“Como podemos ser egoístas perante os emigrantes dos outros”, questiona Marcelo
Presidente da República defende que, graças à democracia, "o povo pode continuar a escolher o 25 de Abril que quer". Marcelo assume responsabilidade pelo "bom e o mau" da colonização.
O Presidente da República chamou a atenção para a forma como Portugal trata os imigrantes. No discurso que encerrou a sessão solene do 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o país tem de “assumir o pior e o melhor” do período da colonização e falou mesmo em “responsabilidade para o futuro”. Sobre a revolução, o chefe de Estado lembrou que “o povo pode continuar a escolher o 25 de Abril que quer”.
“Como podemos nós, pátria de emigração, que temos de ser mais solidários com os dramas dos nossos emigrantes, ser egoístas perante os dramas dos imigrantes, que são dos outros?”, questionou o Presidente da República durante o discurso no Parlamento, arrancando aplausos de praticamente todos os partidos.
Ao longo da intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a vinda do Presidente do Brasil a Portugal por altura do 25 de Abril. O Presidente português lembrou que o Brasil foi o primeiro país a tornar-se independente do então império lusitano e partiu daí para o assumir das responsabilidades de Portugal nessa época.
“Assumimos plenamente a responsabilidade do que fizemos. Não é apenas pedir desculpa, devida, sem dúvida, pelo que fizemos. Pedir desculpa é o mais fácil, porque vira-se as costas e está cumprida a função. É o assumir da responsabilidade para o futuro do bom e do mau que fizemos no passado”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa.
No caso do Brasil, o bom foi “a língua, a cultura, a unidade do território brasileiro”. De mau, “a exploração dos povos originários, a escravatura, o sacrifício do interesse do Brasil e dos brasileiros e a arrogância do seu quase desconhecimento, deslumbrados que andávamos com outras paragens mais orientais e outras riquezas”.
Voltando ao 25 de Abril, o Presidente da República procurou responder aos saudosistas e aos desiludidos com a revolução lembrando a possibilidade do voto em eleições. Para Marcelo, o povo tem a possibilidade de “continuar a escolher o 25 de Abril que quer, mesmo que saiba que é imperfeito, durará pouco tempo e ficará aquém das expetativas“. Concluiu o Presidente: “o 25 de Abril nasceu para criar a ambição, a insatisfação, o não acomodamento, a exigência crescente, incessante e imparável de mais e melhor sempre”.
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