Generali sobe lucros e dividendos em ano de ambiente adverso
O grupo italiano superou perdas dos seus investimentos na Rússia, a hiperinflação argentina e a integração da seguradora Cattolica. A associação aos CTT em Portugal é estimulada no relatório anual.
A Generali SpA, grupo segurador que integra integra a Tranquilidade em Portugal, anunciou esta terça-feira os seus resultados de 2022, destacando que obteve o seu melhor resultado operacional de sempre, que manteve o crescimento em volume de prémios e que se encontra numa posição financeira “extremamente sólida”.
Os resultados foram bem recebidos pelo mercado, com um crescimento de 3,6% na sua cotação na Bolsa de Milão. A Generali SpA vale cerca de 30 mil milhões de euros em bolsa e vai aumentar o seu dividendo por ação, cotada a 18,44 euros no fim desta terça-feira, de 1,16 euros, dando um rendimento líquido aos acionistas de 6,2%.
“Continuamos a crescer em Portugal, também através do fortalecimento da capacidade de distribuição da Tranquilidade” afirma o texto conjunto do Chairman Andrea Sironi e do CEO Philippe Donnet, incluído no relatório e contas. A inflação fez Portugal contribuir, com a Turquia e a Argentina pelo mesmo motivo, para uma deterioração do Rácio Combinado da região Americas e Europa do Sul que atingiu 103%. Em volume de prémios a Tranquilidade representa cerca de 1,5% dos negócios globais da Generali.
“Estamos no caminho certo para alcançar as metas e ambições do nosso plano estratégico, entregando um crescimento sustentável para criar valor para todos os nossos stakeholders, mesmo em um contexto geopolítico e económico desafiador”, comentou PhiIippe Donnet, acrescentando que “isso permitiu propor aos nossos acionistas, mais uma vez, um aumento de dividendos, graças ao crescimento contínuo dos lucros e à forte posição de caixa e capital do Grupo”.
São estes os principais dados do ano económico e financeiro de 2022 da Generali SpA:
Os prémios brutos emitidos ascenderam a 81.538 milhões de euros (+1,5% relativamente a 2021), devido ao desempenho positivo do segmento Não Vida, com exceção do Ramo automóvel.
A produção do ramo Vida foi de 8,7 mil milhões de euros (-36,1%). Produtos unit-linked e a linha de Vida Risco registaram entradas líquidas de 8,9 mil milhões e 5 mil milhões de euros, respetivamente. Os produtos poupança registaram saídas líquidas de 5,2 mil milhões.
As provisões técnicas de vida ascenderam a 414,7 mil milhões de euros (-2,3%), refletindo sobretudo a contração do ramo unit-linked, devida à volatilidade dos mercados financeiros.
O resultado operacional cresceu para 6,5 bilhões (+11,2%), devido ao crescimento positivo nos segmentos de Vida, Não Vida e Holding e outros negócios. O resultado operacional do segmento Vida cresceu fortemente, atingindo 3.522 milhões de euros (+25,1%), uma melhoria da rentabilidade técnica. O resultado operacional do segmento Não Vida também aumentou, atingindo 2.696 milhões de euros (+1,7%).
O Rácio Combinado situou-se em 93,2% (+2,4 p.p.), refletindo a evolução da sinistralidade, que também refletiu o impacto da hiperinflação na Argentina (atingiu 94,8% em 2022). Sem Argentina o Rácio Combinado teria sido de 92,6% (90,4% no ano fiscal de 2021).
O resultado operacional do segmento Asset & Wealth Management foi de 972 milhões de euros (-9,6%) enquanto o resultado operacional do grupo Banca Generali foi de 334 milhões (-17,4%), afetado que foi pelo desempenho dos mercados financeiros.
O resultado operacional da Gestão de Ativos foi de 638 milhões (-5,0%), devido à redução dos ativos sob gestão, impulsionada principalmente pelo efeito de mercado.
O resultado operacional do segmento Holding e outros negócios aumentou para 202 milhões de euros (157 milhões no ano fiscal de 2021), suportado pela contribuição do negócio imobiliário. Destaca-se a venda da Torre Libeskind na CityLife em Milão por 67 milhões de euros e a Torre Saint Gobain, em Paris, por 80 milhões.
O resultado não operacional foi de negativo em 1.710 milhões ( -1.306 milhões FY2021) que refletiu, em particular: -511 milhões em imparidades em investimentos classificados como disponíveis para venda (-251 milhões FY2021), incluindo investimentos na Rússia.
Em relação à exposição do Grupo na Rússia, após imparidades no ano fiscal de 2022, a participação de 38,5% na seguradora russa Ingosstrakh teve um impacto negativo nas contas de 83 milhões de euros enquanto os títulos de rendimento fixo detidos diretamente pelo Grupo provocaram uma quebra de 71 milhões nos resultados. No total foram 154 milhões os danos provocados pela Rússia.
O Grupo tem ainda investimentos indiretos russos e ucranianos de 14 milhões de euros (111 milhões no ano fiscal de 2021) e investimentos vinculados a produtos unit-linked de 19 milhões de euros (117 milhões em 2021).
Outras despesas não operacionais líquidas incluíram um valor negativo de 195 milhões de euros por despesas de reestruturação (-387 milhões no ano fiscal de 2021), refletindo os custos extraordinários de 212 milhões relacionados com integração do grupo Cattolica.
O resultado líquido cresceu para 2.912 milhões de euros (+2,3%), principalmente devido ao desempenho positivo do resultado operacional impulsionado pelos segmentos de Vida, Não Vida e Holding e outros negócios. Excluindo o impacto das imparidades russas, o resultado líquido teria sido de 3.066 milhões de euros (+7,7%).
O total de ativos sob gestão do Grupo ficou em 618 mil milhões de euros no fim de 2022 (-12,9%).
O capital próprio do Grupo baixou quase para metade: 16.201 milhões (-44,7%). A variação deveu-se sobretudo à redução das reservas em ativos disponíveis para venda, na sequência da má performance do mercado obrigacionista.
A posição de capital é considerada extremamente sólida pela Generali, com o Índice de Solvabilidade (SCR) de 221% (227% no ano fiscal de 2021).
A geração de capital normalizada foi de 4,1 mil milhões de euros (€ 3,8 bilhões no ano fiscal de 2021).
O dividendo proposto por ação de 1,16 euros (+8,4% que em 2021) o que, segundo o relatório da Generali, “confirma o foco do Grupo no retorno aos acionistas”.
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