BRANDS' ECOSEGUROS Mercado de seguros, o que está na agenda?

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  • 26 Abril 2023

Poucos setores, como o Segurador, estarão tão expostos à economia e a sociedade no seu todo - basta pensarmos em todos os fenómenos importantes que se passam no mundo e praticamente todos têm reflexo.

Se quisermos saber o que se passa no mundo podemos abrir os Relatórios & Contas dos grandes grupos Seguradores e vice-versa (a única diferença é que sabermos o que se passa no mundo não nos diz se as Seguradoras estão ou não a ter lucro – dá-nos boas pistas, mas não certezas porque falta a variável preço). Estamos em época de apresentação de resultados anuais e o que vemos nos grandes grupos económicos?

Começando pelos números grandes, crescimento de carteiras, evolução dos índices de preços e lucros, as coisas parecem estar dentro do esperado. Se pensarmos que 2022 não foi um ano benigno, nem em perdas catastróficas nem nos mercados financeiros com a guerra e a inflação (que desvalorizou obrigações que são uma parte muito significativa das carteiras de investimentos), isso só por si são excelentes notícias.

Se o ano foi turbulento e os resultados correram bem e as provisões estão em níveis adequados, significa que as subidas de preços e provisões dos últimos anos foram adequadas às estimativas, necessariamente cautelosas, de fenómenos com grande impacto nas contas de exploração dos grandes grupos, dos quais teremos sempre de destacar as alterações climáticas. O furacão Ian deixou um rasto de destruição no Atlântico e em particular na Florida e prejuízos de mais de $100 biliões.

Depois de alguns aumentos de capital em tempos de Covid, os balanços estão agora mais robustos vendo-se até aumentos de dividendos ou alguns programas de recompra de ações próprias, tudo sinais de que o setor está mais resiliente. Tentando generalizar, exercício só possível se ignorarmos evoluções demasiado anormais nos fenómenos mais imprevisíveis, as Seguradoras irão no curto prazo gerir a evolução de preços em linha com a inflação porque do ponto de vista estrutural os preços parecem adequados.

A concorrência poderá levar a algumas quedas pontuais, mas ainda estão muito quentes na memória de todos os Seguradores os níveis de preço recentes que eram insustentáveis pelo que, apesar da memória ser frequentemente curta, é improvável que se assistam a loucuras num espaço de tempo curto. Deixo a ressalva de que estes resultados bons não são comuns a todos os grandes grupos, mas sim uma generalização razoável do que é representativo do mercado.

Outro tema na agenda é o compromisso com a descarbonização. Os grupos privados terão sempre de estar na vanguarda da resolução dos maiores problemas do mundo, quando assim não for serão sempre más notícias para a sociedade. Há uma pressão grande da opinião pública que neste caso ajuda a ter reflexos positivos na consciência ambiental das organizações e é bom ver que estão a ser dados passos firmes.

Gonçalo Baptista, diretor-geral Innovarisk

A meta de emissões zero em 2050 é ambiciosa e as indefinições futuras tendem a estar do lado poluidor pelo que convém ser pessimista nas estimativas – urge por isso carregar já a fundo no pedal do acelerador de todas estas iniciativas ou será inevitavelmente tarde demais. As iniciativas são por isso muitas e significativas das quais destaco algumas:

  • redução direta de emissões na atividade das Seguradoras;
  • alocação de mais capital para a subscrição nas áreas que ajudam à descarbonização, desde energias renováveis as muitas outras áreas da sustentabilidade;
  • trabalho junto de grandes Segurados para incentivar metas conjuntas de redução de emissões através de incentivos a melhores condições nas apólices e trabalhos de consultoria;
  • transferência de ativos financeiros da carteira de investimentos para projetos sustentáveis como emissões de obrigações verdes ou mesmo investimento em projetos de reflorestação, renováveis, entre outros.

Também na agenda da consciência social, vamos vendo algum esforço em programas de igualdade de género, aqui a face mais visível é a colocação de mais mulheres em cargos de direção, diminuindo assim o gap existente. Algumas organizações já vão estando mais perto dos 50% neste rácio e é um caminho que se vai percorrendo na correção de desigualdades. Para atingir esta meta, há também o cuidado de colocar mais mulheres nos programas de desenvolvimento de talento para que a corrida aos cargos diretivos não esteja viciada à partida.

O outro assunto inevitável na agenda não é novo e é a digitalização. É um esforço contínuo, não de 2022 ou de outro ano qualquer e tem vários benefícios inegáveis que continuarão a merecer a atenção das Seguradoras: desde projetos de redução de custos, à melhoria da experiência do cliente com acesso a procedimentos mais fáceis e acessíveis ou ainda enquanto facilitadora da subscrição de novas áreas. Seja na medicina, na agricultura, no clima ou noutra área qualquer, a tecnologia fornece-nos hoje muitos dados que nos permite colocar um preço em seguros que, de outra forma, seriam um completo tiro no escuro, criando assim condições para maior tomada de riscos nestas áreas e noutras. Toda a gente sabe que brincar aos tiros no escuro é perigoso.

Gonçalo Baptista, diretor-geral Innovarisk

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