Novobanco não está em processo de venda e olha para a bolsa
O presidente do Novobanco garantiu que não há um processo de venda e que o objetivo da gestão é reforçar o banco, antevendo como "muito viável" uma operação de abertura de capital em bolsa.
O presidente do Novobanco garantiu que não há um processo de venda em curso e que o objetivo da gestão é reforçar o banco, antevendo como “muito viável” uma operação de abertura de capital em bolsa. Em entrevista à Lusa, no dia em que o Novobanco apresentou lucros de 560,8 milhões de euros, Mark Bourke afirmou que o Novobanco “não está em processo de venda” atualmente.
O gestor — que substituiu António Ramalho — citou uma declaração recente do maior acionista, a Lone Star, em que recusou ter iniciado contactos para vender a sua posição, e que não pretende iniciar este ano, isto após notícias em Espanha de que a Lone Star estava a sondar os grandes bancos do país para vender o Novobanco com uma avaliação de cerca de dois mil milhões de euros. “Os jornais espanhóis começaram a falar sobre uma avaliação e conversações. A Lone Star fez então uma declaração a dizer que não havia qualquer processo”, vincou Bourke à Lusa, repetindo a declaração do acionista.
Já quanto a ser o Novobanco o comprador, o gestor irlandês disse que o “mais provável é que venha a comprar atividades ou portfolios” que sejam complementares ao seu negócio – como de pagamentos, gestão de ativos, ‘apps’ – “do que a comprar bancos”. Contudo, admitiu, como é costume no setor financeiro, que olharão sempre para eventuais oportunidades. “Não há muitos bancos. Mas há oportunidades que surgem e olhamos para todas as oportunidades que surgem“, disse.
"Não temos um processo de IPO [sigla em inglês para Oferta Pública Inicial] em curso, mas vemos como uma opção muito viável.”
Para Bourke, a “opção melhor e mais viável” para o Novo Banco passa por avançar para a abertura de capital em bolsa, ainda que essa decisão pertença aos acionistas, pelo que para isso quer fortalecer o banco. “Não temos um processo de IPO [sigla em inglês para Oferta Pública Inicial] em curso, mas vemos como uma opção muito viável“, adiantou.
A conclusão do processo de reestruturação do Novo Banco faz com que se comece cada vez mais a falar de consolidação de bancos em Portugal. Por um lado, era conhecido que a Lone Star ficou com o Novo Banco para o tornar rentável e vender, ganhando aí dinheiro. Por outro lado, no setor também se fala que outros bancos poderão ter acionistas menos fortes e que poderá agora ser a Lone Star a ter iniciativa.
Em final de fevereiro, Miguel Maya voltou a repetir que o BCP mantém-se focado em crescer de forma orgânica, apenas pelo seu negócio, mas que obviamente terão de olhar para o Novo Banco se este for posto à venda.
Em dezembro, em entrevista ao Jornal de Negócios, o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, considerou que uma fusão entre o Novo Banco e o BCP seria benéfica, mas sublinhando que estava apenas a “ser pedagógico em relação ao mercado e à forma como” vê a banca pois qualquer frase do banco central pode “mover o mercado” e esse não é o seu papel.
Do lado da Caixa Geral de Depósitos, o presidente executivo, Paulo Macedo, disse já este mês que o banco público está focado em devolver capital ao Estado, mas também admitiu que possa vir a fazer aquisições, sejam grandes ou pequenas. Já em janeiro, em audição no parlamento, Paulo Macedo tinha dito que, com a CGD reforçada, “não aconteceria um banco estrangeiro comprar o Banif e o Banco Popular por um euro”.
O Novobanco foi criado em agosto de 2014, aquando da resolução do Banco Espírito Santo (BES). De momento, é detido em 75% pelo fundo de investimento norte-americano Lone Star, sendo o restante capital detido pelo Fundo de Resolução bancário (entidade da esfera pública) e diretamente pelo Estado português.
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