Históricos da AEP batem com a porta após “desconvite” do presidente
José António Barros e Mário Pais de Sousa afastam-se da principal associação patronal do Norte, depois de Luís Miguel Ribeiro ter retirado convites para integrarem as listas. Eleições a 29 de maio.
José António Barros e Mário Pais de Sousa, dois históricos dirigentes da Associação Empresarial de Portugal (AEP), decidiram bater com a porta em rutura com o atual presidente, Luís Miguel Ribeiro, que há poucos dias decidiu retirar os convites que tinha formulado aos dois empresários para o novo ciclo diretivo na mais representativa associação patronal do Norte do país.
Como o ECO noticiou esta semana, Luís Miguel Ribeiro, que pretende candidatar-se a um novo mandato como presidente do conselho de administração (CA), avançou com convites a Mário Pais de Sousa (CEO da Cabelte) para se manter na vice-presidência e também a José António Barros, que comandou a AEP entre 2008 e 2014 e que é agora presidente da Assembleia Geral, para assumir o novo cargo de presidente do Conselho Geral (CG).
A poucas horas da reunião do CA, agendada para esta quinta-feira, Mário Pais de Sousa, que está há quase uma década no cargo, confirmou ao ECO que nessa nova reunião “[assistiu] pessoalmente a Luís Miguel Ribeiro a ‘desconvidar’ o Sr. Eng. José António Barros de presidente do Conselho Geral e a [convidá-lo] para presidente do Conselho Consultivo”. “O Sr. Eng. José Barros excluiu-se da lista e eu próprio me exclui, para poder ter a honra de sair da AEP de braço dado com [ele]”, salienta.
O Sr. Eng. José Barros excluiu-se da lista e eu próprio me exclui, para poder ter a honra de sair da AEP de braço dado com [ele].
No caso de José António Barros, que sucedeu a Ludgero Marques na presidência da AEP e que liderou o plano de reestruturação financeira que salvou a instituição da falência – aprovado pelos credores em 2013 quando acumulava um passivo a rondar os 100 milhões de euros –, “seria o seu primeiro e último mandato nesta nova função [e] com esse mandato se despediria da AEP”, sublinha Mário Pais de Sousa.
Na sequência de um processo de revisão dos estatutos, concluído já este ano, os mandatos dos órgãos dirigentes foram alargados de três para quatro anos, sendo fixado um máximo de dois mandatos para todos os membros. Além disso, o presidente da AEP deixa de ocupar em simultâneo a liderança do CA e do CG, passando este último a funcionar como um órgão de supervisão, à imagem do que sucede nas grandes empresas.
Entretanto, no meio desta agitação relacionada com a constituição das listas para o novo mandato até 2026, as eleições que chegaram a estar previstas para dia 17 de abril acabaram por não se realizar. Com o argumento de que havia uma irregularidade na convocatória emitida por José António Barros, Luís Miguel Ribeiro pediu a anulação desse ato, o que obrigou à marcação de uma nova data para a assembleia eleitoral: 29 de maio.
Para o momento em que estavam previstas [as eleições], havia já, naturalmente, um conjunto de convites e um plano de ação já trabalhado – que serão agora revistos em função da nova convocatória. (…) É um processo que está em reconstrução, que pode manter-se ou ter ajustes.
Ouvido pelo ECO há duas semanas, Luís Miguel Ribeiro referiu que tem estado “a conversar com um conjunto de pessoas — quer com as que fazem parte atualmente, quer com outras –, naquilo que é a dinâmica normal num processo de constituição de listas”. Mas recusou falar em retirada de convites, argumentando que “o que houve foi o convite feito a um conjunto de pessoas, para os diferentes órgãos, para uma convocatória que existia”.
“Agora existirá uma nova convocatória para o ato eleitoral e, naturalmente, tudo o que estava – [a composição dos] órgãos e o plano de ação – será tudo ou reconfirmado ou revisto ou ajustado em função daquilo que vier a ficar agora definido”, contrapôs o gestor de 52 anos, que liderou antes a Associação Empresarial de Amarante e foi fundador e presidente do CETS – Conselho Empresarial do Tâmega e Sousa (2012-2016).
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