Há nove finalistas para o novo aeroporto. Lista inclui Pegões, Rio Frio e Poceirão
A Comissão Técnica Independente vai avaliar nove opções para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa. Além das cinco propostas pelo Governo serão estudadas mais quatro.
As opções finalistas para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, que vão ser avaliadas pela Comissão Técnica Independente (CTI), são, além das cinco definidas na resolução do Conselho de Ministros, Humberto Delgado com Campo de Tiro de Alcochete, Pegões, Humberto Delgado com Pegões e Rio Frio com Poceirão.
O anúncio foi feito esta quinta-feira por Rosário Partidário, coordenadora-geral da Comissão Técnica Responsável pela Avaliação Ambiental Estratégica. As quatro opções referidas juntam-se às cinco aprovadas em Conselho de Ministros em outubro: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Santarém e Santarém sozinho. Ao todo são sete localizações e nove opções estratégicas.
Rosário Macário, coordenadora da área de Planeamento Aeroportuário, esclareceu que as nove opções serão estudadas numa perspetiva de longo prazo, para uma operação a 50 anos, mas algumas serão também analisadas numa perspetiva de transição.
A “corrida” à futura localização do aeroporto começou com cinco opções avançadas pelo Governo. A CTI acrescentou no final de janeiro o aeroporto de Beja e Portela+Alverca, depois de os projetos lhe terem sido apresentados. A 8 de abril foi adicionada a Base Aérea de Monte Real e, por iniciativa da comissão técnica, Alcochete+Portela.
No início desta semana foram acrescentadas mais oito opções para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, na sequência da consulta aberta aos cidadãos no início de março: Ota, Rio Frio ou Poceirão, que já foram consideradas no passado, e ainda Apostiça, Évora, Sintra, Tancos e Pegões.
Rosário Partidário anunciou que foram adotados 10 critérios de viabilidade técnico-científicos para a seleção final das opções e que serão usadas na fase final de avaliação. São eles:
- A proximidade (distância ao centro de Lisboa) tendo em conta a média europeia de 22 kms
- Infraestrutura rodo e ferroviária existente ou planeada (sim/não)
- A aérea de expansão (mínimo 1000 hectares)
- Capacidade de movimentos/hora
- Conflitos com o espaço aéreo militar (sim / não / resolúvel)
- Riscos naturais (inundáveis / Sísmicos) (maior / menor)
- População afetada (ruído), com base numa estimativa numero de residentes nos coner de aproximação
- Áreas naturais e corredores migratórios (avifauna) (hectares de Zonas de Proteção Especial)
- Importância estratégica para a Força Aérea (sim/não)
- Existência de Estudo de Impacto Ambiental e Declaração de Impacto Ambiental (Sim/Não)
“São os critérios que neste momento fazem sentido, tendo em conta os estudos realizados e as discussões que tivemos. São os 10 principais critérios“, explicou a coordenadora da CTI. “Os três iniciais foram considerados imbatíveis e tinham de ser obrigatoriamente cumpridos”, realçou.
Antes de revelar as 9 opções finalistas, a coordenadora-geral referiu as desvantagens e vantagens de várias localizações. Humberto Delgado em conjunto com o Campo de Tiro de Alcochete e Montijo com Humberto Delgado foram apontados como soluções duais de transição, com um deles a desaparecer com o arranque do outro, embora não tenham de assumir necessariamente esse papel.
Esta questão foi objeto de questões da audiência. Um dos intervenientes foi Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, que sublinhou a importância de ter uma solução de transição, salientando que o Turismo tem sido uma tábua de salvação do país e que sem uma alternativa “vamos estar mais 10 anos sem crescer”.
“Nós acrescentámos esta fase de curto prazo e de transição para tentar resolver o problema premente. Como exatamente, é o que vamos estudar agora. Não consigo ter uma resposta objetiva. Ainda não temos a decisão se é dual ou se é único. Ainda nem isso está fechado. Estamos só no início”, respondeu Rosário Partidário.
Sobre as outras localizações, a coordenadora-geral da CTI lembrou que Rio Frio já foi estudado anteriormente e foi rejeitada por razões ambientais e que tem conflitos com a atividade da Força Aérea no Campo de Tiro de Alcochete, eventualmente resolúvel.
Já o Poceirão não tem área de expansão e também apresenta conflitos com o Campo de Tiro de Alcochete. Rosário Partidário sublinhou, no entanto, tratar-se de uma “área logística potencial” e que dista até 10 minutos do Poceirão. A coordenadora referiu a possibilidade de combinar o Poceirão com Rio Frio, numa solução mista, aproveitando a classificação como área logística.
“Pegões, aparentemente tem capacidade para ir até 4 pistas, mas está numa fase muito elementar de estudos. Tem conflito com área militar, mas que parece ser resolúvel“, referiu a responsável. A área de implementação fica, na realidade, no conselho de Vendas Novas.
As restantes localizações não previstas na resolução do Conselho de Ministros foram “chumbadas”. Beja, Monte Real e Tancos “não cumprem critério de proximidade”, além de terem restrições devido à utilização pela Força Aérea. Sintra é limitada em termos de movimentos e área de expansão e tem um conflito de espaço aéreo com o Humberto Delgado.
“Alverca + Portela é opção muito criativa, pela qual nos sentimos muito sensibilizados pela inspiração e a solução de acessibilidades que apresenta, que seria bom que fosse desenvolvida para serviço desta área urbana”, elogiou Rosário Partidário. No entanto tem condições operacionais muito difíceis, não tem área de expansão mínima, tem conflitos de espaço aéreo com o Humberto Delgado, tem riscos de inundação e sísmicos e afeta o maior número de população das várias opções consideradas. Além de afetar uma área de Zona Especial Protegida.
A Apostiça tem conflitos militares com paióis da NATO, não tem ferrovia e tem conflito de espaço aéreo. Já Évora não cumpre critério de proximidade e não tem área de expansão. “A Ota, uma opção histórica já muito estudada, é a ideal do ponto de vista das acessibilidades, mas é a única vantagem. Não tem área de expansão e os estudos demonstram dificuldades em termos de segurança aérea”, descreveu Rosário Partidário.
Os promotores do aeroporto do Magellan 500 já reagiram à seleção final de opções estratégicas, congratulando-se “com a decisão da Comissão Técnica Independente de acolher para análise final o projeto de construção de um aeroporto internacional na região de Santarém“. O projeto é desenvolvido por promotores privados, entre os quais o Grupo Barraqueiro e o grupo de fundadores liderado por Carlos Brazão, antigo diretor-geral da Cisco em Portugal.
(notícia atualizada às 19h45 com reação da Magellan 500)
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