Zurich e Allianz apostam nos Danos Próprios para crescer no seguro automóvel

Maior eficácia para evitar fraudes e ofertas oportunas fazem os segurados automóvel subscreverem coberturas para além da responsabilidade civil. Veja seguros que pode fazer para além do obrigatório.

A Zurich destacou-se, no ano passado, no ramo automóvel, ao conseguir prémios de Danos Próprios em valor quase igual ao da receita da responsabilidade civil obrigatória. Sendo coberturas opcionais, nem todos os veículos segurados – segundo a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) eram 8,3 milhões no final de 2021-, dispunham de proteção para além daquela a que os seus utilizadores eram obrigados.

José Francisco Neves da Allianz e Verónica Neves da Zurich explicam como estão a aumentar a cobertura de danos próprios em Portugal.

Verónica Neves, responsável pelo Ramo Automóvel da Zurich em Portugal, dá como exemplo estimulante “a recente construção de pacotes de coberturas de danos próprios mais simples e competitivos, que surge em resposta às tempestades e inundações que aconteceram no final do ano passado e início deste ano, nas zonas de Lisboa e Porto”, afirma.

“Como muitos automóveis não estavam cobertos por seguros de tempestades e inundações”, prossegue Verónica Neves, “nós adequámos as nossas coberturas de danos próprios para que os clientes estejam ainda mais protegidos. Esta adequação também foi muito importante na conjuntura económica que atravessamos e que está a obrigar o cliente a fazer escolhas e a ter maior rigor na gestão do orçamento familiar”, conclui.

Também a Allianz tem seguido o caminho de incrementar as vendas, oferecendo coberturas adicionais aos detentores de coberturas de responsabilidade civil obrigatória. José Francisco Neves, membro da comissão executiva da seguradora alemã em Portugal, afirma que a aposta em danos próprios “resultou de uma melhor gestão dos dados que nos permitiu um pricing mais correto e uma melhor gestão da fraude, permitindo uma forma de os clientes passarem a interagir connosco com novas ferramentas que facilitam a avaliação do risco, muitas vezes de forma digital”.

As 16 seguradoras que exploraram o ramo automóvel em 2012 obtiveram 59% das suas receitas da responsabilidade civil obrigatória, 37% de danos próprios e outros facultativos e 4% pela cobertura de passageiros transportados. Esta extensão de seguro exige alguma atenção. Por norma, o condutor tem uma cobertura de baixo valor e, como são os condutores as vítimas mais habituais em acidentes automóveis por circularem sozinhos, podem defrontar-se com limite baixo em caso de danos corporais.

A parte das receitas de danos próprios mais significativas são, pela dimensão da carteira, a da Zurich e da Allianz. Também a UNA obteve, no ano passado, uma parcela dentro das suas receitas, mas em menor dimensão absoluta.

Se as receitas do ano passado – de valor total de 1,96 mil milhões de euros em prémios – foram 59% de seguro de responsabilidade civil obrigatório, o mesmo representou 66% dos custos com sinistros. Danos Próprios recolheu 37% das receitas e 33% dos sinistros. Pessoas Transportadas teve receitas de cerca de 80 milhões de euros e os sinistros apenas gastaram 5 milhões. Uma taxa de sinistralidade de 0,4% que se traduz em 75 milhões de euros de lucro técnico. Para as companhias, o caminho de aumentar as coberturas também é o certo.

A cobertura mais corrente no ramo automóvel é, obviamente, a responsabilidade civil, seguro obrigatório que, desde 1 de junho de 2022, está fixado num valor de 7,75 milhões de euros, dos quais 6,45 milhões para danos corporais e 1,3 milhões para danos materiais, por cada acidente.

Depois, existem coberturas facultativas, normalmente extensivas ao aumento do valor de cobertura da responsabilidade civil. A assistência em viagem, para em caso de acidente ou avaria do carro, garantir o transporte do condutor até ao final da sua viagem, bem como o reboque do carro avariado ou que teve um acidente. Ainda é corrente a Proteção jurídica para, em caso de um processo judicial em virtude de um acidente, cobrir as despesas com advogados e custos com tribunais. A Privação de uso, outra cobertura facultativa, pode garantir que o dono do carro receba uma compensação da seguradora durante o período em que não tem disponível o automóvel devido a um acidente, ou que lhe seja atribuído um veículo de substituição, da mesma tipologia do veículo segurado, durante o período de reparação.

Quanto a Danos Próprios, que – ao contrário do que se diz – pode não cobrir contra todos os riscos, exige atenção aos segurados saber o que realmente está ou não está coberto. É uma designação genérica de opções para cobrir danos no carro segurado, mesmo quando a responsabilidade seja do seu utilizador ou do segurado. A opção aumenta o preço do prémio, mas pode compensar largamente, nos tempos que correm, em que qualquer reparação automóvel atinge valores muito elevados.

Rogério Campos Henriques, presidente da Fidelidade, a maior seguradora portuguesa também no ramo automóvel, adiantou a ideia – durante a 3ª Conferência ECOseguros – que, ao contrário do que se possa pensar, os seguros de danos próprios são mais úteis aos clientes com menores recursos financeiros, porque a perda total de um automóvel, por culpa própria, tem um enorme significado económico, maior do que para um cliente com maiores disponibilidades, caso frequente neste tipo de seguros.

Os casos opcionalmente cobertos são danos da viatura em caso de choque, colisão ou capotamento, quebra de vidros, danos provocados por incêndio, raio ou explosão, furto ou roubo da viatura, fenómenos da natureza, como os causados por chuvas intensas, desabamento de terras ou outros e, finalmente, a proteção contra atos de vandalismo.

Vários fatores que influem em todas as coberturas. Desde o valor de mercado do carro, ao histórico anterior de acidentes. Uma boa história beneficia, assim como a localização habitual do veículo e a franquia, no caso dos danos próprios. Ainda o fracionamento, ao longo da anuidade, pode encarecer o prémio final.

As coberturas opcionais podem ser desagregadas. A estratégia, em tempos de crise, é propor mais segurança aos clientes. Com finanças familiares apertadas a última notícia que se quer ter é um automóvel destruído.

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