Do mercado de trabalho ao salário mínimo, como evoluiu a economia desde o 25 de Abril

Quase cinco décadas depois, há mais mulheres no mercado de trabalho e menos agricultores. O salário mínimo aumentou, mas a taxa de poupança reduziu-se.

Celebra-se esta terça-feira o 49º aniversário do 25 de Abril, momento que marcou o início da democracia em Portugal. Muito mudou desde aí, quer seja no mercado de trabalho, que tem agora mais mulheres; na economia, com um PIB per capita no dobro; ou nos rendimentos dos portugueses, com um salário mais elevado, mas uma menor taxa de poupança.

Olhando para o comportamento da economia, o PIB per capita a preços constantes era de 9.483,3 euros em 1974, tendo evoluído para 18.949,5 euros em 2021, segundo os dados agregados pela Pordata, pelo que este indicador duplicou nestas cinco décadas.

O período que atualmente se vive também em Portugal é marcado por uma elevada inflação, com a taxa a fixar-se em 7,4% no mês de março. No entanto, os valores não se comparam com os dos anos 1970, em que atingiu dois dígitos. Em 1974, a subida do índice de preços no consumidor foi de 26%.

Esta inflação atingia assim os salários, sendo de notar a evolução do salário mínimo, cujo valor cresceu em cerca de 157 euros. Era de 3.300 escudos em 1974 (16 euros), tendo sido instituído logo em maio desse ano, o que corresponde a um valor real de 603 euros, a preços constantes de 2022, descontada a inflação, de acordo com os cálculos da Pordata. Abrangia 1,5 milhões de trabalhadores industriais. Atualmente, fixa-se nos 760 euros.

Apesar do salário mais elevado, as estatísticas mostram, por outro lado, que a taxa de poupança diminuiu. Era de 26,2% em 1975, tendo recuado para 9,7% em 2021, segundo os dados mais recentes agregados pela Pordata.

A moeda utilizada pelos portugueses é outra mudança óbvia. Portugal entrou na União Europeia em 1986 e adotou o euro em 1999, tendo a moeda única europeia entrado em circulação em 2002. O 25 de Abril trouxe também a nacionalização do Banco de Portugal, a quem foi atribuído o estatuto de banco central, tendo no ano a seguir assumido a missão de supervisão bancária.

O cenário no mercado de trabalho é também bastante diferente face a 1974. A população empregada evoluiu de 3,694 milhões de pessoas para 4,908 milhões em 2022. Com uma presença mais forte das mulheres, que até ao 25 de Abril não podiam exercer algumas profissões, como magistrada ou diplomata. A proporção de mulheres no mercado de trabalho aumentou de 39% para 50%, representando assim metade da força de trabalho.

Mas a mudança não se fica pela participação feminina. A própria composição do mercado de trabalho mudou. Em 1974, mais de um terço dos portugueses trabalhava no setor primário, que diz respeito à agricultura e pecuária. Fatia que passou para apenas 3% nos dias de hoje. A grande passagem foi para o setor dos serviços, que há meio século agregava 31% dos trabalhadores e era a área com menor proporção; e atualmente junta 73% dos trabalhadores, isto é, quase três em cada quatro trabalhadores.

Já o setor secundário, que corresponde à indústria, viu reduzida a sua expressão no mercado de trabalho, ainda que a um ritmo de degradação menor face à agricultura: a proporção de trabalhadores nas fábricas passou de 34% em 1974 para 25% em 2022. Concentra, ainda assim, um quarto dos trabalhadores em Portugal.

Finalmente, a força de trabalho é também mais escolarizada: a taxa de analfabetismo evoluiu de cerca de um quarto da população em 1970, segundo os Censos, para 3,1% em 2021, os dados mais recentes usados para esta análise.

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