Alexandra Reis travou negócio da TAP com empresa do marido da CEO
A ex-administradora diz que nunca falou com a CEO sobre o assunto mas que deu "indicações muito claras" à equipa para que a empresa do marido não fosse contratada.
Alexandra Reis diz que deu “instruções muito claras” para que a empresa onde trabalha o marido da CEO da TAP, a Zamna Technologies, não fosse contratada.
Em resposta ao Iniciativa Liberal, a ex-administradora garante que nunca falou com Christine Ourmières-Widener sobre o assunto mas que deu indicações à sua equipa para que a empresa não fosse contratada. “Nunca falei com a CEO sobre as propostas que essa empresa fez à TAP. Nunca comentei com ela nem ela me fez qualquer comentário ou recomendação. O processo foi iniciado em outubro. Foi feito o esforço comercial normal de uma empresa que tenta vender uma solução a outra. Mantive a minha equipa de sobreaviso e dei instruções muito claras, em dezembro, sobre nenhuma contratação àquela empresa”, revelou.
Ao deputado do PS, Hugo Costa, a ex-administradora explicou que deu as indicações à sua equipa para travar a contratação da Zamna Technologies, – uma empresa britânica que cria sistemas digitais que gerem os dados dos passageiros das transportadoras aéreas e onde o marido da CEO da TAP é diretor comercial – por existir “um potencial conflito de interesses”. Além disso, Alexandra Reis lembra que a aquisição “não estava orçamentada, não estava prevista e não correspondia sequer a uma necessidade que a TAP tivesse identificado”.
Ainda em resposta ao deputado Bernardo Blanco, do Iniciativa Liberal, Alexandra Reis – que se fez acompanhar por um advogado à audição parlamentar de inquérito – revela que também se opôs à mudança da sede “vintage” da TAP frisando que tinha “imensas reservas”. Isto porque, a TAP “paga zero pelo edifício onde está, mudar ia exigir pagar uma renda nas novas instalações e um custo extra de redesenhar essas instalações. Era uma mudança que entendia como penalizadora para os trabalhadores, para além de representar um ónus adicional para a empresa que ia ser privatizada”. Revela ainda que tentou encontrar alternativas, tendo proposto opções com valores mais baixos do que a do edifício Báltico, onde estavam os CTT, mas nenhuma solução foi acolhida. A ex-administradora disse ainda que a mudança da sede não estava prevista no plano de reestruturação.
Sobre a troca de carros conta que, enquanto esteve à frente do departamento de compras, nunca lançou concurso para uma nova frota, mas sim para os onze veículos usados da Peugeot, estendendo o leasing do resto da frota. “Era uma medida de contenção que foi tomada m 2021 logo a seguir as “medidas duríssimas de corte salarial”. Alexandra Reis diz ainda que só soube do concurso dos BMW já depois de ter saído da empresa.
Outro dos pontos de divergência na gestão na companhia passou pela contratação de diretores. Em resposta à deputada Mariana Mortágua, a ex-administradora explica que depois de um período “muito duro” na empresa com cortes salariais e com despedimentos a ex-administradora diz que era seu “entendimento que era muito importante que a companhia tivesse estabilidade e que garantisse estabilidade aos colaboradores”. Nessa altura, havia por preencher “três ou quatro posições” e que pouco depois “já não eram só três ou quatro” posições o que gerou “alguma preocupação”, frisou Alexandra Reis que garante que tentou que as contratações externas “fossem minimizadas”.
No entanto, Alexandra Reis revela que a companhia acabou por contratar “alguns diretores para algumas áreas” que vieram do estrangeiro, como do Reino Unido, de França ou da América do Sul e que acabaram por ficar “mais caros”. Sendo que “algumas dessas pessoas eram transparentes e não escondiam ter proximidade com a CEO”, neste caso, a ex-administradora diz serem franceses.
A ex-administradora da TAP, Alexandra Reis, uma das protagonistas da polémica indemnização de 500 mil euros fala pessoalmente, esta quarta-feira, pela primeira vez sobre o assunto, durante a audição da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP.
Alexandra Reis foi chamada pela comissão de inquérito na qualidade de ex-administradora da TAP, ex-presidente do Conselho de Administração da NAV Portugal – Navegação Aérea, para onde transitou poucos meses depois de ter saído da companhia aérea, e como ex-secretária de Estado do Tesouro.
O Governo pediu ainda a restituição de grande parte do valor da indemnização (450.110,26 euros), que Alexandra Reis disse devolver “por vontade própria”, apesar de discordar do parecer da Inspeção Geral de Finanças.
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