs sua posição em um discurso público em março passado, quando enfatizou que “as aeronaves arrendadas no exterior não seriam devolvidas aos proprietários estrangeiros”.

O objetivo do Kremlin era mantê-los como uma fonte de peças de reposição para as companhias aéreas russas – como a Aeroflot – que, também elas, já dependem fortemente de aeronaves estrangeiras alugadas.

Os engenheiros russos podem agora canibalizar equipamentos Boeing e Airbus roubados para garantir as peças de reposição que não podem mais comprar no exterior por causa das sanções.
A questão de falta de peças levantou questões de segurança entre os especialistas em aviação e forçou o chefe da Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia a emitir uma declaração insistindo que “não se tornou mais perigoso voar” na Rússia, diz ainda a MSN.

Os advogados da Dubai Aerospace Enterprise, uma leaser de aviões muito afetada pela situação, mas também outros, argumentam que os aviões “serão provavelmente retidos por anos”, pois “não há perspetiva de o conflito na Ucrânia ser resolvido”.

Como o Kremlin está fora do alcance Tribunal Superior de Londres, os proprietários das aeronaves estão a procurar indemnizações das seguradoras por prejuízos de milhões. As seguradoras alegam que não há lugar a indemnizações ​porque os aviões não foram danificados ou perdidos. Argumentam ainda que a apreensão de aeronaves pela Rússia “não é suficientemente permanente” – o que significa que as empresas de leasing ainda podem recuperar os aviões quando a guerra terminar.

No entanto, a Dubai Aerospace Enterprise está a liderar este caso contra as seguradoras, enquanto uma ação paralela também foi apresentada pela gigante irlandesa de leasing AerCap, a maior proprietária de aeronaves do mundo. Uma fonte disse à MSN que estes movimentos podem ainda atrair outras partes interessadas que ainda não agiram.

Citado pelo canal, Ned Beale, advogado do City que se especializou em litígios relacionados à Rússia, diz que “esta é a maior disputa de valor de aviação de todos os tempos e uma das mais politicamente carregadas”. Disse ainda que espera que as seguradoras atrasem um acordo potencialmente caro, acrescentando: “ninguém sabe o que vai acontecer na guerra. As seguradoras esperam um volte face para evitar o pagamento de bilhões”, concluiu.

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